Categories: Notícias

MT: Ambiente de negócios ruim

Para o segmento industrial, a opção por investir no Estado não é das tarefas mais fáceis: sobram problemas e impostos 

Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e fibras e o nono maior fornecedor de soja no mundo, tem muito que crescer no segmento industrial. Mais que isso, tem muito a melhorar, avançar, para deixar de ser um dos ambientes menos atrativo do país para o segmento. Atualmente, Goiás e Mato Grosso Sul são as melhores opções no Centro-Oeste para os investimentos. 

No celeiro do país, os problemas extrapolam a deficitária logística que abocanha a renda do frete de ida da produção e de vinda da matéria-prima. Não bastasse a falta de estradas e modais, o Estado tem a segunda energia elétrica mais cara e a maior alíquota do Simples Nacional do Brasil. Reflexo dessa realidade é que da formação do Produto Interno Bruto (PIB) o segmento industrial participa com apenas 16,4%, percentual que coloca o Estado na 21ª posição nacional. 

A falta de um ambiente atrativo de negócios em Mato Grosso pode ser comprovada na movimentação dos últimos dois anos: praticamente nenhum investimento de grande vulto aportou, com exceção de projetos voltados para o agronegócio, destaca o presidente da Federação das Indústrias no Estado (Fiemt), Jandir Milan. 

Se há um movimento de desconcentração das indústrias no país, Mato Grosso ainda não tem sido o endereço preferencial dos industriais. As informações fazem parte do estudo ‘Perfil da Indústria nos Estados – 2014’, divulgado ontem pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), com dados colhidos sobre o realizado em 2013. Conforme a entidade, o estado de São Paulo, o maior parque fabril do país, vem perdendo espaço na produção da indústria brasileira. Por outro lado, aumentou a participação no PIB dos outros três estados do Sudeste, e de outros localizados nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Também são esses estados que estão contratando mais trabalhadores. 

De acordo com o raio-x local, Mato Grosso possui PIB industrial de R$ 11,9 bilhões, equivalente a 1,2% da indústria nacional e que responde por 16,7% da economia do Estado. O segmento se concentrada na produção de alimentos, cuja participação é de 64,6%. A indústria fechou 2013 com 167 mil trabalhadores e é responsável por 21,1% do emprego formal local. 

Ainda em relação aos dados referentes ao exercício 2013, Mato Grosso possui 9.571 empresas industriais, respondendo por 1,8% do total de empresas que atuam no setor brasileiro. A indústria exportou US$ 912 milhões em 2013, o equivalente a 5,8% do total embarcado no período. O Estado é o 16º com maior valor de exportações industriais do país. 

A indústria mato-grossense de caracteriza como micro empresa, até 9 empregados. Das mais de 9,5 mil indústrias, 71,8% têm esse perfil e outras 23,5% são consideradas pequenas empresas, pois possuem entre 10 a 49 empregados. 

Apesar de um avanço considerável de 0,4 pontos percentuais (p.p.) no ganho de participação no segmento brasileiro do setor, entre 2001 e 2011 – em nível regional -, paga em média R$ 1.640,00 ao trabalhador industrial, salário 21,4% abaixo da média do país. A melhor remuneração na região está no Distrito Federal, R$ 2.319,00, 19,2% acima da média nacional. 

DECISIVO – Em relação ao custo da energia, Mato Grosso tem o segundo maior valor médio para o megaWatt (mWh) para consumidores industriais cativos em 2013: R$ 422,88, 35% acima da média nacional. O maior valor está no Acre, R$ 443,07/mW. O terceiro, em Roraima, R$ 422,01/mW. 

Outro peso em desfavor de Mato Grosso é a carga tributária. Além daquela que incide sobre a energia, e a faz a segunda mais cara do país, o Simples Nacional tem a maior alíquota efetiva média industrial do país: 23,2%. O Acre, que ocupa a segunda posição desse ranking das ‘desvantagens’, tem média de 8,8% para o setor. 

Para Milan, frete, energia e impostos tornam de fato o ambiente local pouco atrativo para negócios. “Goiás, aqui do lado, têm uma outra, e melhor, realidade”, exclama. 

Mesmo reconhecendo as dificuldades locais, Milan destaca que a logística tem perspectivas de melhoras no curto prazo com as obras em curso na BR 163 e que vão escoar a produção local pelos portos do Norte. “Isso vai baratear o frete de ida e vinda e isso deixará Mato Grosso numa posição de destaque e de privilégio em relação ao país”, declara. 

Sobre o Simples Nacional, o dirigente acredita na força do setor e na vontade política dos novos governos, tanto estadual quanto federal. “Nossa pauta foi apresentada aos candidatos, acreditamos em reduções gradativas, especialmente energia e comunicação. Sobre o Simples, tramita na Câmara Federal alterações que vão equilibrar essa diferença”.

 

Por: Marianna Peres

Fonte: Diário de Cuiabá

 

rsuser

Recent Posts

Cientistas conseguem ‘ler’ cérebro de cavalos para identificar emoções – Olhar Digital

Cientistas conseguiram criar um dispositivo capaz de detectar sentimentos em cavalos. A pesquisa publicada na…

4 anos ago

Startup mineira investe em fidelização no agronegócio

Seedz desenvolveu um software de fidelidade que valoriza o relacionamento entre agricultores e pecuaristas de…

4 anos ago

Vacas ganham app estilo Tinder para encontrar almas gêmeas no Reino Unido

Vacas ganham app estilo Tinder para encontrar almas gêmeas no Reino Unido A Hectare, startup…

4 anos ago

Jovem do interior de São Paulo se torna a rainha dos frangos no Brasil

A produtora rural Luciana Dalmagro, de 34 anos, em sua granja em Batatais, no interior…

4 anos ago

Fazenda Futuro traz ao mercado nova proteína com gosto de frango

A Fazenda Futuro, foodtech brasileira avaliada em 100 milhões de reais, traz ao mercado o…

4 anos ago

Ações são propostas para reduzir o desmatamento na Amazônia Legal por agronegócio e ONGs ambientais

Representantes do agronegócio, ONGs ambientais, setor financeiro, sociedade civil e academia relacionam medidas para reduzir…

4 anos ago