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Hiperqueratose da ponta do teto: entenda um pouco mais sobre essa lesão e o impacto na ocorrência da mastite

– O que é hiperqueratose da ponta de teto?

A hiperqueratose da ponta do teto é um espessamento da pele que forma o canal do teto e circunda o exterior do orifício do teto. A condição dos tetos com hiperqueratose é descrita de várias maneiras como anel, flor, erosão, formação de calo, calosidade ou aspereza da ponta do teto. Hiperqueratose significa “crescimento exagerado de queratina”. É uma resposta fisiológica às forças aplicadas à pele do teto durante a ordenha, tanto pelo fechamento da teteira de um equipamento de ordenha, por um forte ordenhador ou por um bezerro vigoroso. Esta pode ocorrer inclusive em vacas de corte pela mamada do bezerro.

– Como se forma e quais são os fatores predisponentes para a ocorrência de hiperqueratose da ponta do teto?

 A hiperqueratose da ponta do teto é relacionada às condições de ordenha aplicadas ao teto e ao período de tempo que as teteiras ficam acopladas aos tetos. Durante a ordenha, a ponta do teto é comprimida pela pressão exercida pela teteira fechada. Essa pressão local resulta do uso da teteira montada so

btensão e forçada a envolver a ponta do teto. A aspereza da ponta do teto resulta de sobre pressão da teteira incomumente alta, gerada, por exemplo, por alto vácuo ou alta tensão da teteira, ou de aplicação muito longa da sobre pressão da teteira (associada com sobreordenha, por exemplo). Uma causa muito comum da hiperqueratose é a teteira acoplada ao teto do animal após o término de fluxo do leite. Com isso, o equipamento continua exercendo pressão sobre o teto, sem que haja fluxo e retirada de leite. Essa “sobre-pressão” exercida no teto pelo equipamento, mais precisamente, pelo aumento do nível de vácuo, pode levar a ocorrência de lesões na ponta do teto, entre elas, a hiperqueratose.

A sobreordenha, também, pode acontecer no início da ordenha. O primeiro passo da preparação da vaca para a ordenha é realizar o teste da caneca de fundo escuro bem feito, com posterior desinfecção do teto e secagem dos mesmos após 30 segundos de atuação do desinfetante. A colocação da teteira e inicio da ordenha, deve ser realizado entre 60 a 90 segundos após o teste da caneca, momento este em que a vaca estará bem estimulada. Vacas bem preparadas antes da colocação do conjunto têm melhor descida de leite e com isso, menor chance de ocorrer lesões no teto. É possível sobreordenhar uma vaca no começo da sessão de ordenha se ela for mal preparada, pouco estimulada, pois haverá baixo fluxo de leite e nível de vácuo elevado na ponta do teto, podendo ocasionar lesões. A hiperqueratose parece se desenvolver em longo prazo (2-8 semanas).

– Como diagnosticar a hiperqueratose?

 

A hiperqueratose do teto possui vários graus de lesões. O mais grave é facilmente visualizado pelos ordenhadores e produtores, pois ele se pronuncia no formato de flor na ponta do teto, e muitas vezes o observador nos relata que o animal apresenta um “prolapso” do teto, que é um termo usado de maneira incorreta. Mas a hiperqueratose, também, pode ocorrer de forma menos pronunciada através de um espessamento da pele que forma o canal do teto e circunda o orifício externo do teto, formando um anel ao redor do mesmo. Esse anel pode ou não apresentar ranhuras (ver fotos).

 Tabela 1: Escore de Condição de Ponta de Teto

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Fonte: Mein et al., 2001 

Fotos: Escore de Condição de teto, sendo 1 normal e 4 o mais gravemente acometido

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Escore 1

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Escore 2

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Escore 3

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Escore 4

A condição do teto deve ser sempre avaliada imediatamente após o conjunto ser removido e antes do desinfetante ser aplicado. O ideal é que se examinem todos os tetos de pelo menos 80% dos animais, examinando uma amostra representativa das vacas de todos os grupos de alimentação e manejo, levando em conta o estágio de lactação.

Se mais de 20% dos tetos tiverem escores 3 ou 4, ou mais de 10% tiverem escore 4, recomenda-se investigar o equipamento e o manejo de ordenha mais profundamente.

– Fatores que afetam a ocorrência da hiperqueratose da ponta de teto:

 

Os fatores que podem afetar a hiperqueratose são o formato da ponta do teto, a posição e o comprimento do teto, o nível da produção de leite, a taxa de pico de fluxo de leite, a duração da ordenha e sobreordenha, o estágio da lactação, a interação entre o manejo de ordenha e o equipamento de ordenha, as condições climáticas, sazonais e ambientais e a genética das vacas individualmente. 

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Adaptado de Ohnstad et al, 2003

– Como evitar ou reduzir a incidência de hiperqueratose:

Embora alguma hiperqueratose da ponta do teto seja uma resposta provavelmente natural à ordenha, alguns passos podem ser tomados para reduzir essa condição. O primeiro é avaliar a condição das pontas dos tetos do rebanho para identificar problemas relacionados ao ambiente, manejo ou equipamento de ordenha. Deve-se assegurar que a pele do teto esteja em boa condição, mantendo sua umidade e elasticidade natural. A hiperqueratose aumenta com o aumento da pressão aplicada às pontas dos tetos pelas teteiras e diminui reduzindo-se o tempo médio de ordenha por vaca. Teteiras de paredes muito macias e finas, que requerem apenas uma pequena diferença de pressão para se fechar, aplicam relativamente menores “sobre pressão” ao teto. Conhecendo a causa e corrigindo-a, pode se recuperar, com o passar do tempo, parte dos tetos lesionados.

– Importância da lesão de teto:

O canal do teto é a barreira primária à invasão do úbere por patógenos causadores de mastite. Com essas lesões, a porção externa do canal do teto pode não se fechar completamente e o teto perde sua integridade ficando mais susceptível a entrada de bactérias ou outros microrganismos para dentro do úbere. As bactérias ficam alojadas nas ranhuras e lesões no teto e os desinfetantes não conseguem atuar adequadamente nesses locais e eliminar esses microrganismos. No momento da ordenha essas bactérias podem ser transmitidas de um animal para outro e podem penetrar na glândula mamária, levando a ocorrência de mastite.

A bactéria Staphylococcus aureus é um microrganismo causador de mastite contagiosa e é um grande problema em rebanhos com lesões de teto, pois esses ficam alojados nas ranhuras da pele, nas quais os desinfetantes de teto não conseguem ter uma boa ação. Além disso, os animais que possuem lesões de teto ficam mais inquietos no momento da ordenha e podem não serem completamente ordenhados, sendo mais propensos a desenvolverem mastite.

 

As lesões na ponta de teto podem aumentar em até 7 vezes a ocorrência de mastite no rebanho. Por isso, cuidados para manter a saúde de teto das vacas são fundamentais para conseguir controlar a mastite.

 

Por: Equipe Rehagro

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