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Cedro australiano desponta

Dominado pelo eucalipto, o plantio florestal de produção em Minas Gerais desperta para uma nova espécie com potencial, o cedro australiano, alvo de intensas pesquisas nos últimos seis anos nas regiões de Campo Belo, no Centro-Oeste do estado, e de Lavras, no Sul. Pioneira na oferta de mudas, a empresa mineira Bela Vista Florestal lançou cinco tipos de clones testados em municípios do cerrado e de áreas de mata atlântica, em diferentes altitudes, temperatura e qualidade do solo. As matrizes foram importadas da Austrália e submetidas a um programa de melhoramento genético e florestal desenvolvido com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, na Região Central de Minas, a também mineira Terra Verde abriu espaço para o cedro australiano na venda de mudas já entregues em Itabirito, Ponte Nova, Rio Casca e Leopoldina.

As virtudes da árvore e o mercado promissor ficaram evidentes nos planos ambiciosos da Bela Vista Florestal, que investiu mais de R$ 2 milhões em pesquisas avançadas, informa Ricardo Vilela, diretor da empresa, de origem familiar, especializada na produção de mudas florestais de eucalipto e cedro australiano (Toona ciliata). A partir das matrizes selecionadas em toda a costa leste australiana, desde 2007 foram produzidas 30 mil mudas, das quais 12 mil foram levadas ao campo em dois testes de progênie, no Sul e no Noroeste de Minas.

Nova bateria de análises foi feita com as 40 plantas superiores em quatro plantios nos municípios de João Pinheiro, Campo Belo e Piumhi. Com os seis clones selecionados, o matrizeiro da Bela Vista Florestal está diminensionado para uma capacidade de produção de 1 milhão de mudas por ano. “Trabalhamos com cultivares de alto desenvolvimento, avançamos muito na nutrição e racionalizamos o manejo da cultura, para ter segurança em relação à qualidade do material melhorado”, diz Ricardo Vilela. Os clones mostram produtividade de 25m3 a 35 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano, enquanto o material de sementes gira em torno de 12m3 a 15 metros cúbicos anuais. Há ganhos, ainda, na resistência da planta às pragas e doenças, na forma mais adequada e no manejo.

Os plantios de cedro australiano em Minas são considerados experimentais pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), numa extensão estimada em 1 mil ha a 2 mil hectares concentrados no Centro-Oeste e Sul do estado. Entre 2007 e 2010, o IEF apoiou o trabalho de melhoramento genético em Campo Belo, por meio da Associação de Produtores Florestais do Sudoeste de Minas (Apflor), e considera os resultados positivos numa área em que os produtores têm sido alertados sobre a necessidade de assegurar a confiabilidade de fornecedores de mudas e de buscar informações sobre o mercado da madeira e as condições da propriedade para obter sucesso na cultura.

“Embora os plantios de cedro sejam bons em relação ao crescimento da planta, o manejo e a adequação do ponto de vista comercial da madeira deixam a desejar”, afirma Danilo Rocha, técnico da Diretoria de Desenvolvimento e Conservação Florestal do IEF. A preocupação é de que o produtor tenha a segurança de desfrutar na fazenda das características de solo e clima para o desenvolvimento da planta e além disso detenha informações sobre o manejo correto. Outro desafio central está no acesso ao mercado, alerta Rocha.

Cultura mais exigente que o eucalipto, o cedro australiano oferece madeira nobre, bonita e fácil de ser trabalhada. A escassez dos cedros nativos, da mesma forma, estimula a floresta plantada, que os produtores têm avaliado com boa perspectiva de retorno, segundo Bruno Santana Moreira, presidente da Associação dos Produtores de Palmito da Região dos Inconfidentes (Aperi, que abrange Itabirito, Ouro Branco, Ouro Preto e Mariana). A produção do viveiro mantido por Santana em Cachoeira do Campo é concentrada no eucalipto, mas o cedro ganhou seu espaço, apesar de um volume, por enquanto, equivalente a 10% da demanda do concorrente tradicional.

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