Ao contrário do que aconteceu em outros períodos de alta nos preços dos alimentos, como na década de 70 e em 1995-96, o atual momento de elevados preços desses produtos pode durar mais que dois, três anos, segundo o Bird.
Para a instituição, a diferença agora é que o aumento nos preços dos alimentos está ligado diretamente aos custos de energia. Se os preços de energia continuarem altos, o Banco Mundial diz ser improvável uma queda significativa nos custos dos alimentos. "No longo prazo, os estoques de alimentos devem subir, e os preços, cair, mas os aumentos nos preços devem continuar por muitos anos. Desta maneira, a maioria dos países não poderá proteger seus consumidores [dessas altas]", diz o documento do organismo.
A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) tem feito alertas sobre o uso de produtos agrícolas na fabricação de biocombustíveis. Para o diretor-geral da entidade da ONU, Jacques Diouf, a alta nos preços dos alimentos pode trazer "tensão social" para os países em desenvolvimento.
Com os altos preços do petróleo, que chegou a estar cotado a US$ 100 na semana passada, muitos países têm investido na produção de biocombustíveis, o que fez com que muitos agricultores adotassem outras culturas, como milho e cana-de-açúcar, usadas na fabricação de álcool, por exemplo. Vários países vêm adotando medidas para tentar restringir o impacto dos preços dos alimentos em suas economias.
A China, por exemplo, cuja inflação atingiu o seu mais alto nível em 11 anos (6,9% em novembro passado), anunciou em dezembro o fim dos incentivos fiscais para exportações de 84 produtos agrícolas.
Os preços dos alimentos, que representam aproximadamente um terço do índice de inflação chinês, aumentaram 18,2% no penúltimo mês de 2007.
