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Criadores melhoram a produtividade preservando áreas de reserva no PA

Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo.

Ao mesmo tempo é o país que preserva a maior área de florestas tropicais.

No Para, criadores do Pecuária Verde estão conseguindo melhorar a produtividade dos seus rebanhos e transformar áreas de reserva em fonte de renda.

Florestas

Árvores frondosas e plantas variadas; insetos e bichos de todo tipo. Na Amazônia, cada fazenda deve preservar pelo menos 80% de sua superfície com florestas, mas em alguns casos, a lei permite que a reserva seja menor, somando, no mínimo 50%, da área total da fazenda.

De uma forma ou de outra, a manutenção dessas matas não impede algumas formas de manejo sustentável, previstas no Código Florestal. A fazenda Santa Maria, por exemplo, que tem mais de 1,6 mil hectares de reservas, começou a investir nesse tipo de plantio.

Funciona assim: nas áreas voltadas para madeira, o proprietário planta 160 árvores por hectare e cada linha de plantio recebe uma espécie diferente. Já nas áreas voltadas para fruteiras, a densidade é ainda maior: 312 árvores por hectare e as espécies plantadas são o cacau e cupuaçu, que têm bom valor de mercado. Tudo é feito com plano de manejo e autorização ambiental.

Para garantir um bom crescimento, de tempos em tempos, as novas árvores recebem adubo e as linhas de plantio passam por limpeza.

A colheita do cacau e do cupuaçu começa quatro ou cinco anos após o plantio. A expectativa é que a partir de então, cada hectare de mata traga uma lucro médio, por ano, de R$ 600, no caso do cacau e de R$ 1.250 para o cupuaçu. Isso é lucro, já descontadas todas as despesas.

Para as espécies de madeira, o corte se inicia depois de uns 25 anos. E pelas contas do projeto, já tirando todos os custos de produção, cada hectare deve dar um lucro de cerca de R$ 43 mil. Diluindo esse número total pelos 25 anos de espera, o lucro por hectare/ano, deverá ficar perto de R$ 1.720.

Pecuária

Além da proteção e do uso sustentável das florestas, o projeto também aposta na melhoria da pecuária das fazendas. As principais mudanças vêm ocorrendo no manejo do gado e na qualidade da pastagem.

A ideia é melhorar a alimentação do rebanho para aumentar a quantidade de animais por hectare. Dessa forma, o pecuarista pode produzir mais carne, no mesmo espaço, ou até mais carne em menos espaço.

O agrônomo Moacyr Corsi, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq), explica que problema comum nessa região é que, em geral, as pastagens são mal cuidadas. E capim fraco prejudica o ganho de peso.

Para evitar esse problema, Moacyr estimulou os pecuaristas a adotar um manejo mais intensivo, baseado na rotação: a boiada é separada em lotes e o pasto é dividido em parcelas. Cada lote fica alguns dias em um piquete e, depois, passa para outra área. Assim, o gado só retorna ao mesmo local depois de algumas semanas, o que permite a recuperação do capim.

Outra mudança importante foi analisar o solo e adubar o pasto com NPK. Com esses cuidados, as fazendas do projeto começaram a mudar de visual, mantendo as mesmas variedades de capim.

Com o capim mais farto, a lotação passou de uma para seis cabeças de gado por hectare, na média do ano. E a lucratividade disparou.

Nas fazendas do projeto, até 2011, cada hectare dedicado à pecuária, dava um lucro anual muito baixo: algo perto de R$ 70, no máximo. Hoje, nas áreas de manejo intensivo, cada hectare já deixa um lucro anual de cerca de R$ 700.

Diante de tais resultados, Gilberto Gonçalves, gerente da fazenda Santa Maria, conta que descobriu um novo jeito de tocar a propriedade.

“O interessante hoje é aproveitar bem essas áreas produtivas e dar condições para o reflorestamento, para agricultura e a recuperação das áreas ambientais. É bonito e é gratificante, hoje a gente consegue ver produtividade com sustentabilidade, isso que é importante”, diz.

Com recuperação das matas e melhoria na renda, os proprietários da fazenda, Lourival e Edenis também comemoram. Segundo eles, o projeto mexeu até com a autoestima da família.

As fazendas do projeto também receberam orientação para estimular boas práticas de manejo e valorizar o bem-estar animal. Os funcionários passaram por treinamento e, aos poucos, foram adotando uma nova postura. Confira como tudo funciona no vídeo com a reportagem completa.

Depois de três anos de trabalho, a equipe do Pecuária Verde não tem dúvida de que o projeto deu certo nas propriedades que servem como vitrine. O desafio, agora, é divulgar esse modelo para outras fazendas e outras regiões da Amazônia.

Vale lembrar que o Brasil é, ao mesmo tempo, o maior exportador de carne bovina e o país que preserva a maior área de florestas tropicais no mundo.

 

Por: Vico Iasi

Fonte: Globo Rural

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