Notícias

Presidente da CNA afirma que Plano Safra do Governo é intempestivo e não contempla as respostas do setor agropecuário

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, considerou “intempestivo e inadequado o anúncio do novo Plano Safra 2016/2017, divulgado na quarta-feira (4/5) pelo governo, especialmente porque foi rompida a tradição de discussão prévia das metas com o setor agropecuário, transformando-se o documento numa mera carta de intenções”. Martins lembrou que a tradição foi abandonada, a CNA não foi ouvida previamente pelo Governo quando da elaboração do plano, com o documento contendo pontos altamente negativos como as “elevadas taxas de juros, omissão em relação ao seguro rural e queda no nível de investimento”.

João Martins lembrou que a CNA havia inovado este ano ao colocar técnicos para visitar todas as regiões do país, numa ampla consulta aos produtores, mas “quando íamos apresentar as propostas consolidadas da agropecuária, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) cancelou o encontro”. Durante entrevista coletiva concedida na sede da CNA, quarta-feira (4/5), João Martins informou que a instituição já entregou ao vice-presidente Michel Temer um documento, denominado “Propostas para a Evolução do Setor Agropecuário”, contendo as principais demandas do segmento e as alternativas para manter a competitividade do setor tanto no mercado interno quanto na área internacional.

O vice-presidente da CNA e da Comissão Nacional de Política Agrícola da entidade, José Mário Schreiner, também presente à coletiva, destacou que o Plano Safra anunciado pelo Governo “contempla uma omissão grave, a ausência de uma proposta firme de seguro agrícola, instrumento moderno que dará mais segurança ao produtor no caso de intempéries climáticas”. O total de recursos financeiros previsto, R$400,00 milhões, segundo Schreiner, é completamente insuficiente. A verba mínima necessária, segundo ele, supera R$1,00 bilhão. Nos Estados Unidos, o seguro rural já está consolidado e atende às expectativas do produtor, com recursos financeiros superiores a US$7,00 bilhões.

No entender de João Martins, o Plano Safra do Governo contém pelo menos dois pontos extremamente vulneráveis: a elevada taxa de juros e recursos insuficientes para o seguro rural. Sem contar, assinalou o presidente da CNA, que o Plano se transformou numa mera carta de intenções e precisa ainda de aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), e, em seguida, de normas a serem determinadas pelo Banco Central. Depois de tudo isso, ainda terá de ser aprovado pelo plenário do Senado.

O volume de recursos previstos no Plano de Safra, destinados ao custeio, comercialização e investimentos, R$202,80 bilhões, estão dentro das expectativas do setor, segundo Martins. O problema, na sua avaliação, está em saber se o dinheiro será realmente liberado. O fato é que “precisamos de um plano agrícola o mais próximo possível da realidade, com taxas de juros compatíveis com a capacidade de pagamento do produtor”, avaliou o presidente da CNA. A questão dos juros, argumentou, precisa ser reavaliada.

As taxas de juros do novo plano subiram, em média, 0,75 ponto percentual, em comparação com o programa em execução, ressaltou o presidente da CNA. E, ao mesmo tempo, o investimento total foi reduzido de R$38,00 bilhões para R$34,00 bilhões. Nesse cenário, no entender de Martins, mudanças precisarão ser feitas. Ele lembrou que o Governo aumentou a taxa de juros num momento em que “a inflação começa a dar sinais de queda”.

João Martins destacou ainda que a CNA “tem mantido um diálogo republicano com o vice-presidente da República, que pode assumir o Governo caso o Senado aprove a admissibilidade do impeachment”. “Temos diversos nomes, mas o mais importante é ter alguém no MAPA com conhecimento no setor, capaz de executar políticas modernas para a agropecuária brasileira, a única atividade econômica com índices positivos de crescimento no atual momento vivido pelo país”.

 

Editor RuralSoft

Recent Posts

Startup mineira investe em fidelização no agronegócio

Seedz desenvolveu um software de fidelidade que valoriza o relacionamento entre agricultores e pecuaristas de…

4 anos ago

Vacas ganham app estilo Tinder para encontrar almas gêmeas no Reino Unido

Vacas ganham app estilo Tinder para encontrar almas gêmeas no Reino Unido A Hectare, startup…

4 anos ago

Jovem do interior de São Paulo se torna a rainha dos frangos no Brasil

A produtora rural Luciana Dalmagro, de 34 anos, em sua granja em Batatais, no interior…

4 anos ago

Fazenda Futuro traz ao mercado nova proteína com gosto de frango

A Fazenda Futuro, foodtech brasileira avaliada em 100 milhões de reais, traz ao mercado o…

4 anos ago

Ações são propostas para reduzir o desmatamento na Amazônia Legal por agronegócio e ONGs ambientais

Representantes do agronegócio, ONGs ambientais, setor financeiro, sociedade civil e academia relacionam medidas para reduzir…

4 anos ago

Setor de defensivos agrícolas anuncia metas até 2020 em prol das abelhas

Realização do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), o Colmeia Viva®…

7 anos ago