Uso sustentável da água na agricultura

A água é um recurso natural necessário a todos os seres vivos – animais, vegetais e humanos. No que diz respeito à agricultura, o desenvolvimento das plantas sem disponibilidade hídrica torna-se comprometido. De acordo com a Associação Brasileira de Direito Agrário (ABDA), dados estatísticos demonstram que a quantidade de água necessária para o uso agrícola varia, aproximadamente, entre 1000 e 3000 m3 por tonelada de grãos colhidos. E, segundo uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, do inglês Food and Agriculture Organization (FAO), revela que dos 93 países avaliados, 18 deles praticam a agricultura irrigada em mais de 40% da área de cultivo. Outros 18 países irrigam cerca de 20 a 40% dessa área.

Contudo, um dos principais desafios dos últimos tempos é o uso sustentável da água. Os recursos hídricos devem ser usados, portanto, conforme a sua disponibilidade, mensurada através do cálculo do balanço hídrico das bacias hidrográficas, realizado para uma escala temporal de, no mínimo, um ano. “É preciso saber o quanto é demandado de água para as diferentes captações na bacia e o quanto é reposto pela chuva, ou, quando se trata de uma sub-bacia, reposto por outras contribuições superficiais e/ou subterrâneas dos diferentes corpos hídricos”, explica o engenheiro agrônomo e pesquisador em Hidrobiogeoquímica de Bacias, da Embrapa Meio Ambiente, Ricardo Figueiredo. Assim, a irrigação consiste em uma maneira sustentável de se aumentar a produção por meio do uso eficiente em quantidade necessária, a fim de se reduzir desperdícios.

Para efetivar o manejo racional da água, o produtor rural deve dispor de práticas conservacionistas que aumentem a infiltração de água, minimizem a erosão e melhorem o uso e manutenção dos sistemas de irrigação. Também é preciso realizar o reflorestamento econômico e/ ou ambiental, a implantação de fossas sépticas e saneamento nas propriedades rurais, bem como realizar a limpeza de nascentes assoreadas, além de evitar a contaminação do solo e da água por produtos de espécie agroquímica ou orgânica.

Para o engenheiro agrônomo e gerente de uso sustentável de água no solo, da Agência Nacional de Águas (ANA), Devanir dos Santos, três medidas são essenciais para que o agricultor possa fazer uso desse recurso hídrico de forma adequada: primeiramente, por meio da irrigação, que evitará perdas; em seguida, utilizando-se pacote tecnológico envolvendo culturas, manejo e adequação e, por fim, com o manejo da determinação do solo, identificando a quantidade de água necessária. O uso racional consiste em ter um sistema adequado para a distribuição da água para a cultura. Não é preciso modificar o sistema. Basta adequá-lo, mudando-se peças que o compõem.

Além disso, para se evitar desperdícios, algumas medidas são essenciais, tais como: plantio em curva de nível; plantio direto na palha; terraceamento; barriguinhas; rotação e consorciação de culturas; prevenção contra queimadas; irrigação mínima (preconizada pela agricultura de precisão); uso reduzido de produtos agroquímicos; uso correto de insumos orgânicos, além da manutenção da vegetação ripária e de topo de morro. Entretanto, para se obter sucesso é necessário consultar técnicos especialistas em agricultura ou meio ambiente para que possa ser feita a análise adequada.

De acordo com o especialista Ricardo Figueiredo, com a crescente necessidade de água para as atividades humanas e a crescente pressão das sociedades sobre os ecossistemas aquáticos e terrestres, o desperdício de tal recurso hídrico acarretará em transtornos para o equilíbrio ambiental necessário para que as pessoas tenham melhor qualidade de vida. Para ele, o produtor pode planejar o uso correto da água na agricultura buscando informações sobre aspectos técnicos-científicos relacionados a esse fim e desarmando-se de conceitos de que conservação ambiental e produção não podem ser realizadas simultaneamente em uma propriedade rural.

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