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Preços ao consumidor brasileiro estão mais elevados que no atacado

Segundo economistas, isso ocorre por conta de uma desaceleração inflacionária maior de produtos industriais e agrícolas que não fazem parte do consumo da população do País.

SãoPaulo – Indicadores oficiais mostram que os preços ao consumidor brasileiro estão mais altos do que no atacado. Segundo economistas, isso está ocorrendo por conta de uma desaceleração inflacionária maior de produtos industriais e agrícolas que não fazem parte do consumo da população.

Além disso, a alta de preços, acima da média, dos serviços tem contribuído para manter a inflação ao consumidor em alto patamar.

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem registrando alta nos últimos resultados, o Índice Geral de Preços (IGP) – que mede em grande parte os preços no atacado – está em desaceleração.

O IPCA de setembro, por exemplo, que teve variação de 0,57% no mês, já acumula, em doze meses, alta de 6,75%, patamar acima do teto da meta de 6,5%.

Já na prévia da inflação de outubro, divulgada na última terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador acelerou 0,48%, ante 0,39% em setembro, acumulando alta de 6,62% em doze meses.

Por sua vez, o IGP – DI de setembro variou 0,02%, ante 0,06% em agosto. E, em doze meses, avançou 3,24%. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), na composição do IGP, é o Índice de Preços no Atacado (IPA) que vem desacelerando o indicador. Em setembro, o IPA chegou a ter deflação de 0,18% no mês.

Soja e minério

O professor da FGV, Salomão Quadros, afirma que a queda de preços da soja e do minério de ferro, no mercado internacional, é um dos principais fatores que vem causando descolamento entre os preços do atacado e ao consumidor.

“O minério de ferro e a soja em grão têm um peso grande no IPA e estão derrubando o indicador”, diz Quadros. “O minério de ferro não faz parte da composição dos índices de preços ao consumidor. E a soja em grão, por sua vez, tem um consumo pequeno pela população brasileira. Nas pesquisas de orçamento familiar, percebemos isso”, complementa.

Além disso, Quadros ressalta que a inflação de serviços vem registrando alta de 9% ao ano, acima da meta da inflação. “Preços de serviços como estacionamento, bares, restaurantes e lavanderia vêm crescendo e estão impactando indicadores como o IPCA e o IPC [Índice de Preços ao Consumidor]. São itens que não fazem parte do IPA, por exemplo”, diz Quadros. “Portanto, a queda de preços de commodities e de produtos industriais desacelerando o IPA e a pressão dos serviços no IPC e IPCA, nos oferecem uma boa explicação para o descolamento de preços no atacado e ao consumidor”, finaliza o professor da FGV.

Para o professor do Instituto Insper, Otto Nogami, a diferença dos indicadores está na intermediação entre a produção e a comercialização dos produtos. “O preço ao produtor é medido na porta da fábrica. E até chegar à comercialização, são agregados ao produto os custos do mercado [como custos de logística]. Então, o consumidor acaba pagando os preços do produtor mais a intermediação”, diz Nogami.

Expectativa

Quadros avalia que a alta maior de preços no produto final do que no atacado deve se manter pelo menos no curto prazo. Isso deve ocorrer por conta da menor atividade econômica mundial, principalmente da China, uma grande consumidora de minério de ferro. Além disso, as boas notícias sobre a safra de soja norte-americana tem diminuído o preço da commoditie no mercado internacional.

“Por outro lado, a tendência é que os preços dos serviços continuem em alta, muito por conta da intensiva mão de obra empregada no setor”, diz.

O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, avalia que os preços no atacado e no varejo tendem a convergir no médio e no longo prazo. “Eles convergem porque os agentes econômicos vão indexando preços em seus planejamentos”, diz Pascalicchio, “No entanto, nos resta saber se os preços no atacado e ao consumidor irão convergir para um patamar de inflação alto ou baixo”, complementa.

 

Por: Paula Salati

Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria

 

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