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Criadores de gado do Amazonas se preocupam com a falta de pastagem

Rio Amazonas subiu antes do esperado e deixou o pasto encharcado.

Ciclo irregular das cheias já matou oito mil cabeças de gado na região.

Criadores do Amazonas começam o ano preocupados com a alimentação do gado. O rio voltou a subir e invadiu a pastagem das várzeas, deixando os animais sem ter o que comer.

O arroz nativo, que nesta época serviria de alimento para o gado, cresce pelas margens do rio, mas a terra está encharcada e há o risco de atoleiro para os bois.

Durante alguns meses do ano, o nível do rio Amazonas sobe e o pecuarista leva seu rebanho para áreas mais altas. Em terra firme, o pasto costuma ser insuficiente. Por isso, quando a água recua, o gado retorna à várzea, para ganhar peso no pasto que cresceu durante a cheia, mas este ano os animais vão ter menos tempo para engordar.

O gado voltou para a área de várzea há três meses, ainda não recuperou completamente o peso e o rio já voltou a subir. Daqui a cerca de dois meses, o rebanho deve ser levado novamente para terra firme. A preocupação dos produtores é que por lá ainda não há pasto.

A propriedade de Emerson Guimarães fica em um afluente do rio Amazonas em Itacoatiara. O produtor teve 15 perdas. “Aqui chegou magro, morreu atolado, morreu de fraqueza e lá morreu magro. O gado cai, não levanta mais”.

O pecuarista Claudiano Xavier reclama que nos últimos quatro anos seu rebanho caiu para a metade. Perdeu 200 cabeças de gado. Ele já não sabe mais como agir diante do ciclo das águas no Amazonas, que tem ocorrido de forma imprevisível. “Do jeito que está enchendo, daqui a dois meses tem que tirar. Aí é pau de novo, não tem para onde se defender, não”.

Segundo a Agência de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas, os criadores de Itacoatiara perderam oito mil cabeças de gado em 2014. O secretário de produção do município, Clemente Junior, diz que o ideal seria  investir em pasto na terra firme, mas os custos chegam a R$ 2,5 mil por hectare. “O que precisa é uma mobilização dos pecuaristas, dos criadores, junto ao poder público, às instituições de assistência técnica e de pesquisa, para que haja uma ação de recuperação de pastagem em toda a nossa região. Realmente é caro, mas quando se trabalha de uma forma correta, isso passa a ter resultado positivo”.

Em outra fazenda, o pasto está começando a se recuperar, mas não  deve ficar pronto até fevereiro, quando os bois voltam da várzea. Por isso, o veterinário Jaderson Weiller decidiu plantar capineira, como forma de melhorar a alimentação do gado. “A gente já vai estar preparado para não ter o efeito sanfona, que ocorre no gado aqui da região. É aquele gado que vai para a várzea magro, engorda, volta para a terra firme emagrece. O nosso não, a gente consegue manter ele gordo todo o ano”.

Em 2014, o nível do rio Amazonas subiu acima da média e desceu menos do que o normal.  Por isso, muitos pastos de várzea permaneceram alagados.

 

Fonte: Globo Rural

rsuser

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