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Café à moda do Norte Pioneiro

Café passado na hora traz a sensação de aconchego, o aroma se espalha pelo ambiente, atiça os sentidos e a boca se enche de saliva. No entanto, até chegar à xícara o café passa por muitos processos e depende de “várias mãos”. A produção de um grão de qualidade está diretamente relacionada aos detalhes ligados ao plantio, maturação do grão, colheita, secagem, torra, moagem e a forma de transformar o pó em bebida. Em busca do melhor café, produtores do Norte Pioneiro do Paraná se uniram para adequar os processos. Os resultados do esforço são visíveis e o benefício não se limita aos pequenos e grandes cafeicultores envolvidos, quem ganha com esta iniciativa também é o consumidor que tem ao alcance um produto de excelente qualidade.

O Norte Pioneiro tem tradição de mais de cem anos na produção de café. A terra roxa e muito fértil foi responsável por destacar o Estado na cultura alguns anos atrás. A temperatura média da região, que varia entre 19ºC e 22ºC, é considerada ideal para que o grão desenvolva os melhores atributos. No entanto, a regularidade das chuvas e especialmente a presença delas na época da colheita não permitia que a bebida produzida tivesse uma boa qualidade. Especialistas afirmam que com a chuva os grãos fermentam e o café perde as propriedades de aroma e sabor que adquiriu na maturação. O fruto que não é produzido em condições ótimas resulta em uma bebida amarga. Apesar da característica climática os produtores perceberam que quando a colheita e a secagem do grão culminavam com a época de seca, era possível produzir uma bebida de ótima qualidade. Em busca de organizar os produtores e melhorar o processo de produção para alcançar sempre uma bebida especial os cafeicultores montaram a Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e procuraram ajuda do Sebrae.

O objetivo do grupo, segundo o diretor da Acenpp, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, era de incentivar a cultura e utilizar o clima da região em favor da produção. “A variação de chuvas permite que o café vegete e se desenvolva por mais tempo. Isso significa um ciclo maior entre a florada e a maturação dos grãos, que resulta no melhor desenvolvimento dos açúcares da fruta que está relacionado ao sabor e aroma final”, afirma. Com base nos benefícios climáticos da região, os produtores tornaram o Norte Pioneiro do Paraná a única procedência reconhecida no mundo a produzir café arábica especial em clima subtropical. Rodrigues afirma que o mundo entende a produção de cafés especiais como uma arte, ou algo que acontece por acaso. “Nós colocamos a ciência e a tecnologia para trabalhar junto com a arte. Desta forma é possível fazer sempre um bom café e padronizar a produção”, explica.

SELOS CERTIFICADORES

Para produzir um café especial, o primeiro passo foi buscar a certificação de origem. O selo é baseado em uma documentação que garante que o território tem as características necessárias para a produção daquele café e comprova que ele vem realmente do Norte Pioneiro do Paraná. Atualmente 45 municípios integram a certificação de origem do Norte Pioneiro do Paraná, mas para ter direito de usar o selo o produtor precisa seguir uma série de requisitos que abrangem questões social, ambiental e de qualidade do grão.

O segundo passo dos produtores foi buscar a qualidade e, para garantir sempre o padrão especial dos cafés, um novo selo foi criado. Dessa vez para certificar a qualidade do café. Para receber essa certificação, o lote precisa atender a uma série de requisitos. “A qualidade do café é feita com amostras dos lotes, que são retiradas e testadas por provadores q-graders, profissionais treinados e que usam uma metodologia internacional para avaliar a amostra”, explica Odemir Capello, gerente do Sebrae. Se o lote não estiver dentro dos padrões internacionais exigidos ele é recusado e não recebe o selo da associação.

Alcançar a qualidade, no entanto, exige mecanização da cultura e para isso a organização dos pequenos produtores em cooperativas foi fundamental (veja mais nesta página). O processo de secagem, por exemplo, pode ser comprometido se houver umidade em excesso e está na mecanização da cultura o segredo para minimizar o impacto do clima na produção. “Em vez de secar no terreiro, há possibilidade de optar pelo secador por exemplo. Aos poucos os núcleos de produtores estão introduzindo esse tipo de tecnologia nas lavouras para melhorar a qualidade”, salienta Capello.

Conforme Rodrigues, historicamente o Brasil exporta os bons cafés e deixa para o consumo interno a bebida de qualidade inferior. “O consumidor que procura saber a origem, o processo e a qualidade do café encontra os cafés especiais. Queremos mostrar ao consumidor brasileiro o conceito de café gourmet”, aponta.

 

Por: Michelle Aligleri

Fonte: Folha Web

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