Desempenho do ovo em janeiro de 2015

Considerados os preços iniciais de janeiro – já em queda após o Natal – o ovo demonstrou inacreditável poder de recuperação, visto que seu preço de fechamento, no mês, foi mais de 60% superior ao registrado nos dois primeiros dias de negócios de 2015. Uma viva demonstração de que – independente, até, da “mãozinha” dada pelas temperaturas extremas do verão brasileiro – a avicultura de postura soube adequar-se rapidamente à demanda normalmente recessiva deste momento do ano.

Como resultado dessa ação, o valor médio do mês, embora ainda negativo, ficou menos de meio por cento abaixo do registrado em dezembro último, apresentando redução bem mais palatável que a de janeiro do ano passado, quando a queda enfrentada no início do ano foi de mais de 13%.

Plantada a semente (isto é, adequada a produção), os frutos devem ser colhidos rapidamente. Pois, já em fevereiro, toda uma série de eventos favorece a demanda de ovos. Primeiro, o fim das férias da população; segundo, a retomada da merenda escolar; por fim, a chegada (desta vez mais cedo que em 2014) do período de Quaresma.

Independente disso, porém, o setor precisa continuar atuando na preservação dos preços e na obtenção de remuneração adequada. Pois não só as condições econômicas do País impõem que se aja com a máxima racionalidade, como também ocorrências fortuitas podem vir a afetar a demanda esperada. Caso, entre outros, da crise hídrica, que pode, por exemplo, influenciar o ano letivo e, com isso, prejudicar um dos principais fatores de demanda – a merenda escolar.

Enfim, a máxima atenção é requerida, mesmo porque, aparentemente bons, os preços ora registrados pelo ovo não estão entre os melhores da história do setor. Muito pelo contrário. Isto é comprovado quando os preços médios anuais do produto são deflacionados pelo IPCA. Então se verifica, com surpresa, que o valor real recebido pelo produtor neste primeiro mês de 2015 é o segundo menor dos últimos 10 anos. Ou seja, supera apenas o de 2006, ano em que os reflexos de uma crise externa de Influenza Aviária recaíram internamente sobre a demanda de frangos e ovos.

Enfim, não há espaço para vacilações ou aventuras. Inclusive (ou principalmente) porque os custos de produção permanecem em elevação. Mesmo não havendo levantamento específico do custo da produção de ovos, sabe-se que eles aumentaram em 2014, fato demonstrado indiretamente pela Embrapa Suínos e Aves.

No último levantamento divulgado, essa unidade da Embrapa demonstrou que em 2014 o custo de produção do frango foi o maior dos últimos três anos, superando o memorável e desafiante 2012. Com o ovo não está sendo diferente.

Fonte: Avisite