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Ferrugem da soja é identificada em São Paulo

O Consórcio Antiferrugem, por meio da Fundação ABC, fez o primeiro registro de ferrugem asiática da soja em área comercial na safra 2016/2017, no dia 15 de novembro, em Taquarituba (São Paulo). O foco registrado foi identificado em monitoramento realizado pelo pesquisador da Fundação ABC, Alan Cordeiro Vaz, em soja semeada em setembro.

Na safra 2015/2016, o primeiro foco em lavoura comercial foi registrado no dia 6 de novembro, também em São Paulo. Diferentemente da safra passada, que esteve sob o efeito do fenômeno El Niño, que pode provocar chuvas irregulares no Sudeste e no Centro-Oeste, atraso nas chuvas na região Nordeste e chuvas acima da média para a região Sul, nessa safra as condições climáticas tendem à neutralidade ou à influência do fenômeno La Niña.

Apesar do relato antecipado da ferrugem, nessa safra, a situação ainda é tranquila, porque os sintomas da doença são iniciais. “No entanto, nessa região de São Paulo há várias lavouras que foram semeadas ao final do vazio sanitário e encontram-se em fase avançada de desenvolvimento”, explica a pesquisadora da Embrapa Claudia Godoy. “Por isso, o monitoramento deve ser intensificado em lavouras em pré-fechamento ou em estádio de desenvolvimento mais avançado, e pode-se iniciar a proteção com fungicidas, uma vez que a presença do foco indica a presença de esporos na região”, avalia.

Godoy alerta que o monitoramento da ferrugem e a sua identificação nos estádios iniciais são essenciais para o controle eficiente. A orientação da pesquisadora é para que se realize o monitoramento o mais abrangente possível, com maior atenção para as primeiras semeaduras e os locais com maior acúmulo de umidade. “Para o monitoramento, devem-se coletar folhas dos terços médio e inferior das plantas, observando as folhas contra a luz, procurando pontuações escuras”, explica. “No verso das folhas a presença de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas, confirma a ferrugem”.

Em caso de dúvida, Godoy explica que as folhas devem ser colocadas em saco plástico com um pouco de ar e o saco amarrado, fazendo um pequeno balão (câmara úmida); pode ser colocado um pedaço de papel ou algodão umedecido dentro desse saco e deixado fechado em local fresco, à temperatura ambiente, por 12 a 24 horas. “Durante esse período de incubação o fungo poderá produzir urédias e uredósporos, que ficarão acumulados na superfície dessas urédias, tornando-se mais visíveis”, afirma a pesquisadora.

Os produtores podem acompanhar e colaborar para os relatos de ocorrência da doença pelo site do Consórcio Antiferrugem (www.consorcioantiferrugem.net). Também é possível acompanhar pelo o aplicativo do Consórcio que pode ser baixado para aparelhos IOs e Android. O relato de ocorrências pode ser realizado por laboratórios credenciados ou informados para a equipe do Consórcio Antiferrugem pelo email: cnpso.caf@embrapa.br

A Embrapa Soja tem um hotsite com informações detalhadas sobre a doença.
Consulte aqui: www.embrapa.br/soja/ferrugem

Sobre a doença – A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é considerada a doença mais severa da cultura, podendo causar perdas de até 80% de produtividade. O fungo originário foi relatado no Brasil em 2001 e encontrou nas condições favoráveis para sua sobrevivência e multiplicação durante todo o ano, explica Godoy. “O fungo se dissemina pelo vento e pode incidir em qualquer estádio da cultura, porém é mais comum após o fechamento do dossel, em razão do acúmulo de umidade e da menor incidência de radiação solar nas folhas baixeiras, por onde a doença tende a começar”, diz.

De acordo com Godoy, sua introdução trouxe consequências para o sistema produtivo da soja e seu controle é feito por meio da integração de medidas como a adoção do vazio sanitário (período de 60 a 90 dias sem soja na entressafra), com objetivo de reduzir o inóculo do fungo que só sobrevive em plantas vivas; semeaduras no início da época recomendada com cultivares precoces, para escapar da época de maior incidência do fungo; utilização de cultivares com genes de resistência e utilização de fungicidas.

Para Godoy o controle da doença tem sido ameaçado pela menor sensibilidade do fungo aos principais fungicidas colocando em risco a sustentabilidade da cultura. Genes de resistência têm sido incorporados às cultivares, mas as opções ainda são restritas. “Existem 120 fungicidas com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle da ferrugem, porém a eficiência dos fungicidas vem sendo reduzida em razão da seleção de isolados do fungo menos sensíveis ou resistentes aos mesmos”, explica Godoy. A pesquisadora orienta os produtores que na escolha dos fungicidas para o controle da ferrugem priorizem sempre a utilização de misturas prontas de diferentes modos de ação e a rotação de fungicidas.

Editor RuralSoft

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