A produção mundial de camarões atinge 2.200.000 toneladas anuais. Desse total, mais de 700.000 toneladas são produzidas em viveiros, ou seja, cerca de 30% de todo o camarão produzido no mundo vem das fazendas de cultivo. Esses números mostram a importância crescente da carcinicultura, nos últimos anos. Atualmente, o Brasil é o 6º produtor mundial, atrás do Vietnã, Taiwan, Tailândia, Índia e Equador.
“Algumas características são básicas para que uma espécie de camarão possa ser cultivada: fácil manutenção e reprodução em cativeiro, alta fecundidade, rápido crescimento, alimentação simples e barata, rusticidade e boa aceitação no mercado consumidor”, afirma o professor Wagner Cotroni Valenti, do curso Cultivo de Camarões de Água Doce, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
No Brasil, ocorrem três espécies, que satisfazem essas exigências:
M. acanthurus: conhecido popularmente como camarão canela, pitu ou camarão de água doce. O corpo dos adultos varia desde o castanho- claro até um marrom-canela carregado. Os machos podem atingir até 18 cm e as fêmeas 15 cm;
M. amazonicum: é natural das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo conhecido como camarão canela ou camarão sossego. Seu corpo , normalmente, é incolor ou castanho-claro e pode atingir de 11 a 12 cm de comprimento. Entre as espécies nativas, é a de mais fácil reprodução e desenvolvimento em cativeiro, apresentando grande rusticidade;
M. carcinus: apresenta o corpo com manchas longitudinais pretas, amarelas e alaranjadas. Popularmente, é chamado de pitu ou lagosta. Pode atingir até 27 cm de comprimento.
Os camarões de água doce são crustáceos de ordem Decapoda e da família Palaemonidae. Embora sejam chamados camarões, são evolutivamente mais próximos das lagostas com as quais apresentam várias semelhanças, sobretudo nos hábitos de reprodução. Os Macrobrachium, junto às lagostas, pertencem à subordem Pleociemata, caracterizada principalmente pelo fato de as fêmeas incubarem os ovos aderidos às extremidades natatórias até a eclosão das larvas.
Habitam água doce e salobra, ocorrendo em rios, lagos, represas, pântanos e estuários. Vivem entocados sob pedras, troncos e vegetação aquática no fundo dos corpos de água. Geralmente, caminham apoiados em substrato, mas podem também nadar. Apresentam maior atividade no fim da tarde e à noite. Podem andar na terra, durante algum tempo, em situações de emergência.
Na natureza, alimentam-se de detritos, restos de animais e vegetais , ou ainda, de algas, larvas de insetos, moluscos ou outros crustáceos. Em cultivo intensivo, com ração balanceada, alcança um peso médio de 30 g em 6 meses de criação, quando estará em condições de ser comercializado.
Tecnologia de recria
A tecnologia de recria de camarões pode ser definida em três sistemas cujas características diferenciais consideram a sua complexidade de manejo:
Sistema monofásico: caracterizado pelo emprego de baixa tecnologia cujos viveiros escavados no solo (1.000 a 5.000 m2) são povoados com pós-larvas, recém-metamorfoseadas, na proporção que varia entre 8 a 10 pós- larvas/m2. O ciclo tem duração média de seis meses sem qualquer transferência de viveiros;
Sistema bifásico: trata-se da manutenção das pós-larvas recém-metamorfoseadas em viveiros berçário também escavados no solo (500 a 2.000 m2). Em seguida, os juvenis, com peso médio de ±2,0 g, são transferidos para os viveiros de engorda onde permanecem por mais 4 meses, em densidades de 8 a 10 juvenis/m2, sendo despescados com peso médio de 25 a 30g;
Sistema trifásico: semelhante ao anterior, diferindo apenas pela consideração de uma fase preliminar realizada em berçários primários, onde as pós-larvas recém-metamorfoseadas são estocadas em altas densidades (4 a 8 pós- larvas/Litro) dentro de tanques de 5 a 35 m3, construídos em concreto, alvenaria, fibra de vidro, entre outros. Essa fase, também conhecida como pré- cultivo, tem duração de 15 a 20 dias, cujos organismos com peso médio de 0,05 g são transferidos para os berçários secundários, seguindo o manejo descrito no sistema bifásico.
Berçário
Os berçários podem ser realizados em viveiros de fundo natural, cobertos ou não por estufa, em tanques internos ou em tanques-rede instalados sobre os próprios viveiros de engorda. A área ocupada pelos berçários, geralmente, varia entre 3 a 5% da área dos viveiros de engorda. Viveiros berçários de fundo natural possibilitam produtividades de até 1,6 milhões de juvenis (2,0 g)/ha a cada 2 meses. Os berçários cobertos com estufa permitem a produção de juvenis no inverno, possibilitando a realização de dois ciclos de produção por ano, nas regiões subtropicais, e aumento significativo na produção em regiões temperadas.
Engorda
A engorda ou recria é geralmente realizada em viveiros escavados em solo natural. Os viveiros de engorda podem ter de 0,3 a 1 ha ou podem ser maiores. Devem ter uma leve inclinação e uma profundidade de 0,60 a 1,0 m. Neles, podem ser estocados 10 a 15 camarões/m2. Essa fase do cultivo deve ser realizada segundo um sistema semi-intensivo. São construídos tanques adequados onde se eliminam os predadores e competidores e se estabelece um controle sobre a qualidade de água, a alimentação, o crescimento e a mortalidade dos animais.
Sistemas de engorda de acordo com os níveis de tecnologia
Cultivos de baixa tecnologia:
Povoamento direto (com pós-larvas) em baixas densidades;
Manejo alimentar imperfeito, utilizando rações de baixa qualidade;
Pequeno controle da qualidade da água;
Um único ciclo de produção anual;
Produtividade, variando entre 1.000 e 1.500 Kg/ha/ano.
Cultivos de média tecnologia:
Pré-cultivo monofásico;
Povoamento com juvenis, em baixas densidades;
Manejo alimentar adequado, utilizando rações de boa qualidade;
Controle da qualidade da água;
Até dois ciclos de produção anuais;
Produtividade variando entre 1.500 e 2.500 Kg/ha/ano.
Cultivos de alta tecnologia:
Necessita de área com temperaturas elevadas o ano todo;
Pré-cultivo bi-básico;
Povoamento com juvenis II em médias ou altas densidades;
Manejo alimentar adequado, utilizando rações de boa qualidade;
Controle rigoroso da qualidade da água com o monitoramento contínuo dos principais parâmetros;
Utilização de sistemas de aeração artificial;
Três ciclos de produção anuais;
Produtividade, variando entre 3.000 a 4.500 Kg/ha/ano.
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