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Com terceira maior safra de algodão, produtores de MT tiveram ano difícil

Veja uma retrospectiva dos principais acontecimentos da cultura no Estado.

Principais preocupações foram com o bicudo, preços em baixa e custos. 

O ano de 2014 para os produtores de algodão em Mato Grosso não foi fácil. As áreas foram maiores , os custos mais altos e o mercado apresentou queda. As boas notícias vieram, mas ficaram em segundo plano. Foi a terceira maior safra da história, com 995 mil toneladas de pluma em 646 mil hectares, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A produção de algodão em caroço em 2014 atingiu 2,55 milhões de toneladas, aumento de 44,8% em relação ao ano de 2013, devido ao cenário positivo esperado pelos produtores durante o planejamento da safra.

Depois dos prejuízos na safra 13/14, os produtores de algodão iniciaram 2015 com o controle das pragas em dia e com mais conhecimento para combater a Helicoverpa armígera. Na opinião do coordenador de produção, João Mattos, com relação à safra passada os produtores estão bem na frente. “Aplicamos produtos errados para controle. O estágio da lagarta não era o ideal. Erramos muito na safra passada e essa safra aprendemos com os erros.”O excesso de chuvas também foi motivo de preocupação, assim como plantações com falhas e a maior pressão de doenças e pragas , principalmente o bicudo do algodoeiro. “Tivemos um custo maior, dificuldade maior de se controlar o bicudo, porque a cada vez que você entra, vai estar tendo mais inseto, bicudo mais resistente, se esconde muito fácil dentro da flor, alimentando do botão e isso realmente tem dificultado o seu controle”, disse o produtor rural Giovani de Paula Rosa, em junho .

Mesmo com o produtor tendo que administrar os entraves técnicos, antes mesmo da colheita os preços, que haviam motivado o aumento das lavouras, já estavam despencando. Em julho, o diretor-executivo do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), Álvaro Sales, explicou que a perspectiva no início do ano era de se conseguir R$ 70 por arroba para que os custos de produção pudessem ser cobertos.

Mas, em meados do ano, esse valor já estava em R$ 60/@ e o preço médio do algodão fechou o ano cotado a R$ 58/@,  (dados Imea), 7,6% menor que a cotação média de 2013, que ficou em R$ 62,77/@. O principal motivo da queda foi devido aos preços internacionais desfavoráveis, de acordo com o Imea.O ano, porém, também teve boas notícias, como o reajuste do preço mínimo após a espera de uma década, passando de R$ 44/@ para R$ 54/@. “O preço foi reajustado mas ainda está abaixo do nosso custo de produção. As demandas que nós tivermos com certeza vão ser pleiteadas junto ao governo e temos certeza de que haverá um bom entendimento em cima de nossas demandas”, destaca Gustavo Piccoli, presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA).

O acordo do contencioso do algodão entre Brasil e Estados Unidos foi considerado uma conquista para a categoria, sendo que o país norte-americano repassará R$ 300 milhões de reais ao Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) como forma de recompensar os eventuais prejuízos sofridos pelos agricultores brasileiros.

Quando as colheitadeiras entraram em ação, não houve motivos para reclamações, já que a produtividade foi considerada satisfatória. Mas o mercado da pluma permanecia em baixa e, naquele momento, os planos para a nova safra já estavam sendo traçados, visando uma redução na área plantada com a cultura.Para a safra 2014/15, a Ampa estima que haja uma redução de área de 12% para a cotonicultura. A demanda, segundo projeção do Imea, deve continuar existindo, uma vez que as expectativas mundiais do Comitê Internacional do Algodão (Icac) apontam para crescimento de consumo em 3,6%. “No entanto, esse aumento não deve ser suficiente para trazer a devida reação que os preços internacionais precisam para que a margem volte a ser positiva, apenas impedindo maiores quedas. Tudo isso, graças aos estoques elevados que o mundo possui.”

A projeção, entretanto, estima que existe a possibilidade de que isso não se confirme e o consumo caia. “A conjuntura econômica esperada no país em 2015 não favorece o aumento de consumo por parte da população. Por outro lado, caso o dólar suba a patamares que inviabilizem as importações, a produção interna ganharia competitividade”, informa boletim do Imea.

“Eu diria que 2014 é um ano mais complicado que 2013, mas me preocupa mais 2015 onde vamos entrar com os estoques mundiais muito altos, e com uma expectativa de preços para 2015 menor que este ano”, diz o presidente da Ampa.

 

Por: Amanda Sampaio/Luiz Patroni

Fonte: G1 – MT

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