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Soja com gene “Y” apresenta mais resistência à seca

Nos últimos dez anos, o Brasil registrou um prejuízo de cerca de 27 bilhões de dólares na produção de soja, considerando apenas os dois mais importantes estados produtores da oleaginosa: Rio Grande do Sul e Paraná, onde as plantações deixaram de produzir mais de 55 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia, os grãos perdidos no período de 2004 e 2014 representam mais de duas safras de soja da região Sul do Brasil. O motivo? Faltou água para que as plantas pudessem se desenvolver plenamente. 

Diante do cenário pesquisadores especialistas em ecofisiologia vegetal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão em busca de uma planta capaz de resistir às intempéries do clima que podem se repetir com mais severidade nos próximos anos. Já na safra 2013/2014, eles começaram a analisar os primeiros resultados da pesquisa. 

Por meio da manipulação genética, os cientistas da Embrapa Soja (Londrina-PR) conseguiram introduzir um gene que torna a planta mais tolerante à seca. Quem está à frente dessa pesquisa é o pesquisador Alexandre Nepomuceno. “Denominado Y, esse gene é capaz de ativar e potencializar outros genes de defesa natural das plantas. Com isso, aumenta a capacidade delas suportarem a falta de água por mais tempo”. 

Segundo ele, o gene Y foi patenteado pela Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), instituto de pesquisa vinculado ao governo japonês. 

Pela primeira vez, na safra 2013/2014, as plantas de soja com o gene Y foram comparadas com plantas de carga genética similar, porém, sem o gene que confere tolerância à seca. A pesquisa foi realizada nos campos experimentais de Londrina. “As plantas com o gene Y tiveram aumento de 13,5% na produtividade quando comparadas com as não transgênicas”, explica Nepomuceno. 

Segundo ele, na safra 2013/2014, choveu muito pouco na fase mais crítica do desenvolvimento das plantas de soja. Foram registrados apenas 44 milímetros entre janeiro e fevereiro, quando a média histórica para o período é superior a 300 milímetros. Aliado à falta de chuva, as temperaturas no verão foram muito extremas chegando, em alguns momentos, a quase 40øC. 

“Mesmo assim, as plantas com o gene Y tiveram mais área foliar, produziram vagem e tiveram raízes profundas e vigorosas, comparando-se com as plantas sem o gene”, observa. “Os resultados foram impressionantes”, ressalta o pesquisador. 

Com chuva – Outro teste de simulação de seca foi realizado pelo pesquisador no campo utilizando telhados móveis para simular pequenas quantidades de chuva durante o período vegetativo da soja. O resultado foi ainda mais animador: a produtividade das plantas com gene Y foi 35% superior, enquanto que com déficit no período reprodutivo, a diferença chegou a 44%. O mesmo teste será realizado nesta safra e abrangerá outras regiões brasileiras. 

Além disso, a Embrapa está iniciando testes com 33 novos genes de soja com potencial para tolerância à seca e para alagamento. Nepomuceno considera difícil estimar o tempo de lançamento de cultivares resistentes às intempéries climáticas. As informações são da Embrapa.

 

Fonte: Diário do Comércio

 

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