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No agro, MT é só o 10º

Maior produtor de grãos e fibras do país e gigante nas exportações sofre com falta de infraestrutura 

Mesmo ocupando o primeiro lugar na produção de grãos e fibras do país por quatro safras consecutivas e exibindo a segunda maior renda nacional gerada da porteira para dentro, Mato Grosso – que é também o nono maior produtor de soja no mundo – ocupa apenas a 10ª colocação no ranking de competitividade, realizado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A estrutura de apoio à pujança do segmento, como destaca o Índice de Competitividade do Agronegócio 2014 (ICA 2014), não acompanha o ritmo de expansão e tão pouco as necessidades, especialmente no que se refere ao escoamento e armazenagem da produção. 

O 10ª lugar, entre os 27 estados da federação, é uma posição aquém da expectativa, considerando o potencial de produção de acordo com o coordenador do Índice, Marcelo de Ávila. Além da oferta de grãos, o Estado detém ainda o maior rebanho de bovinos do Brasil com cerca de 29 milhões de cabeças. 

Pioneiro no Brasil, o ICA tem como objetivo fazer uma análise da força de cada estado no agronegócio com base em seis pilares: infraestrutura, educação, saúde, ambiente macro, inovação e mercado de trabalho. Para aprofundar a análise, o estudo leva em consideração 21 variáveis econômicas e sociais que influenciam o desempenho da atividade em cada Estado. 

Ávila comenta a atuação do Estado no cenário nacional. “Mato Grosso ocupou o primeiro lugar na produtividade agrícola e o segundo em ambiente macroeconômico, mas perde competitividade à medida que a produção é escoada para fora do Estado”. 

O estudo aponta que os levantamentos referentes à infraestrutura de transportes ‘travam’ o nível de competitividade de Mato Grosso. Neste quesito, o Estado aparece em 24º lugar entre as 27 unidades da Federação, com 0,105, numa pontuação que vai de 0 a 1. “Nos desdobramentos deste indicador, o Estado vai mal em qualidade das rodovias, ocupando o 23º lugar, com índice 0,290, e em densidade ferroviária, registrando índice zero”, comentou o coordenador. 

Entre os fatores que elevam o status de Mato Grosso entre os demais estados está a produtividade por trabalhador, que alcançou índice máximo, de 1 ponto. Neste quesito, São Paulo, considerado o estado mais competitivo do Brasil, registrou 0,523 pontos. No entanto, Marcelo de Ávila ressalta que a pontuação de cada ente federado não serve como parâmetro de comparação. “Não podemos dizer, por exemplo, que Mato Grosso é duas vezes mais produtivo que São Paulo, mas sim que o índice de competitividade neste quesito é maior”, disse. 

NO CAMPO – Os resultados expressados pelo ICA são vivenciados diariamente pelos produtores mato-grossenses. Carlos Simon é produtor de soja e milho em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), e comenta as dificuldades no transporte das commodities. “Trata-se de uma realidade vivida por todos os produtores. Trabalho há 30 anos e os problemas são inúmeros, a começar pela qualidade das rodovias”. 

Detentora da concessão da BR-163 entre a divisa do Mato Grosso do Sul, e o município de Sinop, no norte do Estado, a Rota do Oeste trabalha para garantir a qualidade da rodovia e segurança aos usuários do trecho. “A empresa assumiu a concessão da BR-163 com a meta e o compromisso de colocar a rodovia em um patamar adequado de qualidade. Sempre soubemos, desde os estudos, que isto impactaria de forma positiva no agronegócio. Estamos aqui justamente para transformar a realidade de hoje”, afirmou o diretor geral da Rota do Oeste, Paulo Meira Lins. 

De acordo com o diretor, a perspectiva é de propiciar a redução no preço do frete e do tempo de rodagem para o escoamento da produção. “Mais do que isso, com a rodovia em boas condições damos mais um passo para que Mato Grosso se consolide como um dos estados mais competitivos no agronegócio”, destacou. 

Para Carlos Simon, os trabalhos de melhorias na BR-163 são um passo significativo para Mato Grosso, mas podem não ser suficientes para elevar as posições do estado no índice de competitividade. “São notórios os benefícios que a duplicação deste trecho trará para nós, produtores. Mas ainda assim é necessária a elaboração de políticas que consolidem a malha logística do Estado, inclusive com a implantação de novos modais”, avaliou. Entre as alternativas, os produtores reforçam os benefícios das hidrovias. 

O coordenador do ICA, Marcelo de Ávila reforça essa posição. “Adotamos em nossas avaliações critérios que vão além da qualidade das rodovias. Com certeza a duplicação da BR-163 é uma importante obra para o Estado e trará resultados positivos para o escoamento da produção, mas Mato Grosso precisará caminhar um pouco mais para elevar seus índices nesse quesito e ocupar posições maiores nos próximos levantamentos”, concluiu.

 

Por: Marianna Peres

Fonte: Diário de Cuiabá

 

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