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Embrapa MT apresenta novas tecnologias em dia de campo sobre sistemas integrados

Um público de mais de 650 pessoas participou, na Embrapa Agrossilvipastoril, do 6º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária realizado pela Embrapa e Sistema Famato/Senar. A programação trouxe tecnologias recém lançadas e até mesmo inéditas que podem ser adotadas pelos setor produtivo em Mato Grosso.

O dia de campo contou com um circuito de quatro estações, onde pesquisadores da Embrapa e parceiros institucionais apresentaram o manejo do componente florestal em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), as novas cultivares de forrageiras lançadas pela Embrapa e as próximas que chegarão ao mercado, a tecnologia inovadora de adaptação de bicos hidráulicos para pulverização eletrostático e os novos equipamentos para o manejo da bananeira.

Além destas estações, o dia de campo contou com uma novidade com a disponibilização de quatro estações satélites, onde, após o fim do circuito principal, os visitantes puderam conhecer mais sobre os temas e tirar suas dúvidas. As estações satélites abordaram cultivares e manejo de sorgo biomassa e de feijão-caupi, os materiais de soja convencional do Programa Soja Livre e os projetos Rural Sustentável, do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), e Plantwise, do Centro Internacional de Biociência Agrícola (Cabi).

Esta foi a primeira vez que o dia de campo foi realizado em abril. Até então ocorria em fevereiro, mês que concentra a colheita da soja e o plantio do milho. Com a mudança mais produtores, técnicos e estudantes de toda a região Norte de Mato Grosso puderam participar e levar o conhecimento para seus municípios.

“Essa estação sobre ILPF traz uma nova realidade para nós da região de Ipiranga do Norte (MT). Só soja e milho não está dando sustentação mais. Já estamos pensando em áreas com baixo teor de argila introduzir o gado, introduzir as pastagens e agora também a floresta. Então foi o motivo que viemos aqui conhecer”, afirmou ao fim do dia de campo o técnico agrícola Rudinei Duarte Scopel.

Já o extensionista da Empaer de Guarantã do Norte Amâncio Antunes Marques destacou os novos materiais forrageiros como uma opção de utilização pelos pequenos e grandes produtores da região.

“A gente já leva algumas informações de mudança para que o produtor mude um pouco essa característica da pastagem e possa adotar um pastejo rotacionado”, afirma o extensionista.

De acordo com o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Fernandes Júnior, o dia de campo é uma importante oportunidade para que o técnico, o produtor ou mesmo o estudante tenham contato mais próximo com a tecnologia que poderão vir a adotar. Além de poderem ver ao vivo os materiais, ele destaca a possibilidade de conversar com pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento da tecnologia.

“Aqui temos o privilégio de ter a pesquisadora que desenvolve as variedades de forrageiras. O representante da Unipasto que desenvolve o mercado das variedades. O pesquisador que desenvolver o pulverizador e o que desenvolveu as ferramentas para a banana. O Jaldes que está totalmente integrado no processo produtivo de mudas e no mercado florestal… É uma oportunidade muito rica e impactante no processo de construção da opinião do produtor. Traz os elementos para que ele tome decisões futuras”, explica Flávio Fernandes.

Parceria

Esta foi a quarta edição seguida em que a Embrapa Agrossilvipastoril realiza o dia de campo em conjunto com o Sistema Famato/Senar. A parceria é uma forma de unir forças na transferência de tecnologias em Mato Grosso.

“Temos que cada vez mais cultuar a união de forças e o compartilhamento de conhecimento. Cada entidade faz sua função, mas juntar e unir forças é fundamental. Cada uma faz uma grande força, juntando-as, trabalhamos melhor em beneficio de geração e transferência de tecnologia para quem precisa que é o setor produtivo”, analisa o relações institucionais do Senar, Walter Valverde,

Além do Sistema Famato/Senar, o dia de campo contou também com patrocínio do BID, da Unipasto e da Rede de Fomento ILPF, grupo formado pela Cocamar, Dow Agrosciences, John Deere, Parker, Syngenta e Embrapa visando à transferência de tecnologia de ILPF.

Programação técnica

Estação 1 – Manejo do componente florestal em ILPF

Nesta primeira estação, os engenheiros florestais Diego Antonio, da Embrapa, e Jaldes Langer, da Flora Sinop, abordaram o manejo de espécies florestais em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Questões como espaçamento, poda e desrama de diferentes espécies e visando diferentes propósitos foram mostradas em uma área demonstrativa. Além disso, a apresentação mostrou a diversificação de renda na propriedade e as tendências do mercado madeireiro.

