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Soja: Largada mato-grossense

A partir desta segunda-feira (15) os produtores mato-grossenses podem dar início a nova safra brasileira de soja, o ciclo 2014/15, com o fim do período proibitivo, o chamado ‘Vazio Sanitário’, que vigorou por 90 dias no Estado. Neste ano, o fator clima é apenas uma das grandes preocupações nesse início de semeadura, já que uma pequena porção da produção estimada está comercializada como forma de garantir uma rentabilidade média e a cada dia, a pressão da boa safra norte-americana só faz derrubar ainda mais os preços. Semana passada, por exemplo, a saca teve cotação abaixo de US$ 10/bushel cifras que para a realidade estadual levam à inviabilidade do cultivo.

Em um cenário que aponta para a maior dificuldade dos últimos seis anos, o sojicultor mato-grossense torce por reações: do clima, dos preços internacionais, das demandas interna e externa, bem como do dólar, que inserido em um panorama de cotações pressionadas para baixo, poderá ser o divisor de águas entre o bom e mau negócio para 2015. O ‘item’ câmbio é apenas mais um fator de grande influencia sobre o resultado da safra que o produtor não tem como controlar. Caso não haja reações, a rentabilidade da safra 2014/15 será a pior dos últimos anos e poderá deixar seqüelas profundas na economia estadual, já que o segmento é um grande gerador de emprego e renda.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), não é novidade para o mercado da soja a forte desvalorização que ela vem sofrendo no mercado externo e as projeções futuras também não são nada boas para a análise de curto prazo. “No entanto, há outra variável que não pode ser deixada de lado: o dólar. Apesar da sua desvalorização sobre o real em agosto, a projeção do Banco do Brasil é de que o câmbio encerre o ano a R$ 2,35/US$ e para 2015 se eleve para R$ 2,50/US$. Se isso se consolidar, poderá gerar algumas oscilações positivas sobre o mercado brasileiro”.

Uma pesquisa do Imea aponta que, se forem considerados dois cenários para a cotação atual da Bolsa de Chicago (CBOT) – onde são formados os preços da soja e do milho, por exemplo, – para contratos com vencimento em março de 2015 (os mais comuns para Mato Grosso) há bastante diferença sob um câmbio a R$ 2,30 e outro a R$ 2,50. “O impacto poderia ser de quase R$ 2 bilhões sobre a receita com a soja de Mato Grosso da safra 14/15 que falta ser comercializada”. Menos de 12% de uma estimativa de mais de 27 milhões de toneladas estão vendidas no mercado futuro, no Estado, até o momento.

Mantendo a cotação média dos últimos dias úteis de agosto, em US$ 10,61/bushel – padrão de medida norte-americano que equivale a pouco mais de 27 quilos – mas alterando o câmbio, o saldo das vendas varia bastante, quanto mais a taxa subir, melhor será o preço da saca em reais. Com a moeda valendo R$ 2,10, a saca vai a R$ 49,11. Considerando todo o volume a comercializar de soja no Estado, a renda estimada chegaria R$ 20,83 bilhões. Com o câmbio a R$ 2,20, a saca subiria a R$ 51,45 e a renda total estimada iria a R$ 21,83 bilhões. Já com o dólar a R$ 2,30, a saca sobe para R$ 53,78 e o total da produção a ser vendida repercutiria em R$ 22,82 bilhões. Com o dólar a R$ 2,40, a saca valeria R$ 56,12 e renda poderia atingir receita de R$ 23,81 bilhões. Já no teto da previsão para o dólar, a R$ 2,50, a saca subiria para 58,46 e a renda total do que resta a comercializar, mais de 80% da produção, poderia superar R$ 24,80 bilhões.

ESTIMATIVAS – Conforme projeção realizada pelo próprio Imea, Mato Grosso deve bater seu próprio recorde consecutivo e plantar sua maior área destinada à soja, 8,8 milhões de hectares e colher sua maior safra, 27,68 milhões de toneladas.

 

Por: Marianna Peres

Fonte: Diário de Cuiabá

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