Forte demanda de indústrias motiva aumento do plantio. Neste ano, colheita no estado é estimada em 431,5 toneladas. Crescimento será de 17% frente ao registrado na safra de 2011
O sorgo é um grão pouco conhecido, mas que tem ganhado destaque na produção mineira e nacional nos últimos anos. Para ter ideia, a colheita de sorgo teve um crescimento de 167,8% nos últimos seis anos, em Minas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com avaliação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), os aumentos ininterruptos se devem principalmente ao interesse dos produtores em atender à demanda também crescente do grão pelas indústrias de ração.
Para a safra 2011/2012, a estimativa de produção de sorgo, no estado, é de 431,5 mil toneladas. O volume é 17% maior que o registrado no período anterior. Além do aumento da área plantada, as lavouras do grão em Minas apresentam crescimento da produtividade média de 3,2 toneladas por hectare, uma progressão de 45,1% em relação aos dados de 2010/2011.
Esses resultados mostram que os agricultores estão investindo sobretudo em programas de irrigação, além de adotar boas práticas no cultivo de sorgo.
Segundo Ivan Cruz, presidente da Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), sediada em Sete Lagoas (Região Central de Minas), a perspectiva de aumento da renda por intermédio do fornecimento de sorgo para as indústrias de ração tem estimulado os produtores. “O milho continua na condição de principal matéria-prima para a formulação de rações, mas cresce a participação do sorgo como complemento”, explica. Ele reforça que não se pode falar numa possível mudança do cenário, pois, embora a participação tenha aumentado, o sorgo deve continuar na condição de “coadjuvante” do milho na produção do alimento para aves, suínos e bovinos. “Parece improvável até mesmo que o sorgo venha a predominar nas aquisições das indústrias, porque o milho já está consagrado como a matéria-prima principal, por suas propriedades e volume de produção”, enfatiza Cruz.
Atualmente, na condição de maior produtor de milho do Sudeste brasileiro, Minas responde por um volume estimado de 7,7 milhões de toneladas. Por isso, no período de seca ou entressafra do grão, aumenta a demanda de sorgo. O presidente da ABMS explica que no Norte e em parte do Centro-Oeste do estado, principalmente, o sorgo tem uma área de cultivo bem definida e com tendência de expansão, porque nessas regiões o clima é menos favorável às lavouras de milho.
Cruz ainda diz que o sorgo é utilizado, especialmente no Norte de Minas, não só como complemento do milho na formulação de ração como também na alimentação de bovinos a pasto. “Nesse caso, é conhecido como sorgo forrageiro.”
Grão versátil O médico-veterinário Evandro de Abreu Fernandes, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), utiliza o sorgo para alimentar as aves de sua granja há cerca de 10 anos. Ele diz que serve às galinhas uma parte do grão sem moer, pois “o organismo da ave se ajusta bem à nova situação”.
Além disso, segundo Fernandes, a utilização do grão inteiro na alimentação dos plantéis é recomendável por razões econômicas. “A dispensa da moagem representa uma economia superior a 15% no custo da ração de uma granja.”
Fernandes diz que uma das grandes vantagens do cultivo do sorgo é que não ocorre frustração de safra, porque o grão é mais tolerante ao veranico. “O agricultor tem a oportunidade de produzir na safrinha uma cultura de valor nutricional quase igual ao do milho. Além disso, o sorgo tem uma demanda de adubação menor, um tempo de cultura mais curto em cerca de 30 dias e resiste bem à falta de chuva.”
Fonte:
Caderno Agropecuário
Jornal Estado de Minas
Data: 23/07/2012
