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Carrapatos são controlados em rebanhos bovinos por meio de seleção genética

Considerado um dos inimigos mais implacáveis dos rebanhos bovinos, os carrapatos começam a ser controlados no Rio Grande do Sul por meio de seleção genética. Fruto de pesquisas desenvolvidas a campo nos últimos anos, a metodologia identifica animais mais resistentes ao parasita para reproduzir filhos com a mesma característica.

A necessidade do controle é justificada pelos prejuízos que causam à pecuária brasileira: mais de US$ 2 bilhões anuais (em torno de R$ 5 bilhões). A identificação de animais menos e mais propensos à infestação é feita pela chamada análise genômica, cruzamento entre a contagem de carrapatos no animal e as informações genéticas.

– A partir dessa correlação (entre a quantidade de carrapatos e diferenças detectadas no DNA), conseguimos saber o nível de resistência e quanto será transmitido aos herdeiros – explica Fernando Flores Cardoso, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul.

Nos últimos quatro anos, projeto desenvolvido por Embrapa, Conexão Delta G e GenSys fez a genotipagem de 3,6 mil bovinos das raças hereford e braford no Rio Grande do Sul. Do rebanho avaliado, em processo que inclui três contagens de carrapatos por ano e coleta de sangue ou de pelo, quase 3 mil foram da raça braford.

– Isso nos fez alcançar um teste com grau de precisão de 60% no braford. Agora, o desafio é fazer o mesmo com outras raças britânicas, já que cada uma requer análise específica – explica Cardoso, acrescentando que 20% da propensão ao carrapato é genética, ou seja, passa de pai para filho.

Há pouco mais de um ano, criadores da Conexão Delta G, grupo de pecuaristas que trabalha com melhoramento genético das raças hereford e braford no Estado, passou a selecionar animais com base no teste genômico – fazendo cruzamento entre bovinos menos suscetíveis ao parasita.

– Utilizamos a genética para colocar no mercado linhagens mais resistentes ao carrapato. No catálogo de remates de touros, essa é uma informação diferenciada e valorizada – destaca Eduardo Eichenberg, pecuarista em Alegrete e presidente da Conexão Delta G.

Com duas edições, um sumário de avaliação genômica das raças hereford e braford permite que o produtor identifique quais touros, com sêmen disponível no mercado, têm maior resistência ao parasita. O carrapato é um dos agentes de transmissão da tristeza parasitária, doença infecciosa que pode causar a morte.

Os benefícios ao selecionar animais menos vulneráveis são, por exemplo, a redução dos custos com carrapaticidas e de resíduos químicos na carne, salienta José Fernando Piva Lobato, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

– Estamos falando de duas questões que são fundamentais para a pecuária: as despesas no manejo e um produto com qualidade, sem a ação de químicos – observa Lobato.

O professor chama a atenção para a necessidade de uma convivência controlada com os carrapatos, necessários em pequena escala para manter a imunidade dos animais.

 

Fonte: Zero Hora

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