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Cortadores de cana trabalham há 20 anos sem carteira assinada em SP

Funcionários também trabalhavam sem equipamentos de segurança.

Flagrante foi feito por procuradores do Ministério Público fazenda de Bauru. O Ministério Público do Trabalho encontrou cortadores de cana em situação semelhante à de trabalho escravo em uma fazenda em Bauru, São Paulo. Os funcionários não tinham carteira assinada nem equipamentos de segurança e os alojamentos eram precários.

Com autorização da justiça, os procuradores arrombaram as porteiras da fazenda. No meio do canavial, foram encontrados nove trabalhadores rurais em péssimas condições de trabalho. Um dos homens desmaiou no meio da lavoura e foi socorrido pelos policiais.

O homem responsável pela contratação dos trabalhadores é Emetério Divino de Lima, de 58 anos. Com ele, os policiais encontraram duas armas sem registro, de calibres 12 e 32, além de porções de crack e de maconha. Emetério foi preso e algemado no local.

Segundo os procuradores, alguns cortadores de cana trabalham há mais de 20 anos sem carteira assinada. Eles também não usavam equipamentos de segurança.

“Sem condições mínimas de higiene e conforto, sem água potável. Eles estão sendo tratados como escravos para cortar cana nesta propriedade”, diz Luís Henrique Rafael, procurador do Ministério do Trabalho.

O trabalhador rural Benedito Dias trabalha para o Emetério há 22 anos e nunca teve registro em carteira. Ele conta que o empregador propôs o pagamento de R$ 50 por dia de trabalho, mas a maioria dos cortadores de cana recebia apenas R$ 15. “Desconta a pinga e o fumo. Se a gente chega de tarde e pega três ou quatro pingas são R$ 3 por dia. Agora, se pega fumo ou papel é um pouco a mais”, diz.

A precariedade e a sujeira impressionam nos alojamentos. Os barracos de madeira ficam em uma propriedade rural, em Arealva, a 40 quilômetros de Bauru. Os quartos são apertados e não têm janelas. As camas e a geladeira ficam amontoadas junto com pneus e equipamentos de trabalho. Um dos alojamentos está ao lado do chiqueiro.

“Dentro do alojamento tem óleo diesel, com risco de explosão. Em outro alojamento nós encontramos botijão de gás. Os trabalhadores dormindo no chão, todos os amontoados, em um lugar sem a menor condição de habitação”, diz Marcus Vinícius Gonçalves, procurador do Ministério do Trabalho.

Emetério Divino de Lima foi levado à delegacia da Polícia Federal em Bauru. Ele irá responder pelos crimes de tráfico de drogas, trabalho escravo e porte ilegal de armas. O dono da fazenda disse que não sabia do esquema e que vendeu a cana para outro agricultor, que se encarregaria do corte. O Ministério Público do Trabalho convocou os dois produtores para uma audiência para tratar das indenizações dos funcionários.

 

Fonte: Globo Rural

rsuser

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