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Prevenção da mastite clínica por coliformes em bovinos de leite por uma vacina mutante Escherichia coli

A utilização de programas de controle de mastite focados na mastite contagiosa gerou mudanças mundiais no padrão de infecção dos rebanhos, sendo atualmente os patógenos ambientais os principais microrganismos causadores de mastite em vários rebanhos. Deste grupo, os coliformes se destacam pela importância na ocorrência de casos clínicos de mastite, levando a grandes prejuízos por vários fatores, incluindo diminuição da produção de leite, gastos com medicamentos, morte e/ou descarte precoce de animais. O controle da mastite contagiosa com a subsequente redução na CCS do leite não diminui a incidência de mastite clínica e pode aumentar a susceptibilidade das vacas à mastite causada por coliformes. Por isso, o aumento da resistência das vacas a infecção intramamária através da vacinação pode ser uma estratégia usada para o controle das mastites ambientais.

Um estudo foi conduzido em dois rebanhos com média de 700 e 400 vacas holandesas em lactação. Ambos os rebanhos estavam participando de programas de vigilância e controle de patógenos contagiosos causadores da mastite, S. aureus e S. agalactiae. A produção média de leite para 305 dias e a média mensal da contagem de células somáticas foram, respectivamente, 8.307Kg e 200.000céls./mL para um rebanho, e 8.368Kg e 162.500céls./mL para o outro rebanho. As vacas foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos, vacinado e não vacinado, compostos por 246 e 240 animais, respectivamente. Os animais do grupo vacinado receberam 3 doses da vacina por via subcutânea: a primeira na secagem, a segunda 28 dias depois e a terceira 14 dias após o parto. Casos clínicos de mastite foram definidos como presença de alteração no leite ou no úbere, detectados no momento da ordenha.

No grupo não vacinado, 29 vacas apresentaram mastite clínica causada por coliformes e no grupo vacinado, seis animais apresentaram episódios clínicos. O grupo vacinado apresentou menor incidência de casos clínicos (2,57%) quando comparado com o grupo não vacinado (12,77%).  Durante os primeiros 90 dias de lactação, vacas vacinadas com E. coli J5 apresentaram cinco vezes menos risco de desenvolver caso clínico de mastite quando comparadas com vacas não vacinadas.

Este foi o primeiro estudo para avaliar o efeito da vacina em condições de desafios naturais por coliformes em rebanhos leiteiros e mostrou que a administração da vacina E. coli J5 em animais no final da gestação e início da lactação reduz a incidência de mastite clínica causada por coliformes nos primeiros 90 dias de lactação, período este de grande risco de ocorrência de mastite clínica por coliformes.

Devido à alta taxa de novas infecções por coliformes no período seco em vacas leiteiras e suas consequências sobre o desempenho produtivo dos animais na lactação seguinte, o uso de um programa de vacinação utilizando E. coli J5 é recomendável para o controle de mastite causada por patógenos ambientais e resulta em benefícios econômicos para a propriedade.

 

 

GONZALEZ, R.N.; CULLOR, J.S.; JASPER, D.E.; et al. Prevention of clinical coliform mastitis in dairy cows by a mutant Escherichia coli vaccine. Can. J. Vet. Res., v.53, p.301-305, 1989.

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