Notícias

Pesquisadores mineiros trabalham para aumentar sobrevivência de animais clonados

Pesquisadores brasileiros comemoram resultados da técnica de transferência nuclear no país e apostam na melhoria dos processos para aumentar a sobrevivência dos animais

Cuidados especiais cercam o nascimento programado para hoje na Fazenda Jaguara, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, da bezerra Landa TN1, exemplar nelore, produzida por meio da técnica de transferência nuclear de células somáticas, popularmente conhecida como clonagem. Além da genética de matriz valorizada, o parto reflete o novo desafio de técnicos e pesquisadores empenhados em melhorar os índices de desempenho de uma tecnologia já reconhecida no Brasil, embora recente. A cada 100 embriões transferidos no país, de 1% a 5% de clones nascem, média equiparada à eficiência do sistema de reprodução animal no mundo, mas ainda bem abaixo do sucesso esperado pelos laboratórios dispostos a investir nesse mercado.

A bezerra Landa TN1, da Agropeva Agropecuária, carrega um trabalho redobrado de assistência pré-natal e que será reforçado depois do parto pela equipe de médicos veterinários da empresa responsável pela clonagem, o Cenatte Embriões, especializada em fertilização e genética animal, com sede em Pedro Leopoldo, na Grande BH. A meta é elevar a sobrevivência dos animais produzidos na técnica de transferência nuclear, informa o médico-veterinário Wilson Pardini Saliba, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Cenatte.

“A literatura mundial faz referência a índices de sobrevivência de até 9%. Entendemos que esses indicadores dependem da raça que se quer replicar e a clonagem é um sistema bem recente, mas já estamos trabalhando muito nesse desafio”, afirma Wilson Saliba. O esforço dos técnicos está distribuído em várias frentes: na correção de problemas respiratórios, na melhora de procedimentos da obstetrícia antes e depois do nascimento e na identificação da data ideal para o parto do ponto de vista da maturação dos pulmões, causa de boa parte dos casos de morte dos clones.

Pioneiro na produção de clones em Minas Gerais, o Cenatte foi também responsável pela clonagem dos primeiros animais por meio da transferência nuclear da raça gir no Brasil. De 2007, quando a empresa desenvolveu a tecnologia e equipou seus laboratórios, a 2009, oito animais sobreviveram em experiências bem-sucedidas com as raças guzerá, gir, nelore e brahman. [FOTO2]Na Fazenda Jaguara, o Cenatte mantém 22 vacas receptoras prenhes de clones. O ingresso da empresa no negócio contou com R$ 900 mil em financiamento do Programa Juro Zero da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

De valor

A taxa de sobrevivência dos clones produzidos pela empresa de Pedro Leopoldo alcança 5% – a cada 40 a 50 embriões transferidos, é obtido um clone vivo, que tem sido entregue com dois meses de vida, comprovada a saúde clínica do animal, ao custo de R$ 40 mil. As cópias seguintes são comercializadas a R$ 20 mil. Uma das ferramentas que Saliba estuda para elevar o índice de sobrevivência dos clones é a própria tecnologia que auxilia no nascimento dos filhotes. Com a experiência de ter conduzido a clonagem pioneira de um mamífero no Brasil – a bezerra Vitória, da raça simental –,d o pesquisador Rodolfo Rumpf observa que o clone pode ser um animal que necessita de ajuda, mas seus descendentes serão tão estáveis como os filhotes gerados na monta natural. “Quando os filhos nascem, se fecha o ciclo de reprogramação das células e o que nós buscamos agora é melhorar a técnica cada vez mais para que essa reprogramação ocorra em sua plenitude já no primeiro ciclo de reprodução”, afirma.

Licenciado da Embrapa para o projeto da Geneal, empresa especializada em genética animal com sede em Uberaba, no Triângulo Mineiro, Rumpf diz que a tarefa dos pesquisadores na tentativa de elevar o índice de nascimento dos clones está associada à ajuda para maturação dos órgãos do animal e à busca de melhorias na técnica desenvolvida nos laboratórios. A Geneal, que atua num modelo semelhante ao de parceria público-privada junto à Embrapa, já produziu 15 clones e tem por meta elevar o índice de eficiência de 1% dos embriões transferidos a 3% no início do ano que vem.

Fonte: Estado de Minas (em.com.br)

Clique aqui para Comentar

Você precisa fazer o login para publicar um comentário. Logar

Deixe sua Resposta

Mais Lidas

Topo