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Sem recursos, produtor tem esforço reconhecido

A criatividade dos produtores mineiros é reconhecida para além das montanhas do estado, como mostra o concurso Inventor Rural, realizado anualmente durante a Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural (Agrifam), organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp). Na edição do ano passado, participaram seis inventores de Minas, que levaram 11 criações para ser expostas e avaliadas no estande, que, de acordo com Braz Albertini, presidente da Fetaesp, é o mais visitado todos os anos.

Para Albertini, apesar da existência de linhas de financiamento que facilitaram a compra de equipamentos, a aquisição continua sendo onerosa nas pequenas propriedades. “É difícil arrancar dinheiro da terra. Os inventos, então, surgem como alternativa para facilitar a atividade rural, principalmente, quando produzidos de forma rústica e barata.”

Os participantes do concurso mostram suas criações a um público estimado em 35 mil visitantes. Em 2011, o primeiro e o terceiro lugares na categoria agricultor ficaram com dois irmãos de Limeira D”Oeste, no Triângulo Mineiro. Eterno Dozinete de Souza, de 55 anos, foi premiado pela invenção de um carregador de bateria com compressor, enquanto Romário Matias de Souza, de 50, ficou em terceiro com um ralador elétrico de milho e mandioca.

Eterno conta que, como sua propriedade não era servida de energia, ficava difícil encher os pneus dos tratores ou carregar a bateria das máquinas. “A gente mora longe da cidade – cerca de 40 quilômetros  –, então dava trabalho e despesa ir até lá só para carregar a bateria. Com materiais que consegui em oficinas e ferro-velho, montei o carregador, com um motorzinho que funciona a gasolina. Investi R$ 200 e deu certo.” Em 2008, o produtor já havia conquistado o 2º lugar do Criatividade Rural, da Emater-MG, apresentando uma bicicleta adaptada, que ajuda a retirar água de um poço a 20 metros de profundidade.

Romário procurava uma solução mais prática de ralar mandioca para fazer polvilho, um trabalho manual extremamente desgastante. “Com motor de geladeira usada, correia e madeira, coisas que tinha no sítio, fiz o ralador elétrico. Com ele, passei a ralar cerca de 100 kg de mandioca em duas horas, um trabalho que antes levava todo o dia. Há quem acha que eu deveria vender esse ralador, mas não tenho planos por enquanto. Precisaria aperfeiçoá-la muito.”

De acordo com o presidente da Fetaesp, os inventores rurais que participam da Agrifam costumam ser bastante abordados por empresas interessadas em comprar ou fazer parcerias para comercializar as criações. “É uma forma de projeção. Além disso, serve para que os agricultores, que geralmente não têm recursos para visitar propriedades em que projetos interessantes foram desenvolvidos, possam ver como eles funcionam e levar isso para suas comunidades.”

rsuser

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