A infestação por cestóides em eqüinos, principalmente a Anoplocephala perfoliata, tem alta prevalência em todo mundo incluindo o Brasil. A resistência dos cestóides aos anti-helmínticos normalmente utilizados para controle de nematóides, somados à dificuldade de diagnóstico clínico e laboratorial, expõe os animais a esta parasitose, que quando em alta infestação, predispõe a cólicas espasmódicas e risco de distúrbios digestivos mais graves como intussuscepção íleocecal, cecocecal ou cecocólica.
Nos programas profiláticos, deve-se incluir vermífugos à base de palmoato/tartarato de pyrantel ou praziquantel.
Dentre os 3 tipos de tênias que infestam os eqüinos, a Anoplocephala perfoliata, é a mais comumente encontrada e de maior importância clínica – as demais são a Anoplocephala magna e Paranoplocephala mamillana.
A tênia Anoplocephala perfoliata, tem como hospedeiro definitivo o eqüino, hospedeiro intermediário os ácaros oribatídeos e forma larvária cisticercóide. Os carrapatos infectados com a larva cisticercóide são ingeridos pelos cavalos durante o pastoreio. No intestino destes animais, após 8 semanas, a larva infectante se transforma em verme adulto, quando passa a produzir ovos, que são eliminados nas fezes e novamente ingeridos pelos carrapatos, iniciando-se assim um novo ciclo.
Os locais mais comuns de fixação do parasita são ao redor da válvula ileocecal, ceco e porção proximal do cólon maior e dependendo do grau de infestação, pode causar inflamação e ulceração, que se manifestam clinicamente por alteração da motilidade intestinal (20% das cólicas espasmódicas são causadas por cestóides) até problemas digestivos mais graves como compactação de íleo (80% dos casos estão associados a estes vermes), espessamento da parede do íleo, intussuscepção ileocecal, cecocólica ou cecocecal e ruptura ou perfuração do ceco.
Deve-se destacar que os animais infectados por tênia, mesmo que intensamente parasitados, podem não apresentar os sinais típicos de outras verminoses, encontrando-se muitas vezes em excelentes condições gerais, com pelagem lisa e brilhante e sem histórico de diarréia. Os métodos coprológicos normais têm baixa sensibilidade, o que dificulta o diagnóstico.
As cólicas resultantes de lesões associadas à infestação por A. perfoliata, são geralmente diagnosticadas na autópsia ou durante a laparotomia exploratória, e neste caso, as avaliações clínica e laboratorial pré-operatórias são próprias de um quadro inespecífico de obstrução intestinal.
Considerando-se a dificuldade de diagnóstico laboratorial, os sinais clínicos variáveis da infestação por tênia, e sendo os anti-helmintos à base de ivermectina, moxidectina e benzimidazóis inócuos contra os cestóides, recomenda-se incluir nos programas de profilaxia, vermífugos à base de pamoato ou tartarato de pirantel ou praziquantel, evitando-se a medicação em éguas no último trimestre de gestação. A rotação de piquetes e o controle do excesso de animais/área de pasto, são medidas adicionais importantes.
