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Cultivo consorciado cresceu 80% em Minas

Sistema beneficia o ambiente e reforça renda da propriedade

BELO HORIZONTE (28/06/2011) – O número de propriedades rurais mineiras que aderiram à Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) cresceu 80% desde 2008, quando o sistema foi lançado no Estado. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Nascimento, “nas 442 propriedades já incluídas predominam as práticas recomendadas pela Conferência de Copenhague, realizada em março de 2010, quando o governo brasileiro assumiu o compromisso de implantar, nesta década, a produção  consorciada em 4 milhões de hectares, entre outras iniciativas para reduzir os efeitos da emissão de carbono”.  

O sistema ILPF consiste na concentração, na mesma área, do cultivo de grãos, fibras, madeira, carne, leite e desenvolvimento da agroenergia. Os produtores que aderem às práticas recebem da Secretaria da Agricultura, por meio da vinculada Emater-MG, um pacote tecnológico (calcário, adubos, sementes de milho e braquiária), em volumes de acordo com a demanda definida pelo extensionista local para cada projeto. De posse dos insumos e contando com a orientação do extensionista, os agricultores têm condições de iniciar a produção consorciada.

De acordo com o secretário, os números relativos à expansão das unidades de cultivo consorciado em Minas Gerais mostram que a adoção do sistema, além de contribuir para o combate ao aquecimento global, garante resultados satisfatórios para os produtores. “A integração dá ao agricultor mais condições para aumentar a renda e fazer melhorias na propriedade”, acrescenta.

As atividades produtivas das propriedades mineiras incluídas no sistema ILPF são desenvolvidas em áreas constituídas principalmente por pastagens degradadas. De acordo com Nascimento, “este aspecto é muito importante se considerarmos que Minas Gerais tem aproximadamente 25 milhões de hectares de pastagem e cerca de 50% apresentam algum grau de degradação.” Ele observa que o cultivo de diversas espécies vegetais e a criação de bovinos, de forma integrada, possibilitam maior produção por área com sustentabilidade. O secretário ainda diz que o sistema possibilita a renovação do solo, o aproveitamento de adubação e dos resíduos da lavoura”                  

Segundo o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário e da Silvicultura da Secretaria da Agricultura, Guilherme Mendes, as  propriedades que aderem ao sistema são reconhecidas como Unidades Demonstrativas (UDs) de integração e utilizadas como vitrines tecnológicas para pesquisadores, extensionistas e agricultores acompanharem o desenvolvimento do sistema. “O acompanhamento dessas unidades é tarefa dos técnicos da Emater-MG presentes em 804 dos 853 municípios do Estado. Eles orientam os produtores em todas as etapas da integração desde a busca do financiamento específico para as atividades”, enfatiza.

Mendes ainda observa que o trabalho dos extensionistas inclui a elaboração de projetos e assistência técnica em ILPF, além da realização de eventos, como dias de campo, palestras e outros. “Em todas as oportunidades os técnicos ressaltam a importância da preservação ambiental nos projetos de integração”, explica.   

Diversificação da renda

Introduzido no município de Coronel Xavier Chaves (Campo das Vertentes) em 2009, o sistema ILPF alcançou naquele ano 4 hectares e agora é desenvolvido em 30 hectares, informa o extensionista local Leonardo Calsavara. Ele acredita que o cultivo consorciado pode ajudar a melhorar o cenário da produção no município porque diversifica a renda dos agricultores. “É uma alternativa economicamente viável, socialmente correta e ambientalmente sustentável para o agricultor, que não fica restrito a uma única cultura”, explica.

Uma unidade de ILPF foi criada na Chácara das Gabirobas, onde quatro hectares são utilizados para o plantio direto de milho para silagem, pastagem e eucalipto para produzir mourão, carvão, poste e toras destinadas a serraria. De acordo com o Calsavara, o sistema foi implantado pela Emater, em parceria com a Embrapa Gado de Leite e financiamento da Fundação Bunte.

O agricultor familiar Vanderlei dos Reis Souza, proprietário da chácara, informa que atualmente a área de pastagem ocupa 4,5 hectares e resiste bem ao período de seca porque tem a proteção da sombra das árvores, que garante conforto térmico aos vinte animais da propriedade. “No inverno, as árvores fazem uma barreira natural que reduz a incidência de ventos frios diretamente nos animais”, acrescenta o produtor.  

Além disso, de acordo com Souza, o sistema de ILPF possibilita a produção ininterrupta de alimento para o gado na Chácara Gabirobas. Para este ano está prevista uma produção de silagem superior às 40 toneladas obtidas na propriedade em 2010. O cultivo de eucalipto ocupa 8,5 hectares, sendo que em meio hectare a madeira já pode ser retirada. “Uma parte da madeira pode ser vendida para ser utilizada como escora em obras e outra parte será utilizada na propriedade”, informa o produtor.

No Sítio Correias, do agricultor familiar Márcio José Resende, a produção em 3,5 hectares também segue a cartilha do sistema ILPF. Desde o segundo semestre de 2009 o produtor mantém o cultivo consorciado de pastagem, milho e eucalipto. “A safra de milho no ano passado foi de 18 toneladas, apesar da estiagem prolongada, e neste ano o resultado deve ser melhor”, ele explica. Segundo Resende, o cultivo de milho compensa porque a cotação do grão, na região, varia de R$ 28,00 a CR$ 30,00 a saca de 60 quilos.

Resende prevê também a obtenção de lucro com a floresta de eucalipto que ocupa meio hectare do Sítio Correias. Depois que os eucaliptos (cerca de 50 mil pés) junto à pastagem alcançarem altura ele pretende colocar no pasto o gado da propriedade. Atualmente o produtor conta com 15 animais para corte e talvez inclua gado de leite no rebanho porque o custo de produção será acessível.

Os produtores interessados em aderir ao sistema de ILPF devem procurar a unidade da Emater-MG em seu município.

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Assessoria de Comunicação Social
Jornalista responsável: Ivani Cunha
Telefones: (31) 3915-8544 e (31) 3915-8552

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