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As isoflavonas da soja e sua relação como ingrediente em dietas de bovinos leiteiros

O desafio é buscar na literatura existente a resposta para o seguinte questionamento: será que os “isoflavonóides” estão presentes nas dietas ou em derivados de soja em quantidades mínimas sugeridas para se ter melhor desempenho animal em reprodução, fertilidade e produtividade de bovinos de leite? Evidentemente, “existem inúmeros trabalhos científicos e meta-análises sobre fitoesterogênios, flavonóides e isoflavonas com resultados comprovados para a saúde humana” (Padilla, 2012). “Em meados dos anos 1990, foram publicados os resultados de uma meta-análise de 38 estudos clínicos sobre os efeitos benéficos do leite de soja na redução do colesterol e o seu efeito positivo nas doenças do coração” (Margareth, 2011, p. 11).

Contudo, a opinião de médicos especialistas destaca as qualidades terapêuticas da soja, que algumas vezes chega a ser também controversa. Pois, pode haver restrições de uso e desempenho em determinadas quantidades ingeridas diariamente e ainda tendo efeitos adversos em determinadas fazes da vida, principalmente em períodos de climatério e menopausa.

Entretanto, quanto ao teor de isoflavonas em alimentos comerciais de soja, Huei-ju Wang e Murphy (1994) investigaram uma ampla variedade de produtos de soja e fornecem informações básicas para o ser humano e seu futuro na alimentação e estudos com animais. “As doses anticarcinogênicas, propostas de isoflavonas de soja variam de 1,5 para 2,0 mg (kg de peso corporal)-l-dia, segundo Hendrich et al., (1994) apud Wang e Murphy (1994).

No entanto, identificar e gerar indicadores quantitativos das isoflavonas e seus efeitos nas dietas de bovinos leiteiros, em que o nível de exigência em produtividade é cada vez maior e possibilita melhores resultados competitivos na atividade leiteira.

Verificou-se a partir dos métodos analíticos: CLAE/HPLC e os seus parâmetros de desempenho de indicadores como instrumentos indispensáveis de medição e diagnósticos destes fitoesterogênios de maneira rápida e precisa.

Logo, Issa e Petersen (1996, p. 5) consideram o NEAR Infrared, importante e ágil ferramenta analítica: “sua facilidade impressiona, comparado com as técnicas analíticas convencionais, ou seja, os resultados são obtidos em apenas 30 segundos; é uma técnica não destrutiva e, na maioria das vezes, não necessita de nenhuma preparação de amostras”.

Reconhece (Moraes et al. 2009, p. 67) que “existe uma certa dificuldade na realização de estudos conclusivos sobre biodisponibilidade de isoflavonas”.

Portanto, a falta destes dados mais consistentes, com as análises laboratoriais e equipamentos adequados e o uso de soja e derivados de forma exagerada e desorientada em dietas de bovinos leiteiros, pode acarretar alterações em fertilidade e reprodução nos bovinos leiteiros causando prejuízos ao produtor.

Na absoluta totalidade dos rótulos de rações comerciais de bovinos leiteiros, ainda não consta a expressão “Contém Isoflavonóides”, em quantidades volumétricas, e não está previsto na Instrução Normativa que regulamenta o Relatório Técnico de produto Isento de Registro – RTPI, conforme IN Nº 42, de 16 de dezembro de 2010, do MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, (2010). Pois, tais substâncias ainda não receberam a devida evidência em pesquisas, estudos de casos e meta-análises em bovinos leiteiros e outras espécies animais domésticos de interesse econômico.

No entanto, detectar a presença de isoflavonas nos concentrados e, a partir dessas informações, monitorar e diagnosticar a evolução e qualidade de dietas nutricionais para ruminantes, torna-se indispensável para o aprimoramento da atividade leiteira.

Porém, a leguminosa Glycine max pertence à família das Fabaceae e é nativa do Leste asiático, cultivada há milhares de anos. É a maior fonte de proteína para países orientais, tais como China e Japão. A proteína corresponde a 40% do peso seco e o óleo a aproximadamente 20%, segundo Fontana (2011, p. 134).

