Adubação, Solos e Pastagem

O Receituário Agronômico e sua Importância

A aplicação de um agrotóxico, prevista e autorizada por um uma receita agronômica é uma das etapas de um planejamento fitossanitário para a cultura. Este planejamento deve prever várias etapas iniciais, englobando outras estratégias de manejo integrado, com práticas de controle cultural, físico e biológico, quando possível. Na etapa de controle químico, o profissional deve escolher a melhor opção dentre todas as alternativas válidas, considerando para efeito de comparação o custo, a eficiência, a segurança (ao aplicador, consumidor e ambiente), a seletividade, a compatibilidade, a praticabilidade e a praticidade. O receituário agronômico envolve todo o processo, e a emissão da receita é sua parte final e condição indispensável para a aquisição do produto.

Escrituras gregas e romanas de mais de 3000 anos já mencionavam o uso de produtos químicos como o arsênico, utilizado para o controle de insetos. Compostos orgânicos naturais como a piretrina, obtida das flores de crisântemos (Chrysanthemum sp) eram utilizados como inseticidas pelos Chineses a cerca de 2000 anos atrás. Povos do deserto protegiam suas tendas de armazenamento de cereais acrescentando pó de piretro sobre os grãos, ou pendurando feixes dessas flores na entrada das tendas, servindo ainda como repelentes de moscas e mosquitos.

Outros compostos orgânicos vegetais, como a nicotina derivada do tabaco, e a rotenona extraída de raízes do timbó (Derris sp), já eram há muito conhecidos por suas propriedades inseticidas.

Em relação aos compostos inorgânicos a base de metais tóxicos, tais como: cobre, enxofre, e mercúrio; estes foram largamente empregados na Europa do século 19 para o combate do míldio e de outros fungos. Em 1885 descobria-se a ação fungicida do sulfato de cobre, amplamente divulgada a partir da utilização da preparação conhecida como “calda bordalesa”.

O uso do cloreto de mercúrio como bactericida no tratamento de sementes foi registrado pela primeira vez em 1890. Assim, ao final do século IX e nas três primeiras décadas do século XX ocorre um grande avanço no uso de produtos químicos para a proteção de plantas contra pragas e doenças, produtos estes basicamente constituídos por compostos inorgânicos à base de flúor, arsênico, mercúrio, selênio, chumbo, bórax, sais de cobre e zinco (GUERRA & SAMPAIO, 1991).

A comercialização de produtos fitossanitários vinculada a uma receita agronômica é uma exigência legal ou prática recomendada em muitos países. Como exemplo pode-se citar que na Califórnia, EUA, em 1978, já existiam cerca de 2.800 agrônomos credenciados a autorizarem a venda de produtos fitossanitários. No Brasil, tal medida tornou-se obrigatória desde 11 de julho de 1989, data da publicação da Lei Federal nº 7.802.

Dentre as vantagens da adoção do Receituário Agronômico, podem-se destacar:

a) Contribuição para uma maior conscientização do uso de produtos fitossanitários;
b) valorização do meio ambiente, com medidas efetivas para protegê-los;
c) facilitar a adoção do manejo integrado de pragas (MIP), processo que envolve a condução de cultura supervisionada;
d) indução ao emprego de produtos fitossanitários mais seguros e mais eficientes;
e) criação de um corpo de assistência técnica de alto nível, valorizando a classe;
f) criação de novas condições para uma comunicação mais efetiva entre técnicos e agricultores;
g) permissão para maior rigor nas fiscalizações dos problemas de ordem toxicológica.

Os conceitos fundamentais do Receituário Agronômico, resumidamente, são:

a) Busca da origem do problema fitossanitário com vista a atingi-lo com o máximo de eficiência e o mínimo de insumos;
b) exige do técnico (Engenheiro Agrônomo ao Florestal) conhecimento profissional para que se possa realmente atingir os objetivos a que se propõe;
c) impõe e assume toda a responsabilidade profissional, em toda a sua amplitude, através de seu documento base; a receita agronômica;
d) é antes de tudo uma metodologia de trabalho a ser seguida por quem atua na área fitossanitária. Não confundir Receituário Agronômico com receita agronômica; a receita é apenas o instrumento final de todo o processo desenvolvido, envolvendo características técnicas e éticas.

Procedimentos para a Elaboração do Receituário Agronômico

O primeiro contato entre o profissional e o agricultor deve ser realizado, preferencialmente, num local (escritório) relacionado com “Assistência Técnica” e não com “Vendas de produtos fitossanitários”, a fim de se evitar a obrigatoriedade da receita e, portanto, do controle químico.