Estação 2 – Novas opções de forragem

As características e o manejo das novas cultivares de plantas forrageiras desenvolvidas pela Embrapa, como BRS Tamani e BRS Zuri, além de outros materiais recém lançados, como o BRS Paiaguás e BRS Tupi foram o tema da estação conduzida pela pesquisadora da Embrapa Gado de Corte Valéria Pacheco Euclides. Ela também apresentou em primeira mão a BRS Quênia e a BRS Ipiporã, dois híbridos que serão lançados em breve.
Marcos Roveri, presidente da Unipasto, também palestrou nesta estação, apresentando a instituição que reúne sementeiras em prol do fomento das pesquisas para o melhoramento genético das plantas forrageiras.

Estação 3 – Pulverização eletrostática

Nesta estação, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Aldemir Chaim fez, pela primeira vez, uma demonstração pública do Sistema Universal de Eletrificação de Gotas para Bicos Hidráulicos. A tecnologia foi recentemente desenvolvida e possibilita, de maneira inovadora, converter qualquer bico de pulverização hidráulica em eletrostática. Para demonstrar ao público o efeito da tecnologia, ele a adaptou em um pulverizador costal comum.

De acordo com o pesquisador, a novidade desta tecnologia da Embrapa em relação a outras tecnologias de indução indireta é que ele resolve o problema do molhamento do bico que causava um curto circuito que danificava o eletrodo. Chaim explica que a solução encontrada impede a formação do filme líquido que faz a continuidade da corrente elétrica.

Na pulverização eletrostática uma carga elétrica estática é induzida em cada gota emitida, o que faz com que ela seja atraída pela planta que possui carga neutra. Com a inovação da Embrapa, é possível gerar uma carga elétrica muito alta em gotas pequenas, de 40 micrômetros. Essa carga elevada faz com que elas atinjam a planta muito rapidamente, antes mesmo de serem volatilizadas. Além disso, o fato de todas as gotas estarem com cargas elétricas de mesmo sinal faz com que haja uma repulsão entre elas. Com isso é possível atingir as plantas de maneira mais uniforme, mesmo em regiões mais escondidas, aumentando a eficiência do controle de pragas e doenças na lavoura.

Na prática, isso significa maior eficiência na pulverização, economia no uso de agrotóxicos e, consequentemente, maior eficiência no serviço de aplicação, já que a necessidade de reabastecimento do tanque é menor. Além disso, ao reduzir a quantidade de defensivos utilizados, a tecnologia traz benefícios ao meio ambiente.

Estação 4 – Cultivo da bananeira: controle da sigatoka-negra e desperfilhamento

Na última estação do circuito, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Luadir Gasparotto apresentou dois inventos que irão facilitar a vida do produtor de banana.
Um deles é um sistema de deposição de fungicida na axila da segunda folha. O equipamento ajuda a combater a sigatoka-negra, uma das principais doenças que afetam a cultura no Brasil.

Trata-se de uma adaptação de uma seringa veterinária, com mangueiras de silicone ou látex e um cano com a ponta curva. Este equipamento permite a aplicação do produto, na dose certa, diretamente na planta.

O invento traz entre outras vantagens em relação à aplicação aérea ou terrestre a maior eficiência no controle da sigatoka-negra, redução no número de aplicações, menor contaminação ambiental, uma vez que não há deriva, maior segurança ao operário e economia para o produtor.

A outra tecnologia apresentada foi o desperfilhador por roto-compressão, chamado comercialmente de Nova Lurdinha. Recém-chegada ao mercado, é uma ferramenta que aumenta a eficiência no trabalho de eliminação dos brotos (perfilhos) das touceiras de bananeira.

O equipamento é utilizado apenas com a força do operador. Para isso ele é colocado sobre o local da rebrota e comprimido. A força comprime uma mola que faz como que a broca que está na ponta gire e entre no broto, dilacerando a gema apical. Esse processo é diferente daquele feito pela Lurdinha. O aparelho mais utilizado até então para desenvolver esse trabalho retirava o broto, porém ao deixar o tecido apical, novos perfilhos poderiam ser formados exigindo a repetição da operação.

Pesquisas realizadas pela Embrapa Amazônia Ocidental, Unidade responsável pela inovação, mostraram que o desperfilhador por roto-compressão é até 20% mais eficiente do que a Lurdinha. Com o uso dele, em mil perfilhos, apenas 0,53% voltaram a brotar. Já com a Lurdinha o percentual de rebrota é superior a 22%.

O controle dos perfilhos é uma tarefa importante no manejo da bananeira, uma vez que garante a melhor condução das plantas desejadas, evita a competição por luz e nutrientes e garante frutos de melhor qualidade.

Outras vantagens da Nova Lurdinha são a melhor ergonomia para quem a opera e a economia de tempo. Testes realizados mostraram economia de até uma hora na eliminação de 1.000 perfilhos quando comparado ao uso da Lurdinha tradicional.

 

Editor RuralSoft

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