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Queda no preço do leite. E a inflação?

O preço do leite recuou em quase todas as praças pecuárias. Era esperado. Os valores do leite longa vida, por exemplo, haviam aumentado quase 70% em pouco mais de seis meses. Uma hora os valores recuariam.

Ruim para a indústria e para o pecuarista.

Mas durante todo o período, a mídia transformou o leite no maior vilão do mercado. O produto era o causador da inflação. De fato, de abril a setembro, os preços médios pagos aos produtores reagiram 25% acima do IPC (Índice de preços ao consumidor).

O IPC é calculado mensalmente pela USP/FIPE. Mede a variação de preços para o consumidor, na cidade de São Paulo, para quem ganha de dois a seis salários mínimos. Os grupos de despesas estão compostos de acordo com a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), em constante atualização.

Sendo assim, pelo critério de cálculo do IPC, é de se esperar que a alimentação, e junto com ela o leite, tenha um grande peso no total do índice.

No entanto, na média dos últimos 14 anos, desde que teve início o plano Real, a evolução dos preços do leite acumulada foi, em média, 11,5% inferior à inflação medida pelo IPC.

Mesmo com a alta recente no preço, o valor do leite não foi suficiente para aumentar a inflação medida pelo IPC, que evoluiu, em média, 0,3% ao mês. Inflação é assim, ora um produto puxa para baixo, ora puxa para cima.

Comparando com outro índice de inflação, a evolução acumulada do preço do leite ficou abaixo do acumulado pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna) na proporção média de 22,81% inferior ao IGP-DI.

Em todo o período, de agosto de 1994 a setembro de 2007, apenas em agosto de deste ano (2007) o acumulado do preço do leite ultrapassou o IGP-DI, voltando a ficar atrás em setembro.

Quando a evolução do custo de produção do leite é incluída na análise, a situação se complica ainda mais para o produtor.

A Scot Consultoria calculou o índice de inflação nos custos de produção, ponderando a participação de cada insumo utilizado nas empresas, e a evolução de seus preços ao longo dos anos. O acumulado no período analisado é de 622% de aumento no custo de produção, superando em 2,4 vezes o IGP-DI, que geralmente é considerado um índice superestimado para a produção agropecuária.

Portanto, embora a alta nos preços tenha sido repentina, nas fazendas o produtor nem chegou perto de recuperar o aumento nos custos de produção dos últimos anos.

A saída para o produtor é gestão, assunto que será explorado no informativo “A Nata do Leite”, que circula no final desta semana. (MPN)

rsuser

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