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Arroba e carne valorizam quase 20% em 2010

A combinação de desestímulo do pecuarista nos últimos dois ou três anos com estiagem severa resulta, já há alguns meses, em oferta relativamente pequena de animais para abate, segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Não bastasse esse fundamento, também a demanda nacional e externa dá sinais de aquecimento, resultando em forte impulso dos preços do boi e da carne. O Indicador do Boi Gordo Indicador ESALQ/BM&FBovespa se mantém em trajetória ascendente desde meados de maio e a carne no atacado da Grande SP, desde final de julho.

Somente em agosto, o Indicador acumulou alta de 7,3% – a maior para o mês desde 2002, conforme dados do Cepea. No balanço de 2010, a valorização da arroba é de quase 20%. Para a carne (carcaça casada do boi), o acumulado mensal foi de 6,86%, no ano, de 18%.

Nessa quarta-feira, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (SP, à vista, CDI, com 2,3% de Funrural) fechou a R$ 92,88. A média de SP a prazo foi de R$ 93,76, alta de 1,05% no dia, após ter acumulado ganho de 7% em agosto. Frigoríficos paulistas consultados pelo Cepea seguem comprando animais em outras regiões, recebendo lotes contratados e também abatendo animais de confinamentos próprios. No entanto, esse volume não tem sido suficiente para preencher as escalas de abate. Com isso, o comportamento que predomina é de alta dos preços da arroba.

Em muitas regiões, as negociações à vista continuam largamente se sobrepondo às vendas a prazo. Tem chamado a atenção também o fato de os preços à vista ter curiosamente se igualado ou mesmo superado aqueles ofertados a prazo. Isso se deve à maior urgência para preenchimento de escalas e à preferência de vendedores para recebimento à vista, quando não antecipadamente ao abate.

No atacado da Grande São Paulo, operadores identificam ligeiro desaquecimento da demanda por carne bovina nos últimos dias, que estaria migrando parcialmente para outras carnes. Ainda assim, os preços dos cortes com osso seguem firmes. As atuais cotações estão próximas de superar os maiores preços (nominais) já registrados pelo Cepea, em outubro de 2008. Nessa quarta-feira, a carcaça casada do boi foi negociada a R$ 5,92/kg – em meados de out/08, a média nominal foi R$ 5,94/kg. Em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de julho/10), a maior média mensal, de R$ 5,93/kg, também foi verificada em outubro de 2008.

Quanto às exportações, depois de ter atingido em julho o maior volume mensal desde outubro de 2008, em agosto, a quantidade de carne bovina embarcada reduziu 5 mil toneladas, mas ainda se manteve elevada, em 95,9 mil toneladas. Vale observar que os volumes dos últimos três meses são as maiores desde que a crise foi deflagrada, há quase dois anos, coincidindo com a época de menor oferta de boi gordo no País. A demanda externa, portanto, agravou o quadro de oferta abaixo da procura tão evidente nos últimos meses e que tem impulsionado as cotações domésticas.

Alessandra da Paz
Comunicação Cepea
(19) 3429 8836
impcepea@esalq.usp.br

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