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Sul do Brasil é o novo destino da pecuária brasileira

Rebanho de corte mantém uma estabilidade, mas continua crescendo em produtividade nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Um estudo realizado pela Embrapa Gestão Territorial (SP), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, nos últimos dez anos, a pecuária de corte e a de leite está se movimentando em direção à região Sul do País. De acordo com o engenheiro agrônomo Rafael Mingoti, coordenador do trabalho, esta migração demonstra que a pecuária não se desloca mais em função da fronteira agrícola do Norte brasileiro. “A produção de bovinos tem se direcionado ao mercado consumidor concentrado nas regiões Sul e Sudeste do País, tendência que se verificou até nas últimas análises, feitas com dados coletados pelo IBGE em 2014”, afirma Mingoti.
Segundo o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) José Milton Dallari, essa transição observada pelos pesquisadores é relativa. “Em minha visão, essa mudança é fruto, principalmente, da intensificação das ações de fiscalização na fronteira agrícola na região Norte, desestimulando a abertura de novas áreas para a bovinocultura, do que efetivamente a migração do rebanho para o Sul e o Sudeste do País”, analisa.
Para o diretor da SNA, o rebanho de corte mantém uma estabilidade, mas continua crescendo em produtividade nas regiões Sul, Sudeste e principalmente no Centro-Oeste (MS e MT). “Na realidade, houve uma estabilidade do rebanho de corte na Região Amazônica, que continua crescendo, porém de maneira mais lenta do que vinha ocorrendo nos últimos anos”, observa.
Em relação ao gado leiteiro, Dallari acredita que houve realmente um incremento de produtividade nas regiões Sul e Sudeste, impulsionado pelo investimento em genética e no melhor tratamento do gado através da inclusão de farelo de soja e outros produtos na alimentação, o que resulta no aumento da produtividade dos rebanhos. “No Brasil, a tendência é, efetivamente, dar continuidade a esse tipo de ação, melhorando cada vez mais a produtividade do rebanho de corte como de leite em todas as regiões do país”, observa.
Para o diretor técnico do IEG/FNP, José Vicente Ferraz, a compreensão desse fenômeno de migração tem, como palavra-chave, a direção. “O centro de massa está agora se dirigindo na direção sul, porque seguramente existe um crescimento muito grande dos rebanhos do Centro-Oeste e mesmo de partes da macrorregião geográfica do Brasil Norte, e que estão mais ao Sul desta região, o que desloca o centro de massa na direção sul”, explica.
Na opinião de Ferraz, no entanto, não se trata de uma mudança muito significativa, porque, se essa migração continuasse a caminhar na direção Norte, atingiria regiões totalmente inadequadas hand para a produção da bovinocultura, a exemplo das áreas específicas da floresta amazônica. “Enquanto isto, a intensificação da atividade na própria região Centro-Oeste e Sudeste tende, naturalmente, a deslocar o centro de massa para o Sul”, justifica.
No entendimento dele, essa alteração de direção não implica em grande mudança em relação à dinâmica anterior. “Os vetores básicos continuam os mesmos, ou seja, terras aptas para a exploração pecuária com valor relativo mais barato, condições logísticas mínimas, etc.”, pontua.
O responsável pela Regional Sul da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), José Pedro Crespo, acredita que a possível tendência de migração dos rebanhos de corte para o Sul do Brasil pode trazer alguns benefícios relacionados à valorização e à comercialização da carne para o Rio Grande do Sul.
Segundo ele, no estado, os pesos médios menores de carcaça (240 kg), comparados ao Brasil Central (270 kg), resultam na penalização do preço dos dianteiros com ossos do estado no mercado de São Paulo. “Com a tendência de mudança da pecuária para o Sul do país e, principalmente, considerando a recente abertura no mercado norte-americano para a carne bovina in natura, há a possibilidade de uma melhor lucratividade na venda dos cortes destinados à indústria como, por exemplo, o dianteiro e os recortes de desossa”, prevê.
Crespo lembra que, na desossa para os Estados Unidos, o mesmo produto poderá ser vendido sem penalização, pois o valor está relacionado ao teor de gordura (%) da carne desossada e não ao peso da peça.

 

Editor RuralSoft

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