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Desenvolvimento da clonagem no Brasil é mais lento do que em outros países

Faltam investimentos para popularizar a técnica e reduzir custos para os pecuaristas

Burocracia e baixos volumes de investimentos públicos e privados criam entraves ao desenvolvimento da tecnologia de clonagem no país, na contramão da velocidade com que as nações desenvolvidas avançam na produção de animais clonados. Os dois problemas contrariam o peso do agronegócio na economia brasileira, para Maurício Machaim Franco, médico-veterinário e pesquisador da Embrapa Cenargem (Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia). “Acho importante que a Embrapa continue pesquisando sobre clonagem com o intuito de melhorar a eficiência da técnica e repassar informação aos laboratórios comerciais. Só assim o custo da produção dos clones será reduzido, popularizando o uso da técnica entre pequenos, médios e grandes pecuaristas”, afirma.

Um benefício que o produtor não deve perder de vista, segundo Maurício Franco, é o de que a clonagem permite acelerar o ganho genético na fazenda. Foi na Embrapa Cenargem, de Brasília, que nasceu o primeiro clone de bovinos do Brasil, a vaca Vitória, em 2001. Franco enfatiza, ainda, a aplicação essencial da técnica na reprodução de animais transgênicos, com características adequadas às necessidades de diferentes setores da produção, a exemplo daqueles que ganham mais peso ou apresentam níveis elevados de leite ou que produzam moléculas usadas na fabricação de medicamentos humanos.

Os laboratórios fazem suas apostas na expansão da oferta de clones. No Cenatte Embriões, o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento, Wilson Saliba, revela que em dois meses a empresa deverá fazer a primeira tentativa de clonagem de búfalos. Na Fazenda Jaguara, o médico veterinário observa o comportamento de um dos clones mais bem-sucedidos ao longo de quase quatro anos de atuação do Cenatte na área. Com três semanas de vida, a bezerra Irauna TN1, da raça nelore, mamou desde as primeiras horas e salta exibindo a mesma elegância da matriz, animal de ponta da Agropeva Agropecuária.

CONQUISTAS
A Embrapa Cenargem produziu o primeiro clone de bovino do Brasil (Cadu Gomes/CB/D.A Press)    
A Embrapa Cenargem produziu o primeiro clone de bovino do Brasil
Outra gestação do mesmo clone estará pronta para ganhar a liberdade no pasto dentro de 30 dias. “A sobrevivência desses animais é nosso maior desafio. Cada etapa do processo é um sucesso a ser conquistado, do embrião até a data em que o bezerro completa dois meses de vida”, afirma Saliba. Irauna TN1 nasceu com 34 quilos e cumpriu todo um ritual de assistência iniciado antes do parto. Exames de sangue e de sinais vitais são feitos a cada meia hora durante as primeiras 24 horas de vida do clone e se estendem por mais de 30 dias, completando o ciclo que a equipe médica considerar necessário para atestar a saúde clínica do animal. O Cenatte está investindo também no congelamento de células e de embriões de clones.

Rodolfo Rumpf, da Embrapa/Geneal, diz que para deslanchar a técnica da clonagem precisa de gente competente e insumos de qualidade disponíveis. Há dificuldades, como o custo alto de matéria-prima importada e a burocracia no desembaraço de reagentes na alfândega. “A ciência precisa andar. O uso do conhecimento é que tem de ser regulamentado, com base no que a sociedade decidir sobre como vamos atender a demanda em quantidade e qualidade”, diz o pesquisador.

PARA VIRAR LEI
Tramita no Senado o Projeto de Lei 73/2007, de autoria da senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O texto regulamenta as atividades de pesquisa, produção, importação, liberação no ambiente e comercialização de clones de mamíferos, à exceção de humanos, peixes, anfíbios, répteis e aves.

Fonte: Estado de Minas (em.com.br)

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