Inicialmente, o técnico deverá conversar com o cliente sobre assuntos diversos, com o objetivo de ter uma visão de seu nível de conhecimento e promover uma descontração, para facilitar a comunicação. Posteriormente, passa-se para uma fase onde o cliente irá expor o problema fitossanitário, sem ser interrompido; é a chamada Anamnese Passiva. Durante a Anamnese Passiva, o engenheiro anota fatos que julgue importantes; porém, nunca deverá interromper, para emitir uma ideia, contestar ou apoiar. Essas informações serão analisadas através de um interrogatório mais minucioso, que vai constituir a Anamnese Ativa. Nessa fase o profissional vai solicitar do cliente informações com relação a cultura (área, época de plantio, cultivar, sistema de condução, etc.), equipamentos de aplicação (tipo de equipamento, bicos, conservação, etc), equipamentos de proteção individual (EPI’s), disponibilidade de pessoal, etc.

Concluído o interrogatório, pode-se montar a História Pregressa do Problema Atual (H. P. P. A.), que é o resultado da conversa inicial, da Anamnese Passiva e da Anamnese Ativa. Essas informações deverão ser lançadas numa ficha. De posse dessa ficha, o profissional desloca-se para a propriedade com os dados obtidos até o momento (a ficha deverá ser preenchida na medida em que as informações forem coletadas). Na propriedade o profissional deverá observar todos os detalhes referidos na ficha técnica, procurando constatar, por exame direto, o problema em questão. É importante observar, principalmente, seis aspectos:

1) O diagnóstico deverá ser por cultura, podendo estar relacionado com mais de um agente causal;
2) observar se a perdas estão acima do nível de dano econômico;
3) verificar os equipamentos de aplicação de produtos fitossanitários disponíveis na propriedade;
4) verificar os EPI’s;
5) observar o local de descarte de embalagens;
6) observar o local reservado para o banho do aplicador, lavagem de EPI’s e equipamento de aplicação.

Concluído o exame, o profissional estabelece o seu diagnóstico, com base na História do Problema Atual (H. P. A.), que será lançado na ficha técnica. Podem ocorrer, mesmo com profissionais mais experientes, dúvidas quanto à identificação correta do agente causal. Nesse caso, recomenda-se a coleta da parte aérea e/ou do sistema radicular de algumas plantas atacadas. Esse material deverá ser embalado em sacos plásticos, que serão etiquetados e enviados a especialistas. Na região Sul de Minas Gerais, pode-se enviar o material (pelo correio ou pessoalmente) para a Clínica Fitossanitária da UFLA, a qual emitirá um laudo com a identificação do agente causal.

Nesse procedimento devem-se observar dois aspectos:

  1. Amostrar as plantas com sintomas iniciais (plantas altamente atacadas poderão apresentar agentes secundários que dificultarão a identificação do agente principal);
  2. a amostra deverá ser acompanhada por um ficha com informações sobre a cultura, o clima, produtos fitossanitários utilizados, enfim, todas as informações possíveis para auxiliar no diagnóstico.

É importante recomendar ao cliente medidas profiláticas de controle para aquela cultura e providências a serem tomadas na próxima safra para prevenir os problemas com organismos-praga. A coluna Resultados será preenchida após 15 a 20 dias em função dos resultados obtidos.

Finalmente, pode-se perguntar qual será o custo imediato desse serviço profissional para o produtor rural. A resposta dependerá do local do primeiro encontro do produtor com o engenheiro; pois poderá ser de “graça” se o referido profissional estiver envolvido em comercialização de insumos agrícolas (na verdade esse serviço estará sendo cobrado juntamente com a venda de alguns insumos) ou um “preço justo” no caso de profissionais ligados somente a prestação de assistência técnica.

O Receituário Agronômico deve ser considerado como “Visitas ou Diligências” à propriedade para solução imediata de um problema agronômico. Dessa forma, como sugestão, os honorários profissionais podem ser fixados em 40% do salário mínimo para meio dia à disposição do cliente ou em 80% do salário mínimo para 1 dia à disposição do cliente. Além disso, deve-se adicionar a esse custo o valor referente ao deslocamento até à propriedade (50% do preço de 1 litro de gasolina por quilômetro rodado). Não restam quaisquer dúvidas que esse valor irá trazer benefícios imediatos e futuros ao agricultor (o profissional poderá prescrever um método alternativo de controle, muito mais barato que o químico), ao meio ambiente, aos consumidores e até mesmo às indústrias de produtos fitossanitários.


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