Sistema Plantio Direto: Uma alternativa para os produtores de grãos de Sergipe

No entanto, as seguidas passadas de arados e grades provocam intensiva desestruturação do horizonte superficial, que combinado com a compactação subsuperficial diminui intensivamente a capacidade de infiltração de água no solo, deixando-o extremamente vulnerável ao processo de erosão hídrica e a altas temperaturas. Além disso, esse sistema de cultivo provoca acentuada baixa no teor da matéria orgânica e vida microbiana do solo, com conseqüente perda da fertilidade e queda na produtividade das lavouras.
Preocupados com a situação da elevada degradação e buscando uma alternativa para conservação dos solos agrícolas, na década de 1970, os produtores da região sul do Brasil iniciaram a utilização do Sistema Plantio Direto (SPD), que é uma prática conservacionista, onde o fertilizante e as sementes são depositados nas linhas de plantio com mínima movimentação do solo sem o seu prévio preparo. Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha – FEBRAPDP, entre safra verão/safrinha/inverno de 2003/2004, cerca de 22 milhões de hectares foram cultivados no Brasil utilizando o SPD, sendo que, a maioria das áreas se concentram no Sul e Cerrados do país. A principal característica desse sistema é a manutenção da cobertura do solo com restos vegetais, o que evita o impacto direto das gotas da chuva, as elevadas variações de temperatura e as altas taxas de evaporação da água do solo. Após alguns anos de implantação do SPD, observa-se a elevação nos níveis do teor de matéria orgânica e na atividade macro e microbiológica do solo, o que mantêm sua fertilidade e produtividade. Por isso o SPD pode ser considerado o sistema que mais se aproxima do conceito de agricultura sustentável ao longo do tempo.
Considerando essas características, a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem difundindo a técnica do SPD em palestras, cursos e dias de campo em Sergipe, desde 2002. Em dia de campo sobre a cultura do milho realizado na região de Simão Dias em 2003, realizamos os primeiros contatos com o produtor rural Ney Pires Ferreira Júnior que se interessou pelo SPD. Após darmos algumas orientações na Embrapa, o produtor investiu na tecnologia adquirindo uma semeadora-adubadora e kits para transformação da mesma em semeadora de plantio direto. Em 2004, Ney implantou na fazenda Senhor do Bonfim situada no município de Pedra Mole – SE, 5 ha de lavoura de milho em SPD. Após a observação das características operacionais e bons aspectos vegetativos da lavoura (figura), o produtor concedeu espaço para a realização de dia de campo, onde participaram vários técnicos da Emdagro e produtores de milho daquela região. Demonstrando satisfação com a técnica, Ney declarou que dentro de 2 anos espera ter toda a sua área destinada a produção de grãos (65 ha) implantada com o SPD. Conforme declaração de técnicos do órgão estadual de extensão rural – Emdagro e do produtor Manoel Andrade, da Fazenda Aroeira localizada em Simão Dias -SE, durante dia de campo realizado em setembro de 2004, vários produtores têm visitado a área demonstrativa na fazenda Senhor do Bonfim, e já estão buscando informações de como adquirir kits para suas máquinas, na intenção de conversão do sistema convencional para o sistema plantio direto, confirmando que essa técnica é uma boa alternativa para os produtores de grãos de Sergipe.

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