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Soja: Agrometrika destaca cenários de rentabilidade e liquidez para safra 16/17

Nas últimas semanas, os preços internos de soja têm apresentado volatilidade relativamente alta, devido tanto ao preço em Chicago, quanto ao câmbio. Com os problemas relativos à produção de óleo de palma na Ásia, o início de safra conturbado na Argentina e a decisão do FED de aumentar a taxa de juros norte-americana, o preço futuro da soja no mercado interno atingiu um patamar que se mostrou interessante aos produtores rurais, o que pôde ser observado pelo destravamento na comercialização antecipada nas últimas 4 semanas.
Porém, os preços já recuaram nessa última semana, em função da melhora do clima na Argentina e queda do dólar. As vendas antecipadas e pré-fixação de preços atingiram a marca de 35% no Brasil em dezembro, abaixo dos 50% verificados no mesmo período do ano passado. Ou seja, cerca de 65% da soja ainda está com preços em aberto.
Mesmo com a produção recorde nos EUA, os preços em Chicago se mantiveram acima dos US$ 10,00/bu, sustentados principalmente pela forte demanda chinesa. O país asiático importou, nesse ano, 30% mais soja dos EUA em comparação com o último ano safra. Do ponto de vista de preços, essa antecipação na demanda é prejudicial à própria China, porque mantém as cotações elevadas em um momento em que, naturalmente, deveriam estar mais pressionadas.
Ainda é cedo para se falar em safra cheia na América do Sul, pois ainda corremos o risco de estiagem no enchimento de grãos e excesso de chuva na colheita. Contudo, se tivermos uma safra grande, os preços deverão convergir para níveis mais baixos. Esse fato, aliado a um menor apetite da China (devido à sua antecipação de demanda), poderão levar os preços para níveis inferiores aos US$ 10,00/bu.
Levando-se em conta essa possibilidade, simulamos, nas tabelas abaixo, a rentabilidade do produtor rural em diferentes cenários de preço para a soja em Chicago e o câmbio. As tabelas consideram um produtor com tamanho compatível na região de atuação, de nível tecnológico médio e com 30% de arrendamento.
A região Norte de Mato Grosso é a região com os preços de soja mais baixos do Brasil, devido à logística deficiente e à grande distância dos portos de escoamento. Os baixos preços, contudo, são compensados por um risco produtivo reduzido, fruto do clima bastante estável da região.
Observa-se, na Tabela 1, que mesmo num cenário de queda de preço em Chicago e queda do dólar, o produtor ainda conseguirá uma rentabilidade positiva sobre o custo. Vale salientar que as cores indicam a situação de liquidez do produtor para cada nível de rentabilidade estimada. No cálculo da liquidez são considerados itens como: saldo de safras passadas, parcela de dívidas de investimento e despesas pessoais do produtor rural. Células em vermelho representam liquidez abaixo de 1, amarelo entre 1 e 1,1 e verde acima de 1,1. A mesma escala é adotada nas demais tabelas.

Já o Sudoeste de Goiás sofreu com uma severa quebra na safrinha de milho em 2016. Entretanto, meses antes, os produtores haviam colhido uma safra cheia de soja, o que limitou os efeitos negativos da quebra no milho sobre a saúde financeira do agricultor. Para essa safra, considerando uma produtividade normal, as estimativas, tanto de rentabilidade, quanto de liquidez são boas, conforme dados da Tabela 2.

A região Oeste da Bahia sofreu em 2016 com o quarto ano seguido de frustração de safra. Traz um pouco de conforto para essa safra o fato de que anos de La Niña costumam ser bons em termos de chuva para essa região. Entretanto, mesmo com uma boa rentabilidade projetada para a soja na safra 2016/17, os passivos trazidos das últimas safras ainda mantêm a liquidez do produtor rural em situação preocupante para a maior parte dos cenários observados na Tabela 3.

O Norte do Paraná é uma das melhores regiões em termos de preços de grãos e qualidade do solo. A combinação desses dois fatores proporciona aos produtores uma elevada rentabilidade, como observado na Tabela 4. As quebras na safra de soja e milho safrinha em 2015/16 foram compensadas pelo elevado preço das duas commodities, sobretudo do milho, que atingiu níveis históricos em 2016.
Considerando a estimativa de rentabilidade para essa safra, os produtores que sofreram mais com as intempéries climáticas em 2016 têm plena capacidade de se recuperar caso a safra atual seja favorável.

A região Noroeste do Rio Grande do Sul, assim como o Norte do Paraná, possui preços de grãos bem atrativos ao produtor rural, o que faz com que a rentabilidade da atividade também seja elevada. No entanto, como os produtores são menores, as suas despesas pessoais têm grande impacto sobre o fluxo de caixa (liquidez). Os recentes problemas com o trigo, seja na questão da produtividade (2014 e 2015) ou do preço (2016), também impactaram negativamente na liquidez do produtor. Cabe lembrar que, ao contrário do Oeste da Bahia, o Rio Grande do Sul historicamente apresenta precipitações abaixo da média nos anos de La Niña, o que demanda maior atenção em relação à produtividade para essa safra. Mas, até o momento, a safra segue sem maiores problemas.

Considerações Finais
As regiões que apresentam maiores riscos de rentabilidade em função de cenário de mercado adverso são: Norte do Mato Grosso, em função dos menores preços recebidos pelos produtores e Oeste da Bahia, devido às quebras de safras recorrentes nos últimos anos. Nesse sentido, é importante estar atento à qualidade do recebimento de crédito nessas regiões, especialmente em um eventual contexto de adversidade de mercado, caracterizado por queda de preço da soja e valorização do Real.
O Rio Grande do Sul também exige atenção, já que, mesmo com os melhores preços recebidos pelos agricultores, a sua menor escala e a necessidade de sustento da família, exigem uma necessidade maior de desembolso ao longo da safra. Segundo os cenários estabelecidos, as regiões que apresentam menor risco são o norte do Paraná e o sudoeste de Goiás.
Além disso, o aumento da inadimplência de crédito rural, segundo reportado por dados do Banco Central, indica que a capacidade do pagamento do produtor rural está com uma situação inferior em relação aos demais anos. O gráfico abaixo demonstra o crescimento constante da taxa de inadimplência no segundo semestre de 2016, atingindo o maior valor da série histórica em setembro/16, na faixa de 2,3%. Destaca-se que não estão sendo levados em consideração o volume de atraso, em renegociação e nem o crédito comercial, contratado fora da esfera bancária.

Editor RuralSoft

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