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Pico de produção em vacas leiteiras – a importância desse período

Após o período inicial da lactação, do 15º ao 90º dia pós-parto ocorre o pico de produção. Esta é a fase onde ocorre a maior produção de leite, mas a vaca leiteira ainda não se alimenta adequadamente para supri-la. Assim, ela ainda está em balanço energético negativo (BEN) e apresenta uma mobilização significativa de reservas corporais para suprir as necessidades energéticas devido à baixa ingestão de alimentos. Além disso, essa fase é de enorme importância, pois, além de representar a etapa de maior produção, ela influencia na produtividade das fases seguintes.

As primíparas em geral apresentam maior balanço energético do que as multíparas, devido a:

Menor capacidade corporal

Menor capacidade de consumo de matéria seca

Demanda para o crescimento

Vacas de primeira cria, normalmente apresentam pico de produção menor. Porém, a persistência da lactação, que é a capacidade de manter a produção após o pico, é maior nestes animais. As vacas de alta produção canalizam mais energia para produção de leite do que para deposição de tecido. O baixo consumo influencia mais no balanço energético do que a alta produção de leite.

O balanço energético negativo pode causar problemas na saúde da vaca levando a maior ocorrência de doenças como, por exemplo, mastite, metrite entre outras. Além disso, nesta fase devem ocorrer às primeiras ovulações após o parto e, depois do período voluntário de espera, este animal deve estar apto a ser inseminado. Acentuado BEN, com perda excessiva de condição corporal (>1 ponto de escore, considerando o escore corporal da vaca de 0 a 4), pode impactar negativamente na reprodução desses animais, resultando em atraso nos dias para ovulação, cio e inseminação. Além de resultar em menor taxa de concepção a primeira inseminação.

Tabela: Efeito da perda de condição corporal na reprodução

 

Assim, o manejo nutricional deve focar em evitar perdas de condição corporal, maximizando a ingestão de energia e proteína. Algumas estratégias podem ser utilizadas com o objetivo de diminuir essa perda de condição corporal:

Oferecer forragem de boa qualidade: alta palatabilidade e baixo teor de fibra

Balancear adequadamente proteína na dieta de modo a ter suficientes quantidades de proteínas degradáveis e não degradáveis no rumem

Possibilitar acesso contínuo ao alimento

Oferecer o alimento várias vezes ao dia (o alimento fresco estimula o consumo)

Minimizar fatores de estresse

O correto manejo de pastagem com alturas de entrada e saída adequadas estimula o consumo de alimentos, além de permitir o acesso à forragem de excelente qualidade. O espaço de cocho para as vacas no início da lactação deve ser de no mínimo 0,80 m. Alimento de boa qualidade deve estar disponível o dia todo, sendo fornecido várias vezes ao dia, no intuito de mantê-los frescos e estimular consumo.

Acesso fácil e contínuo à água de boa qualidade e à sombra é primordial no estímulo ao consumo.


Os aminoácidos que chegam ao intestino da vaca para absorção têm origem na proteína dietética que passa intacta pela fermentação ruminal (a proteína não degradável no rúmen, chamada de PND); na proteína microbiana produzida no rúmen e que continuamente deixa o órgão com a passagem da digesta; e na pouca proteína de origem interna. Podem ser citadas como fontes de proteína degradável no rúmen as gramíneas e a alfafa, e como fontes não degradáveis, os concentrados, como o farelo de soja, o farelo de algodão e o resíduo de cervejaria.

 

A habilidade da vaca em responder a uma dieta balanceada diminui com o avanço da lactação. Prejuízos na produção relacionados a erros na dieta não são revertidos com ações tardias na nutrição. Há uma recuperação, porém não se atinge mais o potencial esperado daquele animal. Sendo assim, todo cuidado com o animal e manejo adequado nessa fase são essenciais, pois a cada 1 kg de leite no pico de produção significa 250 litros de leite a mais em toda a lactação!

rsuser

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