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Criação de potros para esportes

Nos últimos anos, as competições de esportes equinos vêm se expandindo muito no Brasil, acelerando a criação e esquentado o mercado dos animais para a modalidade. Esse fator causou uma abertura na genética, o que nos permitiu inserir novas linhagens com muito sucesso, principalmente de cavalos de Corrida, fato que causará evolução genética nas próximas gerações.

A criação de cavalos esportivo está muito aberta, por isso não podemos descartar nenhuma linhagem que ainda não tenha sido testada nos diferentes cruzamentos possíveis para a modalidade. E não há dúvida de que devemos apostar no que já está dando certo. Uma vez determinado o cruzamento ideal, passa-se para a produção do embrião, seja na própria matriz ou através da técnica de Transferência de Embrião, a qual está amplamente difundida nas diferentes raças. Essa técnica deve ser realizada por profissional especializado em Reprodução Equina, podendo ser feita numa central, no próprio haras ou até mesmo dentro dos centros de treinamento que possuem estrutura adequada. Nos animais em campanha, deve-se haver uma sintonia entre o profissional que realizará o procedimento, o veterinário clínico que presta assistência ao animal, o treinador, o competidor e o proprietário, para que um setor não interfira no rendimento do outro, tornando possível o sucesso na reprodução e nas provas.

Geração e criação

A criação do potro se inicia logo após a confirmação da prenhez, enquanto ele ainda está no ventre da gestora. Nesse momento também se faz necessária a assistência de um profissional, que fará o acompanhamento e tomará as medidas profiláticas necessárias para a melhor gestação e nascimento do produto. Nos casos de Transferência de Embrião, a receptora não tem nenhuma influência nas características genéticas do produto, mas pode alterar as características fenotípicas do potro. A capacidade digestiva dessa é muito importante, pois é pela boca da receptora que entra os nutrientes para o desenvolvimento do concepto, bem como a facilidade e a habilidade dela no momento do parto. Após o nascimento, a habilidade materna da gestora passa a ter papel crucial na criação. Essa característica é determinada pela capacidade de aleitamento, cuidados da égua com o potro e o seu comportamento, que em casos extremos pode vir a alterar a índole do produto.

O potro deve receber cuidados logo no primeiro dia de nascimento. Os profissionais responsáveis possuem protocolos de tratamento e de prevenção de doenças de acordo com a necessidade do animal e de cada ambiente, os quais devem ser seguidos à risca. Desde o nascimento, os aprumos do potro devem ser avaliados e um especialista consultado, caso haja necessidade de se fazer correções, os quais podem ser feitos desde as primeiras semanas de vida, sendo maiores as chances de corrigir as alterações, sejam elas de origem genéticas ou de desenvolvimento.Até por volta dos 90 dias, o potro se alimenta exclusivamente do leite materno. Embora possa ser observado pastando, esse alimento não tem suporte nutricional ao animal, mas é importante para o desenvolvimento do aparelho digestivo. A partir do 3º mês, deve-se iniciar o fornecimento de suplementação através de ração ou volumoso de melhor qualidade, que pode ser feito via creep-feeding (divisória de cocho) enquanto ele ainda está no pé da égua.

O desmame deve ser feito entre 120 e 150 dias de vida, sendo determinado pelo tamanho e desenvolvimento do potro. Um produto de crescimento acelerado pode sofrer alterações não desejáveis se permanecer ao pé da égua, nesse caso, o estresse sofrido com a desmama precoce pode controlar e estabilizar o seu desenvolvimento. Após o desmame, o ideal é que o potro siga para o melhor piquete da propriedade e que preferencialmente esteja com outros animais nas mesmas condições de desenvolvimento. Lá, eles receberão ração balanceada, específica, juntamente com a mineralização, que é muito importante, pois o crescimento ósseo é muito rápido durante essa fase. Em determinadas épocas do ano, em que a qualidade do capim não é a ideal, corrigimos esse déficit com suplementação de volumoso de melhor qualidade, como, por exemplo, o feno de alfafa. Esses animais devem ser observados constantemente por profissionais capacitados a diagnosticar as mínimas alterações, sejam elas no estado de saúde, nutricional, crescimento ou comportamento. O diagnóstico precoce pode evitar sequelas na vida adulta.

Preparação e treinamento

A fase final da criação, entre o 15º e 18º mês é quando será decidido se o potro será vendido e brilhará sob a sela de outros ou reservado para continuar “em casa” e levar adiante o treinamento. No caso da escolha para a venda do animal, a idade ideal é aos 18 meses. Para isso, é necessário um período de aproximadamente 03 meses de preparação, quando o potro é estabulado, recebendo alimentação adequada, cuidados com a pelagem e trabalho de condicionamento físico.

Aos 24 meses, o potro está apto para o processo de doma, hora em que mostrará todas as qualidades e virtudes. É muito importante o papel do treinador, pois cada animal, cada linhagem, cada característica que foi escolhida, devem formar parceria com o cavaleiro, que poderá aproveitá-las ao máximo, sempre respeitando os limites do cavalo.

Durante o treinamento, deve-se respeitar as características fisiológicas do animal, compreendendo que ele ainda está em desenvolvimento. Nessa fase, ele passará por um processo de amadurecimento e lapidação de personalidade. O acompanhamento técnico é muito importante, pois será desenvolvido um programa de trabalho, suplementação e prevenção de lesões, visando à longevidade nas pistas.

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