Sorgo, um cultivo com possibilidades

No VII Congresso de AAPRESID, um grupo de especialistas composto de pelos engenheiros H. Agüero, H. Fontanetto, N. Milatich, J. Mettifogo, O. Signorile, A. Chessa e a doutora L. Giorda, expôs  suas apreciações técnicas ante um auditório interessado em conhecer o comportamento da cultura em um plantio com semeadura direta.

A respeito das características do mercado, hoje se apresenta uma oportunidade para o sorgo, já que as condições de preços algo mais favoráveis para os cereais do que para oleaginosos , implicam em uma chance para incrementar a proporção de gramíneas nas rotações, de maneira a acumular maior quantidade de matéria orgânica nos solos. Neste  aspecto, o sorgo oferece algumas vantagens, já que obter cobertura com os cereais de inverno não é fácil. O sorgo é uma excelente opção por sua maior eficiência para gerar matéria seca por cada milímetro de água recebida, porém a diferença no solo está marcada pela sua parte aérea, e também por suas raízes que fornecem grande quantidade de material vegetal que aumenta notavelmente a capacidade de retenção hídrica do solo e melhora sua estrutura.

Na província de Santa Fé, em região próxima a Rosário, é empregado na rotação para melhorar as condições do cultivo da soja e em áreas cobertas com restolho de sorgo semeado no cedo e com 17,5 cm entre linhas, como melhorador de solos;  fornece excelente umidade para a semeadura pelo seu efeito de cobertura.

Aplicações  de  herbicidas    

Como a atrazina sobre os restolhos tem uma velocidade de incorporação muito diferente em relação as aplicações sobre solos nus ou lavrados, para que sua ação tenha resultados excelentes, é importante aplicá-la com muita antecipação, afim de dar-lhe a oportunidade de incorporar-se ao solo com uma chuva antes da semeadura. Além do que, com tratamentos antecipados, os problemas com fitotoxicidade  são eliminados. As ervas daninhas podem aparecer durante os primeiros trinta dias após a semeadura, e a partir daí, deixam de ser um problema já que o sorgo cobre o solo e domina a situação.

O objetivo deve ser, então, chegar com o solo limpo até a semeadura, para o qual existem várias alternativas de acordo com o cultivo anterior. Se o girassol ou a soja são colhidos em abril ou maio, pode-se aplicar uma dose completa de atrazina (4 a 5 l/ha ) junto com glifosato ou Dicamba, Banvel, Tordon , 2,4D, conforme as ervas daninhas identificadas, logo em outubro, e em pré-plantio, aplica-se glifosato. Se a colheita anterior é feita em fevereiro ou março ( girassóis precoces ou sojas de ciclo curto), imediatamente depois se aplica meia dose de atrazina, para o controle de ervas daninhas de inverno, como cevadilha, aveia fatua, rebrote de trigo, e para outubro, após uma chuva, aplica-se outra meia dose e é feita a semeadura. A terceira alternativa se dá quando se sale de un verdeo, por exemplo em meados da primavera, e temos que pulverizar com uma dose completa de  atrazina, e se espera a chuva que incorpore o produto para semear. Esta opção é válida quando se sai do trigo e se pode fazer uma segunda safrinha de sorgo, com materiais de ciclos muito curtos, para o qual se aplica glifosato após a colheita e uma atrazina em pós emergência com a finalidade de evitar o crescimento do rebrote de trigo, em seguida as chuvas incorporam o produto. Assim mesmo, cabe ressaltar que as ervas daninhas que foram difíceis em outras épocas, já não são problemas com os novos produtos disponíveis para combatê-las , também utilizados em milho.

Espaçamento

Diminuir as distância entre linhas, resulta em numerosos benefícios. Em primeiro lugar, reduz o número de ramos, que ante stress hídrico, são os primeiros a morrer.  Com sorgos menos perfilhadores e ciclos mais curtos com densidades maiores, se obterão melhores rendimentos. Assim mesmo contribui para o controle de ervas daninhas por  sombreamento e melhora a distribuição de restolho por serem os talos mais finos. Neste aspecto é útil lembrar a conveniência  de não triturar os restos de colheita a fim de evitar que os talos terminem em um canto da lavoura luego de una chuva  e para renegar menos com a semeadora.

Não obstante, existem dois inconvenientes: por um lado, talos mais finos, são mais débeis e portanto  mais propensos a quebra por ventos produzido pelas fortes tormentas, por outra parte, se os talos estão infectados com Diatraea saccaralis, protege o inseto e dificulta seu controle.

Sorgo  branco

O sorgo branco oferece uma excelente alternativa para novos mercados, já que com ele se elaboram farinhas que importantes firmas fabricantes de bolachas e guloseimas aprovaram para a elaboração de seus produtos, e como conseqüência disto, solicitaram quotas em quantidades mais que interessantes ( por exemplo, 450 t de farinha ao mês). Existem moinhos na zona central de Córdoba e em General Pico, La Pampa, que começam a trabalhar com sorgo branco.

Poder-se-ia empregar farinhas de grão de sorgo branco sem tanino, misturado com outras de trigo, até 10% para a obtenção de pão branco e até 25% para elaboração de bolachas. Assim mesmo, pode-se utilizar a sêmola de sorgo como aditivo para a elaboração de cerveja.

O maior inconveniente para o sorgo branco, é o ambiente úmido e quente durante a maturação e colheita, já que se trata de condições predisponentes para o desenvolvimento de fungos que deterioram os grãos (weathering). Este tipo de sorgo é mais susceptível  que os marrons com alto conteúdo de taninos condensados.                                                            

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