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Saiba mais sobre as doenças uterinas em vacas de leite

O trato reprodutivo de vacas leiteiras, no início da lactação, é acometido por doenças que afetam não somente o desempenho reprodutivo, mas também aumentam o risco de outras doenças do periparto como cetose e deslocamento do abomaso, e reduzem a produção de leite, nos primeiros meses pós-parto.

Existe uma associação entre ingestão de matéria seca (MS), no final da gestação, estado imunológico da vaca, e risco de ocorrência de doenças uterinas, no início da lactação. Entretanto, ainda não se pode afirmar que essas associações são decorrentes de uma relação de causa-efeito. É bem provável que o risco de retenção de placenta, metrite puerperal aguda, metrite pós-parto, e endometrites sejam, de alguma maneira, influenciadas pelo estado imunológico sistêmico e local do útero da vaca.

Independente da doença uterina, o desafio enfrentado pelo produtor de leite e pelo técnico é estabelecer programas de prevenção, diagnóstico, e tratamento dessas enfermidades para que tanto a incidência e prevalência sejam reduzidas, como também para que o impacto, tanto no aspecto reprodutivo e produtivo do rebanho seja mínimo. Como o tecido uterino tem grande capacidade de recuperação clínica, é muito comum o uso de terapias empíricas para o tratamento dessas doenças.

Geralmente, o uso de terapias para enfermidades que acometem o útero têm como objetivos resolver a doença clínica e o risco de a vaca desenvolver outras, ou até mesmo morrer, portanto, melhorar o bem estar animal, restabelecer a saúde do trato reprodutivo, minimizar o impacto na produção de leite, e fazer com que a vaca se torne gestante no período pós-parto desejado.

Práticas que resultam na obtenção de um ou mais destes resultados são, de maneira geral, justificadas. Mas, programas que não conseguem atingir esses objetivos são de validade questionável e devem ser alterados ou até mesmo interrompidos.

Retenção de placenta é a falha na expulsão das membranas fetais nas primeiras 12 a 24 h após o parto. De maneira geral, a maioria dos estudos epidemiológicos que avaliaram a incidência de retenção de placenta, em vacas leiteiras, usam como critério para seu diagnóstico a presença das membranas fetais no dia seguinte ao parto. Aproximadamente 9% das vacas leiteiras que parem apresentam retenção de placenta. O fator predominante é a inabilidade do tecido uterino em separar a conexão fetal da materna, no placentoma. A redução na atividade de neutrófilos e a supressão da resposta imune no período pré-parto parece ser um componente importante na etiologia da retenção de placenta. Esse problema está relacionado à falha na dissolução do colágeno entre o cotilédone e a carúncula (Eiler e Hopkins, 1992).

A falta de contrações uterinas, ao contrário do que muitos acreditam, não parece ser um fator etiológico importante da retenção de placenta, em vacas leiteiras.

É bem possível que, em situações de estresse e dor exacerbada, durante o parto, a liberação de catecolaminas adrenais possa relaxar o útero e, consequentemente, reduzir sua capacidade de evacuação do conteúdo uterino, incluindo a placenta.

Abortos, partos gemelares, natimortos, distocia, cesarianas, fetotomias, e hipocalcemia estão todos associados a aumento no risco da retenção de placenta. Vacas multíparas correm maior risco desse mal, que as primíparas.

Isso pode significar indicativo de problemas no programa de manejo da vaca de transição. Entretanto, a retenção de placenta se torna importante ao determinar o desempenho reprodutivo de vacas de leite quando acontece  maior incidência de metrites e endometrites.

Não há evidência alguma que a remoção manual da placenta nos primeiros dias pós-parto traga algum benefício para a vaca de leite (Drillich et al., 2006a). De fato, há evidências de que essa técnica possa prejudicar a saúde da vaca (Bolinder et al., 1988).

O uso de prostaglandinas, fontes de estrógenos como o cipionato de estradiol, e a ocitocina são de resultado controverso. Há pouca indicação que o uso desses hormônios acelerem o processo de expulsão da placenta, reduzam o risco de metrite, e melhoram o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras.

Tratamento com bolus intrauterino contendo 5 g de tetraciclina, duas vezes por semana, por 2 semanas,  não melhorou o desempenho reprodutivo ou produtivo de vacas de leite diagnosticadas com retenção de placenta. (Goshen e Shpigel, 2006). Drillich e colaboradores (2006) utilizaram 3 estratégias terapêuticas para o tratamento da retenção de placenta em vacas de leite em 5 rebanhos leiteiros.

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