O manejo da fertilidade do solo como fator determinante de produtividade e longevidade dos solos brasileiros.

É a partir da produtividade e da previsão de produção que se coloca no papel todos os custos e despesas, além de das decisões sobre qual híbrido plantar, formulação do adubo, utilização ou não de tecnologias de ponta (adubação foliar específica, pulverização aérea, utilização ou não de biotecnologia, entre outros).

Após o planejamento de safra, uma parcela altíssima de capital próprio ou de empréstimos é desembolsada. Este investimento será literalmente “enterrado”. O solo é responsável por absorver praticamente todo o capital investido, mas também fazer com que ele se multiplique após a comercialização do produto final. Obviamente, o resultado final de uma lavoura depende de uma soma de fatores relacionados ao seu manejo, sendo o manejo correto do solo apenas um deles.

Duas leis da fertilidade servem como ponta-pé inicial: a Lei do Mínimo e a Lei dos Incrementos Decrescentes.

1) Lei do Mínimo:

A literatura traz a seguinte definição: “A produção das culturas é limitada pelo nutriente em menor disponibilidade no solo, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidades adequadas.”

Basicamente, uma planta necessita de 14 nutrientes distintos, alguns em maior quantidade (Macronutrientes), alguns em menor quantidade (Micronutrientes). A utilização do potencial máximo de produção de qualquer planta começa pelo perfeito balanço destes nutrientes no solo, todos na dosagem correta e disponíveis para a planta.

Na Figura 1, como exemplo, todos os nutrientes e fatores externos (CO2, Luz e H2O) estavam nas quantidades adequadas, exceto o Fósforo (P) , o que acarretou na diminuição do potencial de produção daquela planta que, analogicamente, é simbolizada pela água contida no barril.

2) Lei dos Incrementos Decrescentes:

A literatura traz a seguinte definição: “Ao se adicionar doses crescentes de um nutriente, o maior incremento em produção é obtido com a primeira dose. Com aplicações sucessivas do nutriente os incrementos de produção são cada vez menores.”

Para facilitar o entendimento, veja a Figura 2, que mostra, no eixo  horizontal, a dosagem crescente de Nitrogênio em uma determinada cultura, e no eixo vertical, a quantidade produzida:

Uma das conclusões obtidas com o gráfico é que o aumento da produção com aplicações crescentes de adubo não é linear, portanto não adianta aplicar uma quantidade altíssima de certos nutrientes no solo esperando que a produção acompanhe o investimento. Em uma situação como esta, haverá um custo de produção maior da cultura e uma produção menor que a prevista.

Há 14 nutrientes essenciais requeridos em diferentes quantidades pelas plantas.  Assim, são classificados em dois grandes grupos:

a) Macronutrientes (requeridos em maior quantidade): Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Enxofre.

b) Micronutrientes (requeridos em menor quantidade): Ferro, Zinco, Manganês, Cobre, Molibdênio, Boro, Cloro e Níquel. *Apesar de estes nutrientes serem requeridos em menor quantidade pela planta, eles são essenciais!

Presume-se que cerca de 70% dos solos cultivados no Brasil apresentam uma ou mais limitação séria da fertilidade (Lopes, 1975; Sanchez e Salinas, 1981), sendo, portanto, necessário a aplicação de corretivos e fertilizantes em grande parte dos solos de nosso país. Esta séria deficiência nutricional dos solos brasileiros, aliado à falta de critério de uma série de agricultores na amostragem e análise do solo, representa um grande problema para a agricultura. Diante de um cenário agrícola cada dia mais competitivo e desafiador, qualquer detalhe pode ser decisivo na condução de uma cultura, sendo o manejo do solo um dos fatores críticos de sucesso. Hoje em dia, existem centenas de instituições, federais ou privadas que realizam a interpretação e análise do solo para o agricultor. Lembre-se: o primeiro passo para formar um solo fértil é conhecê-lo!

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