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Indústria se prepara para festejos de fim de ano

Produção brasileira deve atingir 440 mil toneladas de aves natalinas em 2014 

Demandadas em larga escala no Natal, as aves especiais como perus e frangos geneticamente selecionados — os chamados frangões — estão na reta final de uma criação mais longa que a das aves comuns, cujo abate acontece aos 45 dias. Com ciclo 20 dias mais comprido e alimentação diferenciada para que a carne seja mais tenra e encorpada, elas custam até 50% a mais ao produtor. O investimento e a espera maior, contudo, são recompensadores tanto para avicultores quanto para indústrias. Apesar de a margem de lucro ser a mesma obtida com as aves comuns, de 4% a 5%, o presidente da Associação Gaúcha de Avicultores (Asgav), Nestor Freiberger, salienta que a arrecadação com as aves natalinas equivale a 30% do faturamento anual do criador gaúcho, que encerra nesta semana o abate para esta finalidade. Produção que começa a chegar aos supermercados. 

Neste ano, conforme a Agas, essas aves custarão, em média, 20% a mais do que em 2013. Para a indústria, que fatura em média R$ 700 milhões por ano, o resultado obtido com a venda de aves natalinas equivale a 7% desse montante. “Se considerarmos que se trata de uma linha de produção vendida em apenas um dia, torna-se uma margem bem interessante. Diria até significativa”, analisa o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. 

Outro segmento que fatura com as festas de fim de ano, mais precisamente com a ceias de Ano-Novo, é a suinocultura. Nesta época, os produtores recebem de 10% a 15% a mais por animal, cujo peso de abate varia entre 100 e 120 quilos. Com ciclo de seis meses, a carne que será consumida na virada para 2015 começou a ser preparada em maio. Diferentemente das aves, contudo, na suinocultura não há seleção genética, substituição de espécie nem necessidade extra de cuidados. 

De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos suínos do RS (Sips), Rogério Kerber, a demanda por carne suína para a ceia de Ano-Novo é 25% superior à média do ano inteiro. “Não dispomos de levantamento apontando o faturamento anual da indústria com a venda de carne suína, mas mesmo sem ter esse número, presumo que as vendas de fim de ano representem pelo menos 30% do total”, afirmou Kerber. 

Jogo de cintura na linha produtiva 

Diferentemente do comércio, que contrata funcionários temporários para dar conta do movimento no fim de ano, nos frigoríficos de aves e suínos — locais que exigem cuidados redobrados e movimentos precisos — a adoção desse expediente é financeiramente inviável. E de logística complicada, já que há necessidade de uma capacitação prolongada e falta mão de obra qualificada no ramo. Contudo, os 570 mil trabalhadores nas fábricas brasileiras do setor (220 mil nas de carne suína e 350 mil nas avícolas) não são sobrecarregados. 

De acordo com o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber, o que ocorre é que as empresas fazem uma readequação. “É um trabalho muito técnico, que exige um treinamento de, no mínimo, 90 dias para poder executá-lo”, explicou. “Então, o que as indústrias em geral fazem é priorizar a produção de linhas especiais, em detrimento de outros que são do dia a dia”, completou. Entre os produtos priorizados nos frigoríficos de suínos nesta época do ano estão pernil, Tender, pernil temperado e sobrepaleta temperada. 

O mesmo acontece nas linhas de produção da avicultura, alvo constante de fiscalizações do Ministério Público do Trabalho no Estado, que verificam o cumprimento de instruções normativas em vigor no país e visam garantir as condições de trabalho e saúde dos empregados. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, muitos empresários têm de fazer “ginástica” para dar conta do movimento excedente nesta época, mas sempre respeitando a carga horária e o ritmo legal, frisa. “Os frigoríficos gostariam de contratar, mas não é possível. Então, o que fazem é programar a produção para atender essa demanda específica.” 

No caso do frigorífico Agrosul Alimentos, de São Sebastião do Caí, a preparação para o atendimento da demanda de fim de ano começa com 120 dias de antecedência. De acordo com o diretor-presidente Nestor Freiberger, sem planejamento estratégico é impossível, para a indústria de carnes, fazer frente a este acentuado aumento de demanda. “Em setembro, quando os criadores recém estão iniciando o ciclo das aves especiais de Natal, começamos a incrementar os estoques de frangos comuns para dar prioridade total, a partir de novembro, a produção de perus e demais variedades de aves especiais consumidas no Natal”, relatou.

 

Por: Arthur Machado

Fonte: Correio do Povo

 

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