Com os avanços das pesquisas em bioquímica, novos compostos da soja já foram identificados, como os flavonoides, que são compostos fenólicos vegetais responsáveis pela coloração de inúmeras verduras, frutas e flores, variando do amarelo, laranja, vermelho ao violeta. Dentre os flavonoides, encontramos as flavanonas, flavonas, flavonols, antocianinas, catequinas e as isoflavonas são isômeros heterocíclicos que apresentam estrutura – C6 – C3 – C6 –, que se diferenciam das demais estruturas dos flavonóides por apresentarem o anel benzênico unido ao carbono 3 do heterociclo em vez do carbono  (Moraes et al., 2009, p. 31).

No entanto, segundo Moraes et al. (2009, p. 31), “existem atualmente mais de 5.000 isoflavonas identificadas”. A soja possui três tipos de isoflavonas, cada uma em quatro formas químicas diferentes, totalizando 12 isômeros. As formas agliconas são chamadas de daidzeína […], genisteína […] e gliciteína […]. Quando glicosiladas, ou seja, na forma de glucosídeos, são chamadas de daidzina, genistina e glicitina. Existem também as isoflavonas, glicosídicas conjugadas que podem ser classificadas em acetil glicosídeo e malonil glicosídeo.

Mas, “as isoflavonas são compostos fenólicos bioativos da classe dos flavonoides. São predominantemente encontrados em leguminosas, em especial a soja”, como relata Pacheco (2013), que brevemente, também apresenta, caracteriza e ilustra as estruturas químicas destes principais fitoesteróides, igualmente denominados de isoflavonas.

No entanto, “o conteúdo de isoflavonóides varia nos diversos derivados da soja. É mais elevado naqueles que contêm todo o grão, em especial no tofu; estão ausentes nos isolados”, afirmam Morais e Silva (1996, p. 132).  E, prosseguem, salientando a importância dessas substâncias: “[…] Esses compostos estimulam o crescimento e o desenvolvimento de órgãos reprodutores femininos, como também outras características sexuais secundárias em mamíferos” (Morais e Silva, 1996, p. 197).

No entanto, ao avaliar os efeitos do armazenamento nos teores de isoflavonas e na qualidade fisiológica de sementes de soja convencional e transgênica, pelo período de 180 dias antes e após a armazenagem do produto, Ávila et al., (2011, p. 149-161) consideraram que “pelos resultados obtidos foi possível concluir que os teores de isoflavonas diferenciam-se entre as cultivares e possuem comportamento distinto ao longo do armazenamento”.

Entretanto, para Ribani (2008) a concentração de isoflavonas em grão de soja é bastante variável, entre 0,1 – 0,4 %, e a quantidade e composição das diferentes isoflavonas depende da época do ano em que a soja foi plantada, do genótipo, da localização, do cultivo e das condições climáticas.

Além disso, o autor salienta que “a maior parte das isoflavonas está concentrada no hipocótilo e o seu conteúdo na casca é bem baixo. A extração do óleo de soja não remove as isoflavonas, devido à insolubilidade destes compostos em hexano” (Ribani, 2008, p. 3).

Contudo, para Moraes et al. (2009, p. 35-36), “o óleo de soja, produto largamente consumido no Brasil não contém isoflavonas. Estas últimas permanecem retidas nos flocos de soja desengordurada durante a extração do óleo”.

Todavia, a descrição das isoflavonas sugere que “suas estruturas são similares ao hormônio estrogênio, ligando-se aos receptores de estrogênio. Algumas isoflavonas (genistina, daidzina e glicitina) são encontradas na soja, sendo consideradas antioxidantes naturais”, informa (Ribani, 2008, p. 1). O consumo de soja e de produtos à base de soja estão associados aos benefícios à saúde, fato que criou considerável expectativa na comunidade dietética e nutricional.

Contudo, “grande parte da pesquisa sobre este tema permanece em andamento como uma questão polêmica na literatura sobre sua eficácia terapêutica”, complementa mais uma vez (Ribani, 2008, p. 20).

Porém, Steverson (2012) apud Ramos (2012), em seu artigo técnico sobre 10 verdades associadas a cistos ovarianos em bovinos, pondera que “cistos ovarianos podem ser causados por ingredientes na dieta que contém compostos semelhantes a estrogênio, regularmente conhecidos como isoflavonas ou fitoestrogenios”.

Não obstante, Steverson (2012) apud Ramos (2012) considera ainda que “alguns destes compostos são encontrados em legumes (trevos), grão de soja inteiro e alimentos contaminados com fungo”. Wattiaux (2013) considera que “o efeito da proteína da dieta na reprodução é bastante complexa, principalmente de farelo de soja. Em geral, quantidades inadequadas de proteína na dieta diminuem a produção de leite e a performance reprodutiva”. Portanto, é importante a suplementação com proteína e ureia em vacas no início de lactação para que tenham dietas com 16% de proteína e vacas em fim de lactação para ter dietas com 12% de proteína. Com isso, deve-se otimizar a reprodução. Mas, deve ser levando em conta que “a administração de rações que contenham altas proporções de proteínas, além de acarretar sobrecarga ao fígado e rins, que necessitam eliminar o nitrogênio em excesso, não trazem aumentos na produção que justifiquem a sua economicidade (Andriguetto et  al., 1988, p. 118)”.

No entanto, Russet (2000) e Swick (2009) adaptado por Butolo (2010), apresentando as especificações de qualidade em produtos de soja, “considera o percentual (%) de fitoestrogênio, em média, a seguir: soja grão 0,2; farelo de soja 0,25 e concentrado proteico <0,02”.

Também existem fatores antinutricionais que podem afetar a qualidade nutricional de produtos à base de proteína de soja. Para Moraes et al., (2009, p.15), “alguns destes fatores são parcialmente ou totalmente inativados pelo calor durante o processamento, tais como os fatores antivitamínicos, as hemaglutininas e inibidores de tripsina”

Porém, estes autores consideram ainda que “outros não são destruídos pelo calor como as saponinas, fitatos e fatores de flatulência, que também podem comprometer a qualidade nutricional da proteína de soja”.

Entretanto, para Pourcel et al. (2007) apud Oliveira et al. (2010, p. 734), “a oxidação dos flavonóides contribui para as alterações de propriedades químicas e biológicas de tecidos vegetais levando à formação de pigmentos marrons de matérias-primas bem como alimentos derivados destas”.

Contudo, existem vários fatores que comprometem a qualidade, umidade, temperatura, pré-armazenamento e em toda a cadeia de suprimentos da soja (produção, recepção, armazenagem/processamento e expedição/distribuição).

Apesar disso, estes autores afirmam ainda que “a oxidação dos flavonóides é principalmente catalisada por polifenoloxidases (catecol oxidases e lacases) e peroxidases. Os principais compostos fenólicos dos grãos de soja são as isoflavonas e taninos condensados”. E quanto aos aspectos sensoriais, tem-se “em relação ao uso da soja como alimento sabe-se que não há consumo generalizado devido ao sabor característico dos produtos à base de soja que não são de muita aceitabilidade”, afirmam Moraes et al., (2009, p. 16).

Não obstante, identificar e quantificar a presença das substâncias isoflavonóides: a genistina, a daidzina e a glicitina em alimentos à base de soja e derivados, como as rações e concentrados para bovinos leiteiros, se faz necessário, no sentido de elucidar sua aplicação em dietas de animais, pois já são reconhecidos e comprovados seus benefícios na saúde humana e de outros animais monogástricos em de interesse e escala comercial.

Entretanto, note ainda que Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 35-37), em seu trabalho sobre “Nitrogênio ureico no leite como ferramenta para ajuste de dietas” já tem demonstrado que o monitoramento mensal de NUL-Nitrogênio Ureico no Leite pode ser uma importante ferramenta no manejo de rebanhos leiteiros, porque (1) o excesso no consumo de proteína (N) pode comprometer a eficiência reprodutiva; (2) suplementos proteicos são ingredientes caros; e (3) excessos na excreção de N têm impacto ambiental negativo.

No entanto, “os valores normais de NUL devem estar entre 10 a 14 mg/dL (Jonker et al., 2008; Johnson & Young, 2003; Rajala-Schultz & Saville, 2003)”.

Com isso, vacas alimentadas de acordo com o estádio de lactação, conforme recomendado pela NRC-National Academy of Sciences (2001), elevam a produção de leite, porém também aumentam os níveis de ingestão de proteína bruta. Porém, outros autores, afirmam que “a proteína suplementar pode aumentar a produção de leite por fornecer mais aminoácidos para a síntese do leite, aumentar a energia disponível a partir da deaminação dos aminoácidos ou alterar a eficiência de utilização dos nutrientes absorvidos” (Chalupa, 1984) apud (Almeida, 2012, p. 36-37).

E, consequentemente, “níveis elevados de proteína na dieta determinarão maior liberação de amônia no rúmen, o que pode elevar as concentrações de nitrogênio ureico no leite”. Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 37) .

Além disso, Godden et al. (2001a) apud Almeida (2012, p. 37) “observaram elevada correlação positiva, mas não-linear, entre NUL e produção de leite e consideraram que uma possível explicação para este fato seria a utilização de rações com alto teor proteico para vacas de alta produção”.

Além disso, no centro-sul do país o suplemento proteico mais usado em dietas de vacas leiteiras é o farelo de soja, ingrediente que sofreu aumento expressivo de preço na última década e, particularmente, em 2012, quando a saca de soja atingiu cotações recordes.

Portanto, dependendo dos níveis de proteína bruta da dieta haverá maior ou menor eficiência de utilização do nitrogênio, sendo que, de modo geral, quanto maiores os níveis de proteína bruta na dieta menos a eficiência de utilização do nitrogênio (Jonker et al., 2002; Groff & Wu, 2005) apud (Almeida, 2012, p. 49). 

Mas, para Kozloski (2011, p. 33), “as proteínas são os principais compostos nitrogenados presentes nos alimentos dos ruminantes. No entanto, sua concentração e degradação ruminal variam amplamente entre os diferentes tipos de alimentos”.

Porém, este autor afirma que “o teor proteico é bem mais alto nas plantas leguminosas que nas gramíneas”. Da mesma forma, “as proteínas solúveis do interior das células vegetais são degradadas mais ampla e rapidamente que aquelas presentes na parede das células vegetais”. E reforça que “como os polissacarídeos, a degradação das proteínas no rúmen é efetuada por sistemas multienzimáticos associados à membrana celular bacteriana” (Kozloski, 2011, p. 34).  Sendo muito complexo o seu sistema digestivo, mais ainda que o dos monogástricos.

Entretanto, elucidar a relação ou correlação entre o Nitrogênio Ureico no Leite (NUL), proteína das dietas e os fitoestrogênios ssoflavonas de soja, é um desafio surpreendente: primeiro porque o Brasil é fonte abundante da soja e derivados (farelos em seus mais diversos processos de extração) nas dietas nutricionais de bovinos leiteiros; segundo, o custo das análises laboratoriais como o CLAE/HPLC em quantidade mínima de análises para se ter dados mais conclusivos ainda é um grande desafio.

Mas, será que existem outras metodologias, confiáveis e adequadas a se aplicar? Contudo, a associação entre CLAE (no mímino 10 análises) e as curvas de Near Infrared especificas para detectar a presença das isoflavonas nos produtos amostrados, tanto a soja e derivados (farelos) como as mais diversas fórmulas de rações e concentrados balanceados, nos dará uma sensível redução de custos e precisão nas respostas.

E, com isso, pretende-se quantificar de isoflavonas oriundas de fontes de soja Glycine Max, e sua ínfima fragmentação volumétrica (g/kg) em diferentes concentrados e rações para animais (Fontana, 2011, p. 203):

Apesar disso, em média geral, “a soja contém altos teores de isoflavonas, podendo apresentar concentrações de até 4 mg/g. As isoflavonas estão envolvidas em funções fisiológicas importantes para o crescimento desenvolvimento dos grãos de soja”, afirmam Moraes et al. (2009, p. 35).

Porém, note que para quantificar o trabalho proposto sugere-se um método analítico aceito e reconhecido pela comunidade científica, neste caso o CLAE-Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ou HPLC, método este largamente utilizado na indústria de biocombustíveis e concernente com o Near Infrared, com “curvas apropriadas e resultados analíticos, rápidos e confiáveis, desde que em ambos equipamentos sejam seguidas adequadamente as calibrações sugeridas pelos fabricantes e com técnicos laboratoristas, qualificados e ambiente propício (Fontana, 2011, p. 231).

No entanto, para Moraes et al. (2009, p. 40), “o método mais comum de análise e quantificação de isoflavonas é a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE/HPLC), utilizando-se colunas de fase reversa e detectores de ultravioleta, seguidos ou não de espectrômetro de massa”.

No caso das isoflavonas, as atividades biológicas ainda estão sendo confirmadas e estudadas, não foram estabelecidos os chamados sítios de ação ou mesmo ingredientes ativos, uma vez que cada aglicona pode produzir diversos metabólitos, reconhece (Moraes et al., 2009, p. 64).

Todavia, os autores ponderam ainda que, “dessa forma, a biodisponibilidade das isoflavonas, como a maioria dos ingredientes nutracêuticos, tem sido avaliada pelas concentrações desses compostos e seus metabólitos no plasma e excreção via urina”.

Segundo Butolo (2010), a tecnologia NIR (Near Infrared) possui métodos de avaliação da qualidade como “análises proximais; aminoácidos e disgestibilidade (IDEA-Immobilized Digestive Enzyme Assay); energia; fatores antinutricionais; urease; solubilidade de proteína em KOH; índice de digestibilidade proteica-PDI; micotoxinas”. 

Contudo, “os equipamentos de infravermelho próximo devem ser calibrados, ou seja, é necessário se criar uma curva para cada constituinte do produto a ser analisado, passando por três etapas distintas e sequenciais, afirmam (Issa e Petersen, 1996, p. 5-6)”.

Pois, há um novo processo automatizado da tecnologia NIR, que visa corrigir os “desvios padrão” das matérias-primas ou principais macroingredientes, como o farelo de soja e o milho, rações e concentrados (Vasconcelos, 2012).

Certamente, o equipamento NIR em breve terá calibrações de suas curvas específicas para detectar, quantificar e qualificar as principais isoflavonas, das dietas de ruminantes e até mesmo monogástricos, em tempo quase real, aprimorando os processos de controle e rastreabilidade de matérias-primas, Recall (logística reversa), se houver.

Segundo Fspanero (2012), “para que a espectroscopia na região do infravermelho próximo possa ser utilizada em análises qualitativas e quantitativas é importante à interpretação e o conhecimento sobre as bandas espectrais nessa região do espectro”. Apesar disso, a informação contida no espectro NIR pode ser empregada para ter uma estimativa da concentração de uma dada substância na amostra, ou ainda, “a estimativa de uma propriedade física quando esta pode ser de alguma forma correlacionada com alterações significantes na intensidade e/ou comprimento de onda das características espectrais produzidas pela amostra”.

Entretanto, entre as vantagens apresentadas por esta técnica podem-se destacar: “simplicidade no preparo das amostras, natureza não-destrutiva com alta penetração da radiação na amostra, além dos instrumentos ser mais simples e robustos” (quando comparados àqueles da região do Infravermelho Médio), permitindo o monitoramento em linha de processos de produção, Pereira (2006) apud Fspanero (2012).

E, com isso, tem-se mais precisão e rapidez nos resultados amostrados. Por outro lado, Berzosa (2013) recomenda o HPLC por ter seu campo de aplicação numeroso, devido às seguintes razões. “Sua sensibilidade, sua fácil adaptação às determinações quantitativas exatas, sua idoneidade para a separação de espécies não voláteis e termovoláteis; sua grande aplicabilidade a substâncias de grande interesse para a indústria e seus distintos campos da ciência”. Como “exemplo de aplicação temos: ácidos nucleicos, aminoácidos, hidrocarbonos, carboidratos, drogas, praguicidas, antibióticos, esteroides (Berzona, 2013)”.

Porém (Krajcová et al., 2010, p. 264-274), em seu trabalho sobre fitoestrogênios em plasma bovino  consideraram como “um método simples e rápido foi o HPLC-MS/MS desenvolvido e validado para a determinação de isoflavonas agliconas, daidzeína, genisteína, e equol metabolito no plasma bovino e de leite”. Reforçam dizendo que “após a administração de alimento rico em daidzeína um aumento rápido de equol, tanto em plasma e leite, ocorreu. Não há acúmulo deste composto em vacas leiteiras”. Contudo (Krajcová et al., 2010) contribuem dizendo que “um aumento da ingestão de daidzeína e genisteína pelas vacas resultou em níveis elevados no plasma. No entanto, no leite apenas uma fraca dependência da dieta experimental (à base de soja VS controle) foi observada para daidzeína”. Entretanto, para “a genisteína nenhum aumento foi encontrada na segunda parte da alimentação do experimento em resposta a esse consumo de isoflavonas”, Krajcová et al., (2010). 

No entanto, é importante observar as reais condições de cada plantel a campo. Existe uma série de variáveis e fatores que pode afetar os resultados de desempenho da atividade leiteira, bem antes da investigação e medição da presença de isoflavonóides. Como lembram Chase e Overton (2010, p. 40-43): “vacas leiteiras com perda excessiva de peso e condição corporal tendem a ter menor teor de proteína do leite. Isso é especialmente evidente em vacas no início de lactação”.

Mas, e no período de pré-parto e pós-parto das vacas leiteiras, que influência tem as concentrações de isoflavonas em dietas desses animais? Segundo Melo (2010, p. 28-34), “vários aspectos da função imunológica no periparto são suprimidos de uma a duas semanas antes do parto até duas a três semanas pós-parto”.

Porém, prossegue, dizendo que “as causas dessa diminuição na função imunológica não são bem esclarecidas, mas queda de consumo de alimentos, mobilização de reservas corporais, alterações nos níveis de progesterona e estrógeno e aumento dos níveis de cortisol durante o parto estão envolvidos”.

Apesar disso, em outro trabalho em suínos, Wang et al. (2011, p. 1-9) destacam a relação entre os isoflavonóides e outros fungos que produzem toxinas prejudiciais à atividade comercial, suinícola.

Todavia, “a pesquisa atual indica que a ISO a 600 mg/kg poderia reduzir os aumentos no peso relativo de órgãos reprodutivos em leitoas pré-púberes induzidas de 2 mg/kg ZEA”, destaca. Para Wang et al. (2011, p. 1-9),  “os resultados também sugerem que um dieta, incluindo a ISO 300-600 mg/kg, exibem atividades antioxidantes, que podem atuar para aliviar o estresse oxidativo induzido por ZEA durante o crescimento em leitoas pré-púberes”.  Por outro lado, “as dietas incluindo ZEA podem intensificar os danos do fígado nas leitoas pré-púberes”, finalizam (Wang et al., 2011, p. 1-9).

Além disso, outra forma de monitorar e estabelecer limites seguros quanto à presença de micotoxinas é por meio de laudos específicos, em laboratórios conceituados, pois pode haver associação nos efeitos entre dietas com excesso de proteínas – isoflavonóides e fungos do gênero Fusarium e outras micotoxinas que impactam negativamente a produtividade dos ruminantes, ainda não bem esclarecidos.

E, com isso, mais investigações nesse campo são necessários para descrever os fitoestrogênios/isoflavonas no metabolismo de ruminantes e potenciais efeitos benéficos ou nocivos destes compostos.

Considerações Finais

Sabemos que é imprescindível a instrumentalização das unidades de fabricação de alimentos com equipamentos NIR/Near-Infrared com seus parâmetros analíticos (“curvas”) para isoflavonas e, ao menos, buscar parcerias e convênios com fabricantes de equipamentos, universidades e laboratórios públicos ou aprovados para frequente verificação via CLAE/HPLC da presença destas substâncias fitoestrogênicas e isoflavonóides, visando a geração de banco de dados histórico e indicadores de desempenho de dietas de bovinos leiteiros, com altos desafios proteicos-energéticos e a redução de custos por análises e quantificação destas substâncias e suas causas e efeitos, na variação ou correlação nas dietas nutricionais de bovinos leiteiros.

Para finalizar, sugere-se adotar o termo “Contém Isoflavonóides” ou “Contém Isoflavonas” (e seus teores Mínimo e Máximo, volumétricos medidos) na rotulagem – nos rótulos de rações como estratégia de diferencial competitivo e agregação de valor nas indústrias de rações para animais ruminantes. Para os bovinos leiteiros, tendo alimentos muito mais seguros e com rastreabilidade mais visíveis, é uma grande oportunidade de posicionamento e estratégia de diferenciação de produtos como ingredientes, concentrados e rações, tendo-se em vista a grande expansão da atividade leiteira com agregação de valor ao produtor e as indústrias de processamento e transformação de lácteos e, ainda, o aumento do índice de confiabilidade por  negociação com fabricantes de farelo de soja destinados à produção animal.

No entanto, considera-se imprescindível que os gestores e responsáveis técnicos de indústrias de alimentos analisem, controlem e inspecionem o processamento de soja em grão e seus derivados, pois a presença das substâncias isoflavonóides, bem como seu processamento industrial e quantidade fornecida de proteína de soja e derivados (kg/animal/dia) e a frequência de seu fornecimento, pode gerar situações indesejáveis na produtividade leiteira e desempenho reprodutivo e imunológico dos animais.

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