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Frango bem cotado no país

Em um cenário global, os altos preços dos grãos estão pressionando os custos de produção avícola e, consequentemente, sendo repassados pelas empresas para os consumidores

O aumento do preço da carne de frango que o mercado brasileiro registrou ao longo de agosto é reflexo da alta nos preços dos grãos no atacado, produtos que formam a base da ração das aves. Essa elevação é consequência da escassez mundial principalmente de milho e soja, causada pela seca prolongada nas áreas produtoras nos Estados Unidos e do excesso de chuvas no Norte da Europa. O resultado é o impacto significativo na produção avícola mundial.

As razões para o repasse do aumento para os preços que chegam ao consumidor, de acordo com o mercado brasileiro, são duas. A primeira é o reajuste de cerca de 20% nos custos de produção, alavancados principalmente pelo aumento das commodities (milho e soja, principalmente) e pela elevação consistente do custo da mão de obra nos últimos três anos. Uma das possibilidades para minimizar esse impacto sobre os custos é a de o governo intervir, aumentando e liberando mais linhas de crédito para a produção agrícola brasileira. A desoneração dos impostos da folha de pagamento era outra opção. A desoneração para a indústria que processa as aves já saiu e deve entrar em vigor em 2013.

A segunda razão é a busca por melhorias constantes de produtividade e qualidade dos produtos disponibilizados aos consumidores, que também contribui para essa escalada de preços, já que a indústria avícola nacional vem investindo consideravelmente na evolução do setor produtivo. Mas esse cenário não altera a situação da cadeia produtiva do setor, que, pressionado a reduzir a produção em alguns casos para ajustar seus preços diante do aumento de custos de produção, segue com receita abaixo das expectativas para sanar seus prejuízos acumulados ao longo dos últimos meses.

Em alguns casos, a valorização obtida pelo frango abatido está se aproximando do índice de inflação registrada no país. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), divulgado no último fim de semana de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação do ano é de 3,32%, sendo que o preço médio alcançado pelo frango abatido até agora está 3,33% acima do registrado em idêntico período de 2011.

CENÁRIO MANTIDO Tudo indica que no mercado nacional é provável que esse panorama de preços mais altos continue até 2013. A alta na cotação dos grãos e da mão de obra será responsável por essa manutenção.

Em um cenário global, os altos preços dos grãos estão pressionando os custos de produção avícola e, consequentemente, sendo repassados pelas empresas para os consumidores. Novos aumentos no custo dos grãos vão, certamente, levar a cortes adicionais na produção, segundo o International Poultry Council (IPC), organização não governamental formada por entidades representativas do setor avícola e outras associações que representam mais de 90% da avicultura comercial mundial.

De acordo com o IPC, os governos devem tomar as medidas que forem necessárias para evitar novos aumentos nos preços dos grãos. Historicamente sabemos que a carne de frango é a fonte de proteína animal mais acessível, e tem papel fundamental na oferta desse tipo de nutriente às populações de países menos favorecidos.

Assim, uma atuação forte do governo em políticas de benefícios para o setor e uma adequação e otimização de processos e estratégias por parte da indústria são extremamente necessários para assegurar que passaremos por mais esta fase.

Fonte: Jornal Estado de Minas
Publicação: 01/10/2012
Jairo Arenázio é Diretor-geral da Cobb-Vantress do Brasil, empresa de fornecimento de aves reprodutoras para granjas de corte

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