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OLERICULTURA

A olericultura é o ramo da horticultura que abrange a exploração de um grande número de espécie de plantas, comumente conhecidas como hortaliças e que engloba culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos e frutos diversos. 

No Brasil, a olericultura evoluiu mais acentuadamente a partir da década de 40, durante a 2ª Guerra Mundial. Naquela época, existiam apenas pequenas explorações diversificadas, localizadas nos “cinturões verdes” dos arredores das cidades, havendo o deslocamento em direção ao meio rural, estabelecendo-se em áreas maiores e mais especializadas. Essa interiorização certamente deveu-se ao fato de alguns produtores buscarem melhores condições agroecológicas ou mesmo de ordem econômica. A partir de então, a olericultura nacional evoluiu de pequena “horta” para uma exploração comercial com características bem definidas. 

A partir da década de 50, instituições oficiais de pesquisa e ensino passaram a apoiar a olericultura, surgindo uma retaguarda técnico-científica composta por professores, pesquisadores e extensionistas. O efetivo empenho do governo federal na implantação e funcionamento das Centrais de Abastecimento (CEASA’s), ao longo da década de 70, também foi decisivo, racionalizando a comercialização, beneficiando a produção e a oferta de produtos de melhor qualidade. 

A década de 80 é considerada importante para a olericultura brasileira, especialmente graças às atividades da pesquisa oficial, com a recomendação e lançamento de cultivares de hortaliças adaptadas às mais diversas condições climáticas do território nacional. Na última década, acentuou-se a implantação dos sistemas de cultivo protegido em estufas e hidroponia.

A característica mais marcante da olericultura é o fato de ser uma atividade agroeconômica altamente intensiva em seus mais variados aspectos, em contraste com outras atividades agrícolas extensivas. Sua exploração econômica exige alto investimento na área trabalhada, em termos físicos e econômicos. Em contrapartida, possibilita a obtenção de elevada produção física e de alto rendimento bruto e líquido por hectare cultivado e por hectare/ano. Outras características importantes nos empreendimentos hortícolas são a intensa utilização de tecnologias modernas, em constante mudança, e o reduzido tamanho da área ocupada, porém, intensivamente utilizada, tanto no espaço quanto no tempo. Há de se considerar a olericultura como sendo uma atividade econômica de alto risco para o produtor rural, em virtude da maior ocorrência de problemas fitossanitários, maior sensibilidade às condições climáticas e instabilidade de preços praticados na comercialização.

O sistema de exploração de olerícolas é extremamente especializado e exigente em qualidade, principalmente quanto ao aspecto comercial, e vem se tornando dominante no Brasil e no Estado do Espírito Santo, onde os produtores estão reduzindo o número de culturas trabalhadas e intensificando os cultivos durante todo o ano, em sistema de plantio seqüencial, o que pode ocasionar o agravamento de problemas fitossanitários.

A diversidade climática brasileira, também constatada no Espírito Santo, permite o cultivo de cerca de sessenta espécies de hortaliças, a maioria de forma competitiva e com possibilidades de exportação.

A produção mundial de hortaliças ocupa uma área em torno de 89 milhões de hectares, com uma produção total de 1,4 bilhões de toneladas, com destaque para a cultura da batata-inglesa, com produção de, aproximadamente, 308 milhões de toneladas (Tabela 1). Em 2002, no Brasil foram cultivados 806,9 mil hectares de olerícolas, com uma produção total de 15,7 milhões de toneladas, sendo que a batata também é a principal hortaliça e área cultivada, com aproximadamente 153 mil hectares e uma produção total de 2,9 milhões de toneladas. Porém, o produto hortícola mais consumido no território nacional é o tomate, com um volume de 3,5 milhões de toneladas, obtidas em uma área de 62 mil hectares. A cebola é a terceira olerícola em volume de produção, com 1,1milhão de toneladas (Tabela 1).

 

Fonte: FAO – Faostat database results, disponível em http://apps.fao.org

A produção nacional de hortaliças, no período de 1980 a 2002 (Tabela 2), teve um incremento de 122% no total produzido, com destaque para as culturas de tomate, batata-inglesa, cenoura e cebola, demonstrando o crescente mercado consumidor para esses produtos. Entretanto, observa-se decréscimo nas áreas cultivadas com as culturas da batata-doce, batata-inglesa e cebola, num total de decréscimo de 79 mil hectares, compensados com o plantio de 77mil hectares de outras olerícolas (Tabela 3), observando-se sensível incremento da produtividade da maioria das hortaliças cultivadas no Brasil.

Um dos maiores problemas da cadeia produtiva das hortaliças está nas perdas pós-colheita e nos desperdícios dos alimentos, que começam na colheita do produto indo até os consumidores intermediários e finais. Estudos realizados revelam que no Brasil os níveis médios de perdas são de 35 a 40%, enquanto em outros países, como nos Estados Unidos, não passam de 10% (Vilela et. al., 2003).

A olericultura capixaba é capaz de responder a estímulos mercadológicos e de preços, investindo em novas culturas e em tecnologias diferenciadas para atingir mercados diversos.

Evolução da produção (mil toneladas) de hortaliças no Brasil, período 1980 a 2002.

 Fonte: FAO Database Results * Estimativa dos produtores Disponível: http:www.apps.fao.org

Evolução da área de produção (mil hectares) de hortaliças no Brasil, de 1980 a 2002

 

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