Chuvas e falta de manejo afetam lavouras

Chuvas e falta de manejo afetam lavouras

O plantio direto marcou uma nova etapa na agricultura brasileira, mas levou o produtor a acabar com as curvas de nível e com os terraços, que a pesquisa garante, fazem muita falta em períodos de chuvas fortes e contínuas, como tem acontecido no país. A erosão pode ser a principal consequência, caso o produtor descuide das práticas de conservação de solo.
Na propriedade do agricultor Antônio Perucci, em Arapongas, norte do Paraná, o milho é colhido com um maquinário de grande porte, o que reduz o tempo de trabalho e agiliza o plantio da safra seguinte. Na área, como na maioria das lavouras brasileiras, não se vê mais os terraços e as curvas de nível, comuns 15 anos atrás. O produtor diz que fica impossível fazer a colheita com equipamentos tão grandes passando sobre um terreno com elevações. Ele acredita que o plantio direto protege o solo o suficiente.

– A gente tirou a curva de nível para facilitar o serviço porque o terreno tinha muita curva de nível. Aí adotamos o plantio direto e agora a gente consegue fazer mais palhada, mais massa, e evita correr água e a erosão. A gente não tirou todas, mas diminuiu bastante.
Há mais ou menos cinco anos, os pesquisadores da área de conservação de solos começaram a perceber que os produtores que adotavam o plantio direto passaram a acabar com os terraços. O problema foi registrado primeiro no Rio Grande do sul, mas se espalhou por todo o Brasil.

A pesquisadora Graziela Barbosa, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), lembra que a palhada é importante, pois impede a perda de solo em até 10 vezes mais do que em áreas sem a cobertura, além de ajudar a conservar a umidade e os nutrientes do solo. Mas alerta para o papel fundamental dos terraços e das curvas de nível, especialmente em períodos de fortes chuvas, como tem acontecido nos últimos meses.

– Se o produtor tira os terraços, essa água vai ganhando velocidade. Então, quanto mais velocidade ela tem, mais racha ela vai provocar. E começa, então, a erosão superficial e depois evolui até para uma erosão em sulco e aí causando até as grandes voçorocas – explica.

Ainda não há estatísticas sobre a volta da erosão nas lavouras do Brasil. Os pesquisadores querem evitar justamente que o problema cresça a ponto de ser mensurado. Eles lembram ainda que o manejo do solo com qualidade inclui uma boa rotação de culturas. Na propriedade de Antônio Perucci, a palha da aveia semeada no inverno colaborou para uma lavoura de milho saudável neste verão, mesmo com as chuvas pesadas dos últimos dias.

O agricultor também deve planejar a divisão da área e adotar em uma das partes a cobertura verde que vai garantir nutrientes. Além disso, é importante estudar como refazer os terraços e as curvas de nível, para evitar prejuízos no futuro.

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