Na semana passada, ao analisar a evolução dos preços do frango vivo nos últimos 60 dias, o AviSite obervou que a cotação atual do produto está 19% abaixo da registrada dois anos atrás, em janeiro de 2013.
Pois não é que, tentando justificar os baixos preços do momento, houve quem recorresse ao argumento de que “as condições atuais são diferentes”. Diferentes em que, camarada?
É verdade que, do ponto de vista dos insumos de maior custo na produção, o milho tem, hoje, preço menor que o alcançado há dois anos quando, mesmo em retrocesso, ainda atingia valores recordes.
Mas o farelo de soja está mais caro e neutraliza quase totalmente o ganho com o milho. A ponto de fazer com que o poder de compra do frango em relação ao mesmo “pacote” de milho e farelo de soja adquirido em janeiro de 2013 seja quase 15% inferior.
Se as condições de produção não melhoraram, apenas se agravaram, o que há de diferente? Na verdade, a grande mudança parece estar concentrada no abastecimento do frango. Pois mesmo não havendo dados oficiais a respeito, está claro que a oferta do produto excede as necessidades do momento. E isso não começou hoje, vem desde os últimos meses de 2014.
No final de 2012, pressionado pelos altos custos e sem crédito para investir na atividade, o setor reduziu compulsoriamente a produção. Em dezembro daquele ano, por exemplo, o volume produzido foi não só o menor do exercício (fato raro na atividade), mas o menor em quase três anos. E isso se refletiu diretamente nos preços do frango vivo e abatido, que atingiram o maior patamar de todos os tempos, situação que se estendeu ao novo ano, 2013.
Já em 2014 viveu-se situação diametralmente oposta. Pois, considerada a produção de pintos de corte de outubro, em dezembro atingiu-se, muito provavelmente, a maior produção do ano. Isto, no mesmo instante em que as exportações do mês ficavam aquém das expectativas e consumo e consumidor se mostravam totalmente debilitados.
O resultado, claro, não podia ser diferente daquele ora observado.
Fonte: Avisite
