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Abelhas se tornam fonte de renda para indígenas do município de Joaquim Gomes (AL)

O que antes era medo se tornou algo rentável para Carlos Gomes de Freitas, 53 anos. Há sete anos, ele e alguns companheiros participaram de um curso ministrado, pela Cooperativa de Produtores de Mel de Abelha e Derivados (Coopmel), dentro da aldeia. Desde então, o agricultor familiar indígena, morador do município de Joaquim Gomes (AL), localizado na região da Zona da Mata do estado, se interessou pelo tema e se tornou um apicultor apaixonado pelo trabalho. “Há quem diga que meu semblante se abre quando falo das abelhas”, brinca Carlos, que é presidente da Associação Indígena Agroecológica Wassu Cocal, que conta com 32 integrantes. Ele explica que foi por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que tudo começou.

Por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carlos e as demais famílias apicultoras da aldeia conseguiram a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Com o documento em mãos, eles conseguiram acessar o Pronaf Floresta, uma iniciativa pioneira no estado. “Aqui, nós trabalhamos muito com o meio ambiente, com reflorestamento, conservação de nascentes, até porque nossas amigas abelhas só bebem água limpa. Então, é obrigação dos apicultores protegerem as nascentes”, destaca. O período de colheita do mel vai do início da primavera, em setembro, até abril. Nesses oito meses, eles conseguem tirar cerca de duas toneladas de mel. Os moradores de Joaquim Gomes e municípios vizinhos compram diretamente da comunidade, na aldeia, mas também podem encontrar o mel em feiras e eventos locais. O litro do produto é vendido a R$ 30, em média.

As abelhas do tipo Apis mellifera são as escolhidas para fazer o mel na aldeia. De acordo com Carlos, elas têm ferrão e produzem em maior quantidade. “O sabor do mel depende da florada”, adianta. Carlos comenta que estão estudando uma forma de produzir o ano inteiro. “Estamos fazendo um trabalho de catalogação das matas e procurando espécies que floresçam fora de época. Dessa forma, poderemos ter mel o ano inteiro, inclusive no período de entressafra”, antecipa. A previsão é que em cinco ou seis anos eles consigam colocar o projeto em prática.

Enquanto isso não ocorre, Carlos espera a sala de extração do mel da associação, que está em construção, ficar pronta. Segundo ele, isso vai melhorar ainda mais a qualidade do produto e de vida dos agricultores. “A gente vai ter um produto com sanidade, como exige o mercado, e vamos poder abrir uma empresa para vender para outros lugares. A duplicação das vias que passam aqui perto também vai nos ajudar. A previsão para esse ano é boa”, aguarda, otimista.

O Pronaf Floresta é um financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflorestais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas degradadas. Os juros para acessar o crédito são de 1% ao ano, com um valor de até R$ 35 mil.

 

Fonte: Revista Produz

 

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