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Lago de Itaipu terá produção de peixes em escala industrial

Anuência do Paraguai abre caminho para projeto inédito no reservatório.

Vários fatores convergem para que um antigo anseio de pescadores de municípios lindeiros ao lago de Itaipu se concretize. Líderes paraguaios, ligados à Itaipu e também ao Ministério da Agricultura, manifestam-se a favor da criação de tilápias pelo sistema de tanque-rede em áreas do reservatório. Diante da gradual escassez de peixes ao extrativismo, os pescadores entendem que a utilização da técnica, além de preservar a fauna do lago, dará novo fôlego financeiro às cerca de 700 famílias que dependem da atividade no trecho entre Foz do Iguaçu e Guaíra.

O superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz, confirma a simpatia também da Itaipu quanto dos governos do Paraguai e do Brasil pelo uso do sistema de cativeiro à criação da tilápia. A reivindicação dos pescadores é antiga e o projeto não avançava justamente em função de entraves que estariam do lado paraguaio, mas agora essa barreira foi superada, informa o presidente da Colônias de Pescadores Nossa Senhora dos Navegantes, de Santa Helena, Lírio Hoffmann.

Embora confirme o aceno favorável de autoridades paraguaias ao projeto, Jair Kotz observa que a autorização definitiva precisa passar por estudos e análises técnicas, bem como pela aprovação formal dos respectivos ministérios e dos órgãos ambientais dos dois países. “Demos mais um passo sim pela engorda de tilápias em tanque no lago, no entanto outras fases precisarão ser enfrentadas”, conforme Jair, que se diz um otimista quanto à materialização do projeto.

Benefício
O uso de cercados para a engorda da tilápia só não foi autorizado até agora porque existe um tratado bilateral entre Brasil e Paraguai, sócios de Itaipu, que restringe certas ações envolvendo peixes que não são nativos da bacia. Está em curso projeto com foco na engorda do pacu, no entanto os resultados não agradam os pescadores. Eles enxergam na tilápia, em função de uma rápida e intensa conversão alimentar, como a melhor opção financeira à disposição.

Uma das metas do tratado bilateral é preservar as espécies nativas, no entanto a tilápia, considerada um peixe invasor, já é facilmente encontrada em praticamente todas as regiões do reservatório. “Eu mesmo costumo capturar tilápias no meu ofício”, diz Lírio Hoffmann, um dos idealizadores de abaixo-assinado, já entregue a autoridades, que pede liberação e pressa na implantação do sistema de tanque-rede. Essa passa a ser uma questão fundamental à sobrevivência das famílias de pescadores que dependem do lago de Itaipu. A renda mensal de cada profissional, em épocas autorizadas, é de apenas R$ 700.

Agora ou nunca
Lírio está animado com a anuência dos paraguaios ao projeto. “Com o aceno desse pessoal, o que precisamos fazer agora é mobilizar nossos líderes, principalmente parlamentares, para assegurar essa nova possibilidade de trabalho na região lindeira”. Diante dos vários fatores que se unem à causa, o presidente da Colônia Nossa Senhora dos Navegantes afirma que se o projeto não acontecer em 2014 não ocorrerá mais.

A luta dos pescadores profissionais de engorda de tilápia pelo sistema de tanque tem cerca de dez anos, mas foi amadurecida principalmente nos últimos três. Outro que aprova o projeto é o presidente da Colônia de Pescadores Z12, de Foz do Iguaçu, Flávio Kabroski. “Diante da necessidade crescente de produção de alimentos é incoerente manter uma estrutura desse tamanho desprezada. A atividade, com o devido suporte dos agentes técnicos e ambientais envolvidos, valorizaria famílias sofridas e acostumadas a pouco”.

Projeto de piscicultura e produção de alimentos
Alguns fatores contribuem para a antiga luta dos pescadores profissionais da região lindeira ao lago de Itaipu. O governo paraguaio desenvolve programa de estímulo à engorda de peixes pelo sistema de tanque-rede em propriedades rurais – escavados. Por isso, considera também as vantagens de ampliar a ação aproveitando, assim, as possibilidades dos seus lagos e reservatórios.

O Brasil, pela primeira vez na história, criou um Ministério da Pesca e, também de forma inédita, lançou um plano safra especificamente elaborado para incentivar toda forma de produção de pescado, com um capítulo especial à técnica do tanque-rede. Há ainda, na balança, a forte pressão mundial pela produção de alimentos, que passa a ganhar mais atenção dos governos diante das projeções de crescimento da população do planeta.

Outro dos argumentos dos que defendem a implantação do projeto no lago de Itaipu é que, com o uso do cativeiro, as famílias terão renda sem depender excessivamente dos recursos naturais da represa. “Haveria menor pressão de captura aos peixes nativos e, com isso, criar-se-ia um mecanismo de proteção e de gradativa elevação do número de exemplares”, conforme o presidente da Colônia de Pescadores Nossa Senhora dos Navegantes, Lírio Hoffmann.

Fonte: Portal Rondom

rsuser

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