Conservar o solo para reduzir prejuízos

A principal forma de perda de solo de uma propriedade é a erosão, o fenômeno natural provocado pela fragmentação de materiais da crosta terrestre por determinados agentes como a água, o vento e o sol, formando partículas. Essas partículas são transportadas para outros locais, principalmente, pela ação da água e do vento. A erosão ocorre desde a formação da crosta terrestre e não pode ser interrompida, apenas desacelerada.

A perda de solo por erosão é significativa, sendo que mesmo as estimativas mais modestas indicam perda anual na ordem de uma tonelada de solo por hectare, em sistema de plantio convencional (com revolvimento do solo). Porém, em alguns casos, encontram-se perdas superiores a 50 t ha-1 ano-1. Perdas de solo dessa magnitude trazem uma série de prejuízos econômicos para a sociedade. O assoreamento de rios e lagos, por exemplo, aumentam a necessidade de medidas corretivas, como dragagem, e eleva os custos com tratamento de água. Estudos conduzidos nos Estados Unidos mostram que esses prejuízos podem ser superiores a dez bilhões de dólares, por ano, naquele país.

Nas propriedades rurais, os prejuízos da erosão são verificados pela queda de produtividade resultante, principalmente, da perda de matéria orgânica e de nutrientes minerais transportados com as partículas de solo. Os custos para repor a fertilidade perdida, em termos de nutrientes, seriam anualmente de, no mínimo, R$ 60 por hectare, podendo chegar a R$ 1,5 mil. O prejuízo tende a aumentar com o passar dos anos, pois as qualidades físicas e microbiológicas do solo também são prejudicadas e mais difíceis de recuperar.

Os prejuízos da erosão nem sempre são nítidos. É como uma tubulação com vazamento oculto ou um refrigerador com problema de vedação. Assim, o agricultor acaba pagando esses custos embutidos em outros gastos da propriedade. Para minimizar os prejuízos, existem tecnologias adequadas a diferentes perfis de produtores, pesquisadas pelos diversos centros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Tecnologias

Uma tecnologia introduzida no Brasil na segunda metade do século XX e que vem ganhando cada vez mais espaço é o Sistema Plantio Direto (SPD), que consiste na implantação da lavoura sem preparo do solo, mantendo-se os resíduos da cultura anterior sobre ele. A cobertura vegetal reduz o impacto das gotas de chuva, evitando a primeira fase da erosão hídrica, que consiste na dispersão das partículas do solo. Estudos mostram que o SPD reduz as perdas de solo no Brasil em 14 t ha-1 ano-1, e que áreas sob SPD podem apresentar perdas de solo até 90% menores às áreas sob sistema convencional.

Outra prática conservacionista é o cultivo mínimo que consiste em cultivar o solo preparando-o somente nas linhas de plantio. Dessa forma, preservam-se os resíduos vegetais nas entrelinhas. O cultivo mínimo é muito utilizado na silvicultura, garantindo maior conservação de água e solo durante a fase de implantação da floresta.

As florestas também contribuem para reduzir a erosão. Isso ocorre devido à proteção do solo pela copa das árvores e pela camada de resíduos vegetais que cobre o solo (serapilheira). Além disso, em geral, considerando-se o ciclo da cultura, os cultivos florestais requerem menos movimentação do solo.

As pastagens também representam um uso conservacionista de solo e água. Quando bem manejadas, a perda de solo em pastagens chega a ser inferior a de florestas de eucalipto, e 50 vezes menor em comparação ao solo exposto. Porém, deve-se atentar para sua capacidade suporte. O sobrepastejo reduz o efeito protetor da forragem e provoca compactação do solo. Assim, sistemas como o pastejo rotativo podem desacelerar a erosão.

Percebe-se que todos os sistemas exemplificados possuem um ponto em comum: mantêm a cobertura vegetal sobre o solo. Práticas como a queimada devem ser evitadas ao máximo, pois, além de expor o solo à erosão acelerada, afetam drasticamente a parte viva dele escondendo – por detrás de sua “praticidade” – os prejuízos da erosão.

 

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