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Viola resgata a música caipira de raiz

O instrumento é fundamental para a música sertaneja.

Viola é o caminho por onde as novas gerações chegam ao ritmo.

A viola caipira, instrumento um pouco menor do que o violão, com dez cordas, é essencial para a música sertaneja. Embora o violão e a sanfona sejam importantes no gênero, não tem como falar de música caipira sem os acordes romanceados da viola.

A viola tem sido o caminho por onde as novas gerações estão chegando na música sertaneja. O mercado do instrumento está aquecido e ganha um novo tipo de usuário: gente cada vez mais jovem está explorando novos sons desse instrumento, que chegou ao Brasil com os portugueses na época do descobrimento.

Rodrigo e Anderson têm menos de 30 anos e já gravaram vários CDs. A versatilidade para tocar viola os levou a abrir dois campos diferentes de trabalho na música. Os dois tem formação universitária: Rodrigo na área de computação e Anderson estudou viola caipira. Quando eles estão com violão e viola nos braços, formam uma dupla caipira. Quando trocam o violão e ficam com duas violas, eles fazem um duo de música instrumental muito sofisticada.

O Duo Catrumano existe há quatro anos e se apresenta em vários estados do país com repertório sofisticado. “O Duo Catrumano é um trabalho voltado pra música instrumental, seja ela da viola caipira, mas com refinamento de harmonia ou com passeio pela música em geral. A gente toca, por exemplo, um fado”, explica Anderson.

O nome catrumano é referência a um mau costume do norte de Minas Gerais, onde chamavam violeiro de quadrúmano, quer dizer, de quatro mãos, igual macaco. Além de uma desforra, no caso deste duo, o nome leva também a ideia de que são quatro mãos nas cordas.

Com tanta intimidade com a viola, ainda faltava alguma coisa para a dupla e, no ano passado, eles resolveram entrar para o concorrido mercado da música sertaneja popular. Surgiu assim a dupla Anderson e Rodrigo. “Logo depois dos ensaios que a gente fazia de música instrumental, a gente se reunia pra ficar tocando modão, Tão Carreiro, Goiano. É um momento de alegria, momento de festa e a dupla acabou surgindo dessa necessidade nossa de extrapolar essa felicidade, essa alegria, um caminho natural que a gente tomou por gosto mesmo”, conta Rodrigo.

Em Campinas, interior de São Paulo, uma sala abriga ensaios de instrumentistas da viola caipira. Com cerca de 20 músicos, a Orquestra Filarmônica de Viola de Campinas se apresenta nos maiores teatros do país. Essa moda de criar orquestra de viola está pegando em muitas cidades médias e grandes do Centro-Sul.

Nas cidades onde elas existem, as orquestras de viola resgatam, de um jeito elaborado, a sonoridade da música caipira de raiz. Em São Paulo, porém, um estúdio de ensaio e gravação de música tem um jeito diferente de tocar viola: em uma banda de rock caipira.

“O berço do rock é a música rural americana. Por que a gente não pode fazer o nosso rock com a música rural? Então, a gente pega a influência de Tião Carreiro, que eu acho que tem toda essa veia de rock, pega coisa de Vieira e Vieirinha e coloca nessa atmosfera. Acho que pra gente, isso é mais rock do que o próprio rock”, explica Ricardo Vignini, violeiro da banda Matuto Moderno.

Ricardo explica o que a viola tem de especial: “Essa viola é maciça, como uma guitarra elétrica tradicional, só que ela é afinada como uma viola caipira. Ela tem dez cordas, afinadas numa afinação tradicional de viola, que a gente chama de cebolão. Só que se eu abrir o volume, dá pra fazer bastante barulho com ela, mas ela tem alma de viola”.

Os Matutos Modernos não estão sozinhos nessa linha de juntar som de fora com música caipira. “Dá certo demais porque tem a batida da viola no meio desse rock todo”, afirma Edson Fontes, voz e viola da banda.

 

Por: José Hamilton Ribeiro

Fonte: Globo Rural

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