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O cultivo e o mercado da banana

É uma fruta tropical de cor verde quando imatura, chegando a amarela ou vermelha quando madura. A banana é um fruto partenocárpico (pseudobaga ou baga epigínica), pois se forma sem fecundação (polinização), não possuindo sementes.

A banana é um alimento energético, sendo composta basicamente de água e carboidratos, contendo pouca proteína e gordura. É rica em sais minerais como sódio, magnésio, fósforo e, especialmente, potássio. Há predominância de vitamina C, contendo também A, B2, B6 e niacina, entre outras.

Planta

As variedades mais cultivadas e usadas comercialmente derivam das espécies Musa acuminata (principalmente) e Musa balbisiana, em variedades puras ou em combinações híbridas das duas. O gênero Musa inclui também plantas ornamentais.

É uma planta herbácea típica das regiões quentes e úmidas, com crescimento contínuo, hibernando somente em condições de temperatura ou umidade desfavoráveis (temperaturas abaixo de 12ºC provocam paralisação no seu desenvolvimento e danos aos frutos). A altura varia de 1,8 a 8,0 m dependendo da variedade.

As bananas formam-se em cachos na parte superior dos pseudocaules (falso tronco), formado pelas bainhas das folhas, que surgem do caule verdadeiro subterrâneo (rizoma). Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem, posteriormente, a um novo pseudocaule a partir de uma gema lateral.

Cultivo

O primeiro passo na implantação da lavoura é a escolha da variedade de bananeira, que depende da preferência do mercado consumidor e do destino da produção (indústria ou consumo in natura). Existem quatro padrões ou tipos principais de variedades de bananeira: Prata, Maçã, Cavendish (banana D’Água, Nanica ou Caturra) e Terra (para fritura). Dentro de cada tipo há uma ou mais variedades disponíveis.

A bananeira é uma planta bastante exigente em nutrientes, necessitando de fertilização abundante. A irrigação também é fundamental em regiões com período seco prolongado.

Estima-se que uma planta com área foliar total em torno de 14 m2 consome 30 litros de água/dia, em dias ensolarados e de baixa umidade relativa do ar, 20 litros/dia em dias semicobertos e 15 litros em dias completamente nublados.

Pragas e doenças são problemas sérios nesta cultura, ocasionando perdas de até 100% da produção, caso não haja manejo e controle adequados. Doenças como o Mal-do-Panamá (causada pelo fungo Fusarium oxisporum f.sp. cubense), a Sigatoka-amarela (causada pelo fungo Mycosphaerella musicola) e a Sigatoka-negra (causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis) são os principais problemas. 

O produtor deve estar atento para a ocorrência dessas doenças na região onde pretende cultivar a banana e, se possível, buscar variedades resistentes, observando sempre as preferências do mercado de destino.

Muitas variedades resistentes disponíveis para cultivo apresentam problemas como: desconhecimento ou baixa aceitação pelo mercado, despencamento dos frutos quando maduros – o que é rejeitado pelo consumidor, tamanho de frutos inadequado – frutos muito grandes para determinados mercados, dentre outros, o que exige um bom conhecimento de todas as características dessas variedades.

Os principais desafios enfrentados pelo bananicultor são:

Adequar técnicas de cultivo às novas necessidades dos mercados; 

Aumentar a produtividade (é possível atingir quantidades acima de 40 t/ha); 

Diminuir as perdas em todo o processo produtivo e de comercialização e, principalmente, melhorar a qualidade final do produto, com consequente estímulo ao consumo, pois embora considerada como de preferência popular e como a mais importante fruta tropical, o consumo em algumas regiões é irrisório.

A falta de cuidados na fase de comercialização é responsável por aproximadamente 40% de perdas do total de banana produzida no Brasil.

A fruta, quando destinada ao mercado interno, é geralmente embalada e transportada de forma inadequada, contribuindo para perdas significativas na fase de comercialização e o rebaixamento no padrão de qualidade da fruta.

Os maiores atrativos da atividade são o retorno relativamente rápido do investimento – em comparação com outras fruteiras – e a possibilidade de comercialização durante todo o ano – em regiões quentes e irrigadas.

No entanto, a baixa industrialização da fruta no país e as reduzidas exportações limitam a comercialização ao mercado interno da fruta fresca, que sofre com os problemas já citados e consumo estagnado.

O planejamento e estruturação comercial dessa atividade são fundamentais, o que deve ser conciliado com técnicas modernas de produção.

Usos

O principal uso da banana no país é o consumo fresco. A industrialização da banana é uma opção no aproveitamento de excedentes de produção e de frutos fora dos padrões de qualidade para consumo in natura, desde que sem comprometimento da qualidade da polpa.

No Brasil são industrializados apenas cerca de 2,5% a 3,0% da produção, sendo 1/3 desses produtos consumidos no mercado interno. As exportações brasileiras de banana fresca alcançam outros 3% da safra nacional.

O processamento da banana possibilita a obtenção de diferentes produtos, tais como purê, néctar, doce, farinha, passa e outros.

O principal produto produzido no Brasil é o purê (55%), seguido de bananada (20%), banana-passa (13%), flocos (10%) e chips (2%). Podem ser obtidos, ainda, fruta em calda, cristalizada, farinha, balas, pó, suco clarificado simples ou concentrado, vinho, vinagre, cachaça, licor etc.

No mercado mundial, a banana é a principal fruta comercializada em valor e volume. Os principais mercados estão em países desenvolvidos de clima temperado, onde a produção da fruta não é possível.

A União Europeia é a maior compradora, mas mantém uma série de normas e barreiras visando proteger alguns países fornecedores.

A participação brasileira no mercado mundial é pequena: são exportados apenas 1 a 2% da produção interna, apesar de ser o segundo maior produtor da fruta.

Há um grande potencial de o país avançar no comércio mundial, desde que grandes melhorias sejam feitas na produção e transporte da fruta.

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