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Seca sem fim

As grandes estiagens são os desastres naturais mais custosos, superando inundações, furacões, terremotos e tsunamis. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) costuma afirmar que a seca gera perdas anuais na faixa de US$ 6 e 8 bilhões. Entre 1900 e 2013, mais de 11 milhões de pessoas morreram por causa da falta d’água e 2 bilhões tiveram suas vidas transtornadas pelo fenômeno. Uma revisão destes números provavelmente indicaria que as perdas humanas e financeiras dispararam nos únicos anos.

Inúmeros países registraram secas excepcionais e dramáticas nos últimos tempos. O esgotamento dos reservatórios paulistanos só veio confirmar uma tendência idêntica à vista em outros continentes.

Após três anos de estiagens, a Califórnia está observando uma queda generalizada da sua produção agrícola. Desde o início do ano, o estado americano perdeu 239 bilhões de metros cúbicos de água  (veja aqui uma sequência de fotos mostrando a evolução de áreas onde a água já foi abundante). Mas nem todos os californianos são iguais perante a estiagem. Milionários de Montecito, um reduto de artistas famosos, como a apresentadora Oprah Winfrey, têm trazido caminhões-pipa para abastecer mansões e irrigar gramados.

Mais ao sul, na América Central, a Guatemala declarou estado de emergência na semana passada. Cálculos oficiais estimam que serão necessários US$ 60 milhões para compensar perdas agrícolas recentes.  A Nicarágua enfrenta sua pior seca em 32 anos. A  estiagem está compromentendo as colheitas e elevando os preços de alimentos. Só no mês passado, 2.500 cabeças de gado morreram em decorrência e cerca de 600 mil animais estariam à beira de morrer de fome. O governo nicaraguense viu-se obrigado, através de seus órgãos de divulgação, a sugerir que a população crie e alimente-se de iguanas, uma rara opção de proteína abundante no país. A proposta foi motivo de chacota na internet – mas não deveria.

Nenhum continente foi poupado. A Espanha, responsável pela metade do azeite de oliva comercializado globalmente, enfrenta tamanha estiagem que alguns produtores da Andaluzia estimam que sua produção este ano será 40% menor do que no ano passado, porque a ausência de chuvas comprometeu a floração das oliveiras. No norte do Quênia, 26 meses de seca dizimaram os rebanhos e estão promovendo uma disparada dos níveis de desnutrição. A porção leste da Austrália também está passando por uma estiagem sem paralelo nos últimos 100 anos, o que está multiplicando focos de incêndio.

É um quadro muito preocupante – e que poderá se agravar ainda mais se continuarmos a bombear e esgotar os estoques de água dos aquíferos subterrâneos.

 

Por: Regina Scharf

Fonte: Agrolink